Internações por incontinência urinária no SUS diminuíram 61% na pandemia
Do VivaBem, em São Paulo
07/03/2022 17h30
A pandemia prejudicou o diagnóstico e tratamento de incontinência urinária, segundo levantamento da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia). Segundo dados preliminares do Ministério da Saúde obtidos pela associação, houve redução média de 61% no número de internações para cirurgias pela condição em 2021.
No ano passado, foram 2.631 internações, ante 6.735 em 2019, ano anterior à pandemia —os dados ainda estão sujeitos à alteração dos hospitais por 6 meses.
O levantamento apontou que a região Norte foi a mais afetada, com redução de 72% nas internações. Na sequência, vieram: Sul (-69%), Centro-Oeste (-61%), Sudeste (-59%) e Nordeste (-51%).
"Observamos que os estados com menor IDH [Índice de Desenvolvimento Humano] são os que apresentam menor número de cirurgias por milhão de habitantes. Mesmo nos estados com maior IDH, o número de cirurgias corrigido pelo tamanho da população é bem inferior ao de países com bom desenvolvimento econômico", explicou em nota o urologista Cristiano Gomes. "Isso demonstra que a nossa população atendida pelo SUS tem pouco acesso a tratamentos importantes como o da incontinência urinária por esforço [o tipo mais comum]."
O que é a incontinência urinária?
Há diferentes causas e tipos de incontinência urinária. A com maior incidência é a por esforço, quando ocorre perda urinária ao tossir, espirrar ou carregar peso, por exemplo. Ela corresponde entre 40 e 70% dos casos em mulheres e é causada porque o esfíncter não consegue manter a uretra fechada com o aumento da pressão abdominal.
Já a incontinência urinária de urgência ou bexiga hiperativa é caracterizada por vontade repentina e incontrolável de urinar, inclusive comprometendo a qualidade do sono por precisar acordar para ir ao banheiro mesmo no período de descanso.
"A incontinência urinária é uma das situações que mais comprometem a qualidade de vida. Existem várias causas e várias maneiras de tratar esse problema. Para tratar adequadamente o paciente, é preciso fazer o diagnóstico do motivo que está causando essa perda", afirmou em nota Alfredo Canalini, presidente da SBU.
Alguns fatores de risco da incontinência urinária são:
- Idade;
- Ter tido partos difíceis;
- Diabetes;
- Obesidade;
- Presença de doenças neurológicas;
- Cirurgias na próstata (especialmente para tratamento do câncer).
A SBU alertou que muitas pessoas podem conviver com o problema e não procurar ajuda por receio de relatar a condição, inclusive para pessoas do convívio. Os impactos, e sobretudo a ausência de tratamento, podem causar danos social, psicológico, físico, ocupacional e sexual.
Em geral, as abordagens contra a incontinência urinária são multidisciplinares, incluindo mudanças nos hábitos de vida para urinar periodicamente e tratar constipações. Envolvem ainda fisioterapia, medicação até às intervenções cirúrgicas.