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Não são só elétricos: VW ainda aposta (e muito) na combustão mais eficiente

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Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

22/07/2022 04h00

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Mesmo reafirmando que persegue, firmemente, o objetivo para que até o fim desta década 70% de suas vendas sejam de veículos eletrificados a gigante Volkswagen surpreendeu, esta semana, apresentando um novo motor a combustão interna. O TSI 1.5 evo2 é, como o nome sugere, uma evolução do TSI produzido no Brasil e, segundo as entrelinhas do comunicado oficial da empresa, pode ser o ponto de partida para uma opção interessante aos elétricos puros.

Essa nova geração de motores foi desenhada para utilizar diversos "ingredientes manufaturados a partir de fontes renováveis de energia" e, também, terá muitas derivações para atender a todo o portfólio da VW no mundo.

Passou despercebido que essa informação tem implicação direta com o Brasil, pois a VW concentrou no País seus investimentos para o desenvolvimento de soluções com a utilização de biocombustíveis. Isso quer dizer que muito em breve o TSI evo2 pode vir a fazer parte do plano da VW para a região, até porque ele também já está preparado para acoplar soluções de propulsão elétrica, como um sistema híbrido.

Por aqui a Volkswagen diz que pretende liderar globalmente as iniciativas com os biocombustíveis a partir do seu centro de Pesquisa e Desenvolvimento no Brasil e com parcerias com universidades e com os produtores de etanol.

O objetivo é oferecer soluções para um mercado relevantes como os de quase 4,5 milhões de veículos na América do Sul e Central, além de 4 milhões só na Índia, locais que obviamente estarão mais atrasados no processo de eletrificação. E o continente África ainda nem faz parte dessa matemática com enorme potencial para os negócios.

Os argumentos da engenharia também são muito bons: a estimativa é que um veículo rodando somente com etanol durante seu ciclo de vida de 200 mil quilômetros emitirá 93 gCO2e/km. O cálculo para a emissão do ciclo de vida de um veículo híbrido flex ainda é mais favorável: 86 gCo2e/km.

É aí que o motor TSI atualizado entra para melhorar ainda mais essa complexa equação: ele utiliza um módulo eletrônico para controlar e reduzir bastante as emissões, que está colocado próximo ao motor e substitui o catalisador e o filtro de partículas, tradicionais itens do sistema de pós-tratamento dos gases de quase todos os motores a combustão interna. Segundo a VW esta novidade será a base para futuras evoluções capazes de atender às exigentes normas de emissões não apenas no continente europeu.

Mas não é só isso: o TSI evo2 vem com um novo gerenciamento ativo, o ACTplus, que melhora a utilização dos quatro cilindros do motor, desativando dois deles em rotações baixas ou médias. Esse processo de ativação ou desativação dos cilindros é quase imperceptível e melhora sensivelmente o consumo de combustível - o que também contribui para diminuir as emissões, informa a empresa.

Na prática os primeiros veículos a utilizarem o novo propulsor da família EA211 serão o T-Roc e T-Roc Cabriolet europeus. Com o 1.5 TSI evo2 de 150 cv de potência as emissões informadas são de 115 a 120 gCO2/km no T-Roc e de 122 a 127 gCO2/km na versão Cabriolet, considerando um percurso misto, urbano e estrada.

A legislação europeia [Regulation (EU) 2019/631] estipula que de 2020 a 2024 a emissão para automóveis é de 95 gCO2/km. Essa conta é feita considerando a frota total de automóveis de cada marca vendida anualmente no mercado europeu. Ou seja: a soma das emissões de todos os carros vendidos pela VW não pode ultrapassar 95 gCO2/km. Por isso é importante aumentar o volume de veículos elétricos ou de baixíssima emissão, como os híbridos plug-in entregues aos clientes da VW na Europa.

Os cálculos apresentados pela VW no Brasil demonstram que um motor a combustão pode ter emissões menores do que a exigida hoje pela legislação europeia. É mais ou menos o que os SUVs como o T-Cross e Taos, os hatches e sedãs Polo e o Nivus podem fazer hoje, usando só etanol. Agora é esperar que a atualização do TSI venha logo para o Brasil e possa melhorar ainda mais seu desempenho, o consumo e, claro, as emissões.

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