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Bruna Pazinato não omitiu sexualidade da Record: "Nunca estive no armário"

A atriz Bruna Pazinato, de 29 anos Imagem: Reprodução/Instagram

Mariana Gonzalez

De Universa, em São Paulo

05/10/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Atriz atuou em novelas bíblicas da emissora sabidamente cristã, mas conta que nunca deixou de mencionar a namorada nos bastidores
  • Aos 29 e já sem contrato com a Record, ela decidiu tornar público o relacionamento com a também atriz Bel Lima
  • Apesar de ser "muito livre no cotidiano", a artista tinha medo de ter a sexualidade exposta antes de decidir fazer isso por conta própria

Na última semana, a atriz e cantora Bruna Pazinato perdeu cerca de 2.000 seguidores e recebeu uma chuva de comentários negativos pelas redes sociais. O motivo? Tornou público seu relacionamento com a também atriz Bel Lima, com quem namora há quase um ano.

Em entrevista a Universa, ela conta que se reconhece como lésbica desde os 16 anos e que nunca escondeu a sexualidade nos bastidores da Record — mencionava a namorada na maquiagem, no camarim, por onde vez ou outra passavam bispos da direção da emissora, sabidamente cristã. "Eu sei que sou lésbica há 13 anos, meus pais sabem desde então. Eu não saí do armário porque nunca estive lá, para a família, os amigos, o trabalho."

"Eu sempre tive muito medo de falar [para o público]. Há uma lenda em torno de como a Record reagiria, e eu tinha muito receio de ficar taxada. Então, há três anos eu trabalho na emissora e há três anos eu venho pensando se eu falo ou não, sempre tomando muito cuidado com o que eu posto", lembra. "Mas agora fiquei em quarentena imersa em mim mesma, imersa nas minhas questões, senti no coração que tava na hora de abrir sobre isso, que era a única coisa que me prendia."

Ela continua: "Eles [a diretoria da Record] sabiam e para eles era muito valioso o fato de não expor minha sexualidade, mas nunca houve uma conversa do tipo 'Você não pode ser assim assado por conta da sua sexualidade'. Eu fui protagonista e nunca me falaram nada. Por outro lado, deixei de ser mais firme nos meus posicionamentos, barrava a maioria das coisas que tivessem ligação com o meu pessoal, com quem eu era com a minha namorada, com meus amigos mais íntimos. Sempre prezei em nunca mentir sobre a minha sexualidade. Eu nunca falei sobre ela, mas não queria carregar uma mentira."

Imagem: Luís França/Reprodução/Instagram
Imagem: Luís França/Reprodução/Instagram

Apesar de ser "muito livre no cotidiano", como ela mesma diz, a artista tinha medo de ter seu relacionamento e sua sexualidade expostos antes de decidir fazer isso por conta própria.

"Eu tinha muito medo que a notícia saísse de alguma maneira agressiva, negativa nas mídias. Eu conversei muito com a Bel, minha namorada, que me apoiou. A Bel foi um encontro na minha vida, eu não estava mais conseguindo esconder essa parte tão importante de mim, que é o meu amor."

Mensagens agressivas

Desde que publicou o vídeo batizado de "Com amor, Bruna", em que se refere a si mesma pela primeira vez publicamente como lésbica, Bruna conta não ter tido nenhum retorno da Record, com quem não mantém contrato há alguns meses.

A maior parte dos 60 mil seguidores que tinha até semana passada — ela perdeu uma parcela após a publicação — foram conquistados durante sua atuação nas novelas bíblicas "Os Dez Mandamentos" e "O Rico e o Lázaro" — por isso, Bruna acredita que a reação negativa veio com mais força.

"Não tive retorno nenhum deles, da Record, mas tive retorno do público. Recebi algumas mensagens agressivas, dizendo que eu vou ter o julgamento de Deus mais pra frente, aquelas coisas que eu já sabia que ouviria e geralmente vem da velha guarda. Perdi uns 2.000 seguidores, mas foram pessoas que saíram mudas, completamente no direito delas. Tive também muitos comentários positivos, dizendo que não compactuavam com cristãos mais conservadores."

Bruna acredita, no entanto, que a partir de agora terá mais portas abertas do que fechadas: "Eu ficaria surpresa se fosse convidada pra fazer outras novelas na Record, não sei como eles se posicionam [em relação a artistas abertamente homossexuais], mas quero continuar abrindo portas. Acho que a gente tem poucas histórias lésbicas sendo contadas".

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