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Mau hálito, ficha na polícia: elas contam quais foram seus piores dates

Marcelle Baptista: "A boca dele parecia uma tumba" Imagem: Arquivo pessoal

Priscila Carvalho

Colaboração para Universa

14/05/2021 04h00

Marcelle se viu obrigada a beijar um cara com mau hálito, Cristiane descobriu que o crush tinha ficha criminal. Como ninguém está livre de passar um encontro amoroso desagradável, cerca de 80 mil pessoas preferiram dividir essas experiências para rir e ser consoladas em um grupo no Facebook chamado "Date Ruim", no qual mulheres e homens contam suas experiências ao longo da vida amorosa.

A reportagem de Universa passou mais dias lendo as histórias de pessoas que postaram seus dates e convidou quatro mulheres para expor alguns deles aqui.

"Quem vê os olhos verdes, não vê bafo"

Marcelle Baptista: "A boca dele parecia uma tumba" Imagem: Arquivo pessoal

"O date aconteceu no auge do Tinder. Estava me descobrindo depois de namorar sete anos e comecei a conversar com uns sujeitos. Me deparei com a foto de um olho. Sou louca por olhos e mãos, então, nem preciso dizer que aqueles belos olhos verdes me chamaram atenção. Nem me importei com as outras fotos — aliás, não tinha. Era apenas a do olho mesmo. Demos match.

Ficamos conversando um pouco e marcamos de sair depois de algum tempo. Quando abri a porta do carro, a primeira surpresa: ele realmente tinha olhos bonitos. Mas só. Era um rapaz bem esquisito. Só que isso nem era o pior. Logo que entrei, senti um cheiro ruim no carro e até pensei que era meu. Mas as janelas estavam abertas. Ele fechou quando parou o veículo e o cheiro ficou ainda pior.

A conversa não era das melhores. Quando eu falava algo, ele dizia que não gostava e por aí vai. Estava quase dormindo (mesmo tentando buscar algo de bom naquela alma). Até que chegou na rua do prédio em que eu morava e fui me despedir. Ele se aproximou de mim e perguntou se eu não ia dar um beijo de obrigada. Foi nessa hora que passei mal.

A boca dele parecia uma tumba e axila era como as glândulas anais de um gambá. Não sei se era possível, mas achei que o IML do Rio tinha mudado de endereço e se situava entre aquela arcada dentária.

Me esquivei, disse que não tinha escovado meus dentes e que não seria um bom beijo. Só que olha pra quem eu fui dizer que não escovei os dentes. Ele tinha travado as portas e meu desespero bateu.

Depois de inúmeras tentativas, dei um beijo, consegui sair e fui para minha casa tomar banho de arruda e espada de São Jorge. Dei aquele block e me senti livre. De manhã, eu acordei com o bom dia dele e surtei. Era de outro número e ele agindo como se nada tivesse acontecido. Foram dois meses nisso, até eu ser assaltada e perder de vez o meu número e ele nunca mais me achar"

Marcelle Baptista, 29 anos, do Rio Grande do Sul

"Quem é Patrícia?"

Giselle Fraga: "Bloqueei e nunca mais quis saber dessa conversa" Imagem: Arquivo pessoal

"Estava na casa dos meus pais e recebi uma notificação do aplicativo. Eu não sou a que corre para ver mensagem na hora. Eu fui ver só à noite e a gente começou uma conversa agradável. Depois trocamos os números e a conversa fluiu para o WhatsApp. No dia seguinte, já tinha uma mensagem dele falando que estava meio para baixo e deu um bom dia. Até aí achei ok, as pessoas ficam meio tristes mesmo.

Começamos a falar de música e ele falou que gostava de punk rock e eu falei que preferia outros estilos musicais. Do nada, ele começou a falar de uma Patrícia, dizendo como se eu a conhecesse e a sensação que eu tinha é que ele estava bem doido.

Ele começou a contar a história por cima e perguntei o que tinha acontecido e, do nada, ele pediu uma foto minha. Eu falei não. A conversa estava muito desconexa e eu pensei que ele tinha usado até alguma substância.

Não parava de falar da Patrícia e quando perguntei 'vocês estão juntos?', ele soltou: 'Até hoje'. Depois, para consertar, disse 'até o ano passado'. Eu bloqueei e nunca mais quis saber dessa conversa."

Gisele Fraga, 48 anos, Rio de Janeiro

"Era golpe e cilada (literalmente)"

Cristiane Gastão: "Ele foi condenado a 14 anos por um crime de sequestro" Imagem: Arquivo pessoal

"Eu conheci ele pelo aplicativo e a gente começou a conversar pelo WhatsApp. Tínhamos vários assuntos em comum. Era fim do ano e ele até me convidou para passar o ano novo com ele e, na época, recusei. Depois voltei atrás, falei que queria ir e ele me 'desconvidou'.

Quando ele voltou, a gente marcou um date e fui encontrá-lo. Ele era um cara bem bonito e apresentável. Começamos a nos relacionar e ele me disse que era advogado. O sexo era bom e o homem se mostrava bem atencioso e até levei ele para o meu apartamento.

No início, eu não nem reparei, mas ele vivia com o nariz entupido e mexendo sempre. E aí quando combinávamos de sair, ele sumia por uns dois ou três dias. Comecei a achar estranho isso. Como tinha o nome dele, eu fui procurar no site da OAB, ele não estava inscrito lá e vi que tinha vários processos no nome dele.

Pensei que poderia ser justamente porque ele era advogado, mas entrei no site do JUSBrasil e comecei a ler algumas coisas. Descobri que ele tinha sido preso na década de 90 e vi que ele era realmente advogado. Mas quando você recebe uma pena maior que quatro anos, você perde a carteira da ordem.

Foi aí que liguei as coisas. E o pior: ele foi condenado a 14 anos por um crime de sequestro. Depois, eu e minha amiga fomos achando mais coisas e tinha crimes por tráfico e criação de centrais telefônicas. Depois disso, nunca mais o vi e me afastei. No mesmo ano, um mês depois, ele foi preso e está na cadeia até hoje.

Eu aprendi e vi que não sabemos quem é a pessoa de verdade. Hoje, sempre peço rede social, pego nome completo e pesquiso tudo." Cristiane Gastão, 44 anos, São Paulo

"Comida para família inteira"

"Eu comecei a sair com um homem que não era muito bonito, mas que era bem atencioso comigo. Acho que minha família me achava velha e quis me empurrar para cima dele.

Ele começou a ir sempre lá em casa e comer diariamente. Era todas as refeições: café da manhã, almoço e jantar. Uma compra que durava um mês passou a durar 15 dias. Ele ainda trazia a família inteira para comer também. E eu não estava acostumada com isso.

Eu sou fumante e comecei a esconder as caixas de cigarros. E quando ia procurar não achava e tinha sumido. As coisas da minha filha, comecei a esconder também, porque acaba tudo muito rápido.

Eu sentei com ele, conversei e pedi para ele conversar com a família dele. E quando decidi dar um fim nisso tudo, invadiram minha casa e roubaram um botijão de gás e um esmalte. Tinham tudo para roubar e levaram só isso.

Por mais que não tenho provas que tenha sido ele, só ele e a família sabiam como abrir o portão e como entrar em casa. Hoje, eu brinco, mas na hora eu fiquei bem brava." Adriana*, Rio de Janeiro

*Nome trocado a pedido da fonte

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