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Senso de urgência para o setor automotivo no Brasil

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Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

13/05/2022 08h23

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O mercado de carros novos, no Brasil, discretamente comemorou os números preliminares da primeira semana de maio que apontaram média diária de 8,4 mil unidades negociadas. Trata-se de aumento em 10% ao ritmo de vendas em abril, e de 20% sobre março. Não é pouca coisa, mas continua difícil dizer se será suficiente para consolidar a tão aguardada recuperação das vendas.

Os licenciamentos nos últimos quatro meses amargaram queda de 21,4% na comparação com igual período do ano passado muito por causa da falta de insumos, a tal crise dos semicondutores, que tornou inviável a produção e a entrega de veículos novos aos clientes.

Há demanda não apenas para automóveis e veículos comerciais mas, igualmente, para computadores e até a introdução da tecnologia 5G nos grandes centros do País, que foi adiada em sessenta dias, dentre outros problemas, pela falta de equipamentos eletroeletrônicos também dependentes de uma infinidade de semicondutores para funcionarem.

Mas nada como um maio pós-carnaval fora de época para colocar o brasileiro na linha e as coisas, aos poucos, entrarem nos eixos. Os sinais positivos na ponta do mercado sugerem esse movimento. Porém é preciso lembrar dos fatores que ainda "afetam o setor automotivo, como a pandemia, [a crise dos] semicondutores e juros altos em torno de 30%, que têm afastado consumidores", conforme relatou Márcio de Lima Leite em sua primeira entrevista coletiva como presidente da Anfavea, a associação dos fabricantes.

A comemorar, além do gradual aumento do fluxo de veículos entregues à rede e, consequentemente, de vendas efetivadas diariamente, justamente o discurso otimista do novo presidente da Anfavea, que pretende trabalhar contra a desindustrialização atraindo investimentos em toda a cadeia. Como é tradição em nossos 30 anos a próxima edição da revista AutoData virá com a primeira entrevista exclusiva de Márcio de Lima Leite como presidente da Anfavea para o triênio 2022-2025.

Nessa conversa o executivo confirmou de que há movimentos positivos em toda a cadeia automotiva e, também, avanços no diálogo com o poder público para buscar soluções para os imensos desafios da mobilidade e da industrialização: "Temos que manter olhar atento para a indústria pois é ela que transforma o País, gera empregos e é capaz de fazer a mudança social".

Na teleconferência com os jornalistas pela manhã para apresentar pela primeira vez os resultados da indústria e, no mesmo dia, na entrevista presencial com os editores de AutoData, Leite comemorou a ofensiva global para acabar com a crise dos semicondutores. A intenção é construir em torno de trinta fábricas até o fim de 2023 com o objetivo de normalizar o fluxo de abastecimento da cadeia produtiva em todos os setores que utilizam algum tipo de semicondutor.

O Brasil também poderá fazer parte desse grupo caso um Plano Nacional de Semicondutores, discutido atualmente por ministérios federais e pelo setor produtivo, incluindo algumas entidades envolvidas com o tema, como a Anfavea, tenha sua gestação nos próximos noventa dias, conforme anunciado.

Lima acredita não haver oportunidades apenas nessa área. Indicou que o Brasil pode ir além, concorrer com outros países e atrair produção de mais componentes importantes para a cadeia automotiva. Para isso o presidente repete seus antecessores: é preciso atacar o custo Brasil, outro vilão, este bem conhecido da indústria.

E não é que para coroar este promissor início de maio chegou a AutoData outra ótima notícia: a BorgWarner anunciou que construirá fábrica de baterias para veículos elétricos em Piracicaba, SP, dentro de sua unidade que produz componentes para reposição e sistemas de injeção. Ainda sem os pormenores da operação fabril o objetivo é atender à demanda da indústria nacional e, também, importar baterias nacionais para veículos elétricos feitos em outros lugares.

* Colaboraram André Barros, Caio Bednarski, Soraia Abreu Pedrozo e Vicente Alessi, filho