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Presidente eleito no Chile visa "futuro feminista": o que diz às mulheres

Gabriel Boric, eleito presidente do Chile, em evento após a vitória em Santiago, capital do país Imagem: Anadolu Agency/Anadolu Agency via Getty Images

Nathália Geraldo

De Universa

20/12/2021 15h57

No primeiro discurso como presidente eleito do Chile, neste domingo (19), Gabriel Boric direcionou palavras às chilenas prometendo que elas serão "protagonistas" no governo que assumirá em março, construindo, com elas, um "futuro feminista".

Aos 35 anos, o presidente mais jovem da história do país acenou às mulheres destacando a luta que elas realizaram nas ruas para conquistarem direitos como cidadãs, do voto à valorização da decisão sobre o próprio corpo.

Na sua proposta de governo, Boric, de esquerda, aponta a vontade de "construir um futuro feminista" no Chile. Uma coalizão de grupo de feministas e dissidentes (que engloba, por exemplo, pessoas LGBTQIA+) apoiou a candidatura do político. O grupo usou como base a mensagem de assumir a "responsabilidade histórica" da importância que o feminismo tem atualmente nas decisões políticas e sociais da sociedade chilena.

Presidente eleito do Chile e o que diz às mulheres

"Pela primeira vez em décadas, uma coalizão com uma clara vocação para a transformação pode ser um governo, e as feministas assumem a responsabilidade histórica que temos pela frente". É com esse discurso que a coalizão Apruebo Dignidad se posicionou em apoio a Boric, no site oficial do então candidato.

Ao subir no palanque para falar à população chilena após a vitória sobre José Antonio Kast, de extrema-direita, Boric não se esqueceu daqueles que estiveram ao seu lado na corrida eleitoral.

Quero deixar um agradecimento especial às mulheres de nosso país, que se organizaram em todo o território para defender os direitos que tão dificilmente conseguiram realizar. Desde coisas tão básicas como o voto, que alguns ousaram questionar, até o direito de decidir sobre seu próprio corpo. Do direito a não-discriminação ao tipo de família que querem formar até o reconhecimento pelas tarefas de cuidado que realizam. Contem com a gente, vocês serão protagonistas do nosso governo. Gabriel Boric, presidente eleito do Chile

O direito ao próprio corpo é uma pauta comum às feministas que lutam pela descriminalização do aborto. Em território chileno, o procedimento, por enquanto, só é legal em casos de risco de vida para a mãe, estupro e inviabilidade fetal. E, apesar da mobilização feminina, em novembro, deputados arquivaram o projeto de lei que descriminalizaria o aborto até 14 semanas de gravidez.

Boric também disse que as violências contra mulheres, defensores da diversidade e associações feministas serão combatidas em seu governo. "A não discriminação e o combate à violência serão fundamentais."

Feminismo como proposta

Em cinco pontos da proposta para a Presidência, Boric destacou que incorporará uma "perspectiva transversal feminista" no governo, não isolando questões de gênero. Também prevê a criação de uma "Agenda Feminista Programática".

O presidente eleito e sua equipe apontam que defenderão as pautas dos movimentos feministas, como o aborto legal, libre e gratuito (não há especificações sobre as condições de descriminalização do procedimento), soluções habitacionais para vítimas de violência doméstica, além do esforço para estimular a participação feminina no mercado de trabalho.

Na campanha eleitoral, Boric se posicionou em defesa dos direitos humanos no país, destacando os direitos da população LGBTQIA+ e dos povos originários. Ele se mostrou favorável ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, que foi aprovado no início do mês pelo atual presidente Sebastián Piñera e passará a valer em março de 2022.

O presidente eleito terá como uma das primeiras responsabilidades um plebiscito pela aprovação ou rejeição de uma nova Constituição chilena, a primeira do mundo escrita igualmente por homens e mulheres.

Quem é Gabriel Boric

Aos 35 anos, Gabriel Boric é o presidente mais jovem eleito no Chile. Ex-líder estudantil, estreou como deputado em 2014 e, antes de se candidatar à Presidência, estava em seu segundo mandato como representante da região de Magalhães.

Ele derrotou o político de extrema-direita José Antonio Kast— com 83% dos votos apurados, tinha 55,5% dos votos, contra 44,4% de Kast.

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