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Vendas diretas sustentam recorde de vendas de carros em agosto

Mateus Bruxel/Folhapress
Imagem: Mateus Bruxel/Folhapress

Colunista do UOL

03/09/2022 01h11

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Todo o mês publicamos os dados preliminares do Renavam logo no primeiro dia. O resultado de agosto, ainda extraoficial, obtido pela equipe de AutoData junto aos operadores do mercado de veículos no Brasil, teve 208.635 automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus licenciados. Foi o melhor desempenho mensal desde dezembro de 2020. O volume é 20% superior ao registrado em agosto do ano passado e 14,6% maior do que os licenciamentos de julho.

Trata-se de uma mudança da tendência registrada até aqui, já que foi a primeira vez que as vendas alcançaram patamar superior a 200 mil unidades desde dezembro de 2020. É, naturalmente, o melhor resultado do ano. A média diária cresceu a 9 mil unidades, também a melhor para o ano, acima das 8,7 mil/dia registradas em julho.

No entanto, outro movimento silencioso aconteceu em agosto para explicar o ótimo resultado de vendas de carros zero quilômetro: as locadoras foram as maiores compradoras no mês porque precisam recompor com urgência seus estoques.

Muitas das vendas diretas são negócios realizados diretamente entre a fabricante com empresas - de locação ou de frotas corporativas - com preços diferenciados por causa do volume e sem a intermediação do concessionário. Outra parte, como as vendas para pessoas com deficiências, PcD, geralmente acontecem nas lojas.

De acordo com a Bright Consulting 53% dos licenciamentos foram na modalidade direta, superando o volume de julho, 51%. Além disso, a Bright estima que 34 a 35 ponto porcentuais desses negócios foram feitos com as locadoras e a tendência é que essa participação avance nos próximos meses.

Para o varejo automotivo essa não é uma boa notícia pois o avanço das vendas corporativas representa um recuo dos emplacamentos para o consumidor, sufocando aos poucos os resultados da rede de concessionários. Há também o problemão com a diminuição do poder de compra do cliente e as dificuldades para aprovação de crédito, fatores que limitam o desempenho das revendas.

Assim, as vendas diretas estão sustentando a recuperação do mercado de veículos novos, sinalizando que devagar a crise dos semicondutores vai ficando no passado. Para a Anfavea, que divulga os números oficiais no dia 9, o desempenho de agosto seria importante para projetar os números da indústria nos últimos meses do ano. Com o resultado positivo o alcance das suas projeções, de vender mais de 2 milhões de veículos e empatar com o volume de 2021, pode ter ficado mais próximo de ser efetivado.

Mas para isto ocorrer as vendas diárias precisam subir ainda mais e bater em 9,5 mil unidades licenciadas a partir de setembro. Em 2022, no acumulado dos primeiros oito meses as vendas somaram 1,3 milhão de unidades, em queda de 8% na comparação com o mesmo período de 2021.

* Colaborou André Barros