Dançarina é condenada à prisão por incitar condutas 'devassas' no Egito
De Universa, em São Paulo*
29/06/2020 09h40Atualizada em 29/06/2020 10h11
A dançarina do ventre Sama el-Masry, 42, foi condenada a três anos de prisão no Egito por incitar comportamento "devasso e imoral" nas suas publicações em redes sociais. A dançarina também foi multada em 300 mil libras egípcias (cerca de R$ 102 mil).
El-Masry foi presa em abril após uma investigação sobre os vídeos e fotos publicados nas redes sociais, incluindo o aplicativo TikTok, famoso por seus vídeos. Para o Ministério Público do Egito, o comportamento da dançarina foi descrito como sexualmente sugestivo.
A dançarina disse que os conteúdos publicados nas redes sociais foram roubados de seu celular e compartilhado nas mídias sem sua autorização e negou as acusações.
No último sábado (27), o Tribunal Econômico de delitos do Cairo, capital do Egito, decidiu que El-Masry violou os princípios e valores do país, além de usar e gerenciar sites e contas nas redes sociais com o objetivo de cometer atos "imorais". Por isso, ela foi condenada a três anos de prisão e pagamento de multa. A dançarina disse que irá recorrer da decisão.
"Há uma enorme diferença entre liberdade e devassidão", disse à Reuters John Talaat, membro do parlamento local que pediu ações contra mulheres que participam do TikTok. Para Talaat, essas mulheres estão destruindo valores e tradições familiares.
Emitida em 2008, a lei de crimes cibernéticos no Egito prevê que qualquer pessoa que criar e gerenciar uma conta na internet com o objetivo de violar a lei pode ser presa e receber multa de até 300 mil libras egípcias.
Entessar el-Saeed, advogada dos direitos das mulheres, ponderou que as autoridades do país miram somente mulheres na aplicação desta lei.
"Nossa sociedade conservadora está lutando com mudanças tecnológicas, que criaram um ambiente e mentalidades completamente diferentes", comentou à Reuters.
*Com informações da Reuters