Frutas pouco conhecidas têm efeitos positivos em doenças cardiovasculares
Do UOL VivaBem*, em São Paulo
17/10/2018 09h14
Você já ouviu falar no mirtilo rosa? De origem no Sudeste Asiático, a fruta, usada na medicina popular para tratar diarreia e estimular o sistema imunológico, vem chamando a atenção dos cientistas por suas propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias, antiproliferativas e antilipogênicas.
Esse tipo de mirtilo é uma das maiores fontes no reino vegetal de piceatannol --um composto fenólico mais ativo que o resveratrol, encontrado principalmente na casca da uva. “O piceatannol parece interferir com o acúmulo de lipídios no tecido adiposo”, diz Yvan Larondelle, professor da Faculdade de Bioengenharia da Universidade Católica de Louvain, na Bélgica.
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Os pesquisadores têm auxiliado os produtores da fruta, que tem sido utilizada no Vietnã na produção de sucos e bebidas alcoólicas, a corrigir falhas na produção e desenvolver processos para extrair piceatannol de forma mais eficiente. A meta é introduzir o composto bioativo em outros produtos mais elaborados.
O novo açaí
O mirtilo rosa faz parte do grupo de frutas estudadas por Larondelle nos últimos 25 anos. O pesquisador pretende descobrir e explorar o potencial de frutas e verduras pouco conhecidas que podem ser fontes negligenciadas de compostos bioativos --substâncias que ocorrem naturalmente em alimentos e que interferem positivamente no metabolismo, mas que não são nutricionalmente necessárias.
Tudo começou com o açaí. Larondelle foi um dos primeiros a estudar a fruta de origem amazônica e revelar que ela é extremamente rica em compostos fenólicos antioxidantes --substâncias como os polifenóis, presentes no vinho tinto, com efeitos positivos sobre doenças cardiovasculares.
“Um copo com 250 mililitros de extrato de açaí tem 1 grama de compostos fenólicos”, destacou ele em palestra na Fapesp Week Belgium, realizada nas cidades de Bruxelas, Liège e Leuven de 8 a 10 de outubro de 2018.
Agora, a estratégia é selecionar vegetais promissores, com base no consumo e na utilização deles em medicina tradicional. Se o alimento atender a esses requisitos, os próximos passos dos pesquisadores são fazer a caracterização química dos bioativos potenciais e avaliar a biotividade dos compostos in vitro e in vivo, a fim de identificar se apresentam propriedades antioxidante, anti-inflamatória, antiaterosclerótica, antiobesidade e anticancerígena, entre outras.
*Com informações da Agência FAPESP