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Composto psicoativo da maconha prejudica fertilidade feminina, diz estudo

Imagem: AFP

Fábio de Oliveira

da Agência Einstein

13/05/2020 12h53

Óvulos expostos ao THC, o composto psicoativo da maconha, tiveram suas estruturas prejudicadas, o que reduz a chance de serem viáveis para a fecundação. É o que revela uma pesquisa conduzida na Universidade de Guelph, no Canadá. De acordo com o trabalho, a maconha é a droga recreativa mais utilizada por pessoas em idade reprodutiva - ela é liberada para esse fim no país da América do Norte. E o aumento do uso da cannabis se deu em paralelo ao das porcentagens de THC na droga.

No estudo, os pesquisadores trataram os oócitos de vaca (oócitos são células que dão origem aos óvulos) com concentrações equivalentes às doses terapêuticas e recreativas do THC. Os oócitos foram coletados e amadurecidos em cinco grupos: não tratados, controle, baixo THC, THC mediano e alto THC. As taxas de desenvolvimento e de expressão gênica dos óvulos também foram mensuradas.

Os cientistas avaliaram se as células seriam capazes de alcançar estágios críticos de desenvolvimento em momentos específicos. Com altas concentrações de THC, eles descobriram que houve uma diminuição significativa e um atraso na capacidade dos oócitos tratados chegarem a esses pontos de verificação. Isso é um indicador para determinar a qualidade e o potencial de desenvolvimento de um óvulo.

A exposição ao THC levou a um decréscimo notável na expressão de genes chamados de conexinas, que estão presentes em níveis elevados em oócitos de melhor qualidade. Já nos oócitos com características inversas a essas, o resultado foram embriões com menor possibilidade de passar da primeira semana de desenvolvimento. Dados preliminares também mostraram que o THC afetou a atividade de um total de 62 genes nos grupos de tratamento com o princípio ativo da maconha em comparação com os não tratados. "Isso implica menor qualidade e capacidade de fertilização, portanto menor fertilidade no final", disse Megan Misner, uma das pesquisadoras envolvidas no trabalho.

De acordo com o ginecologista Eduardo Zlotink, do Hospital Israelita Albert Einstein, é um estudo experimental. Segundo ele, já existem trabalhos apontando que o uso de maconha na gravidez tem consequências deletérias e interfere no crescimento do bebê. "Mas essa pesquisa mostra que pode ter um impacto genético também", acrescenta o especialista. Daí a recomendação de evitar a droga e afins na gestação.

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