Topo

Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Por preconceito, ele não foi ao médico e ficou quase 10 anos com hemorroida

Artur Oliveira, 41, teve primeiros sintomas aos 19 anos Imagem: Arquivo pessoal

De VivaBem, em São Paulo

03/05/2024 04h00

A hemorroida é um problema relativamente comum, embora ainda seja alvo de tabu. Dados mostram que 70% das pessoas terão a doença em algum momento da vida. O problema é que muitos pacientes têm vergonha de procurar ajuda.

Artur Oliveira, 41, passou quase dez anos com a doença hemorroidária sem passar por uma consulta médica. Ele só decidiu buscar ajuda quando a situação piorou de vez.

Havia um certo preconceito da minha parte. Só fui procurar o médico quando a coisa ficou crítica: sentia uma dor terrível e tinha muito inchaço. Foi quando minha mãe marcou proctologista, a mesma que atendia toda a família. Artur Oliveira

Os sintomas de Artur começaram a aparecer quando ele tinha 19 anos. "Sensação de ardência e coceira. Depois, apareceu um forte sangramento. Comecei a pirar sem saber o que poderia estar acontecendo", conta.

Pais de Artur tiveram hemorroida também Imagem: Arquivo pessoal

Clique para acessar conteúdo externo

Pais de Artur tiveram hemorroida também - Arquivo pessoal ()

Artur, que hoje é diretor executivo em uma empresa em Belém (PA), lembra que sempre teve o hábito de passar muito tempo sentado, além de consumir bastante bebida alcoólica —hábitos que podem aumentar risco da doença.

Com a piora dos sintomas, ele fez diversos exames, para descartar outras doenças, como o câncer. Depois, começou a usar pomadas, medicamentos para dor, além do banho de assento, mas nada resolveu.

Tenho casos na família, meu pai e minha mãe tiveram hemorroida. Todos passaram pelo processo cirúrgico. E ainda sim, eu deixei de procurar um médico por tanto tempo para saber o que era. Artur Oliveira

Somente aos 27 anos, ele passou por um procedimento menos invasivo, feito no consultório médico.

Já estava quase virando uma fístula [como se fosse um canal que se forma na região], justamente pela demora em procurar um tratamento. Artur Oliveira

Depois, fez a cirurgia duas vezes, pois tinha hemorroida em duas regiões do ânus. Após cerca de 40 dias, estava totalmente recuperado. "Evitei pegar peso, algumas posições para sentar, e a alimentação ficou mais regrada. Valeu a pena!", conta.

Ele segue todas orientações médicas para evitar o problema novamente Imagem: Arquivo pessoal

Clique para acessar conteúdo externo

Ele segue todas orientações médicas para evitar o problema novamente - Arquivo pessoal ()

'Hemorroida pode acontecer com qualquer um'

No começo, eu tinha muito preconceito porque não sabia do que se tratava, principalmente por ter essa relação sexualizada da região. Acabei atrasando o tratamento por isso. Artur Oliveira

Artur diz que quando o pai descobriu que tinha a doença hemorroidária, não contou para ninguém. A família só ficou sabendo quando ele já estava com uma outra doença avançada e tiveram de dar banho nele. "Poderíamos ter evitado isso", diz.

Hoje, Artur sabe a importância de um estilo de vida saudável: dieta equilibrada (evitando condimentos), bastante água e, claro, atividade física.

Hoje em dia, falo tranquilamente sobre isso. Temos de mostrar a cara para que as pessoas se conscientizem. É sobre bem-estar e qualidade de vida. Pode acontecer com qualquer um, mas, principalmente nós, homens, devemos procurar o tratamento o quanto antes. Artur Oliveira

Tabu só piora acesso ao tratamento

A doença hemorroidária pode progredir se o tratamento não for feito o quanto antes, explica Larissa Berbert, coloproctologista da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

"Às vezes, conseguimos melhorar o hábito intestinal e indicar outras mudanças para evitar que a hemorroida piore, evitando assim uma cirurgia no futuro", diz a médica.

Já tive paciente jovem que foi sangrando tanto a ponto de ficar anêmico e de precisar até de internação e UTI para investigar outras causas. E era 'só' uma doença hemorroidária. Esse caso poderia ter um desfecho melhor se fosse tratado de forma mais precoce. Larissa Berbert, coloproctologista

A vergonha em buscar ajuda médica pode esconder doenças mais graves, como um câncer. "São vários pacientes que acabam descobrindo câncer no canal anal, achando que era 'só' hemorróida. E aí já chegam numa situação bem pior", diz a médica.

Imagem: iStock

Clique para acessar conteúdo externo

iStock ()

Dicas para evitar hemorroida

Genética não dá para mudar, mas fatores de risco, sim. O primeiro passo é cuidar da dieta e ingestão de água para evitar problemas na hora de fazer coco.

Uma outra questão é a posição da evacuação. O ideal é usar um banquinho nos pés para criar o ângulo de 90 graus.

Quando a gente se posiciona apoiando o pé num banquinho e fazendo uma posição que se parece com cócoras, a musculatura se alinha, então a gente tem menos esforço evacuatório e tende a aumentar menos a pressão nos vasos hemorroidários. Larissa Berbert, coloproctologista

Outro hábito que faz mal: ficar mexendo no celular enquanto evacua e, consequentemente, permanecer mais tempo na posição.

A posição anatômica aumenta a pressão dos vasos hemorroidários, fazendo com que, devagar, aumentem de volume. Quanto mais volume nessas hemorróidas, mais risco de ter problema com os vasos sanguíneos. Larissa Berbert, coloproctologista

O que pode piorar os sintomas em quem já tem problemas é a higiene do ânus. Evite o papel higiênico e use as duchas na região externa.

Quando já existe um vaso hemorroidário um pouco mais volumoso, ele fica mais sujeito a se machucar com o papel higiênico. Sempre orientamos o paciente a usar, de preferência, a duchinha, lavar com sabonete e deixar bem sequinho com uma toalha macia. Larissa Berbert, coloproctologista

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Por preconceito, ele não foi ao médico e ficou quase 10 anos com hemorroida - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade


Saúde