No Reino Unido, gays são impedidos de fazer testes para combate à Covid
De Universa
03/05/2020 13h01
O NHS, que é o sistema público de saúde do Reino Unido, está em busca de doadores de plasma de pacientes recuperados da Covid-19 para ajudar na batalha contra a doença, para testes no Guy's Hospital e St. Thomas, ambos em Londres.
Mas, segundo reportagem do "MailOnline", gays e bissexuais não estão autorizados a participar da triagem. O texto informa que até a manhã deste domingo (3), foi relatado que 6,5 mil pessoas já registraram interesse em participar.
Pelas regras, os homens gays e bissexuais só poderiam participar caso a última relação sexual tenha acontecido há mais de três meses.
No Brasil, desde 2012, o Ministério da Saúde exige que homens que mantiveram relações com outros homens esperem por um ano após a relação para poderem doar.
Um gerente regional de cadeia de suprimentos na NHS, identificado como Andy Roberts, disse à "ITV News" que, apesar de ter se recuperado do coronavírus, foi recusado para os testes. Durante contato telefônico com a equipe que trabalha na triagem de doadores ele, que é casado há mais de 30 anos, foi questionado sobre sua sexualidade antes de ser informado de que não poderia participar, segundo o "MailOnline".
Keith Ward, seu parceiro, disse que Roberts foi barrado apenas por ser gay, o que o deixou "zangado".
"Estamos juntos em um relacionamento monogâmico há mais de 30 anos e eu não conhecia essa regra ultrajante de três meses", disse ele.
"Isso só mostra que, no Reino Unido, ser gay ainda é considerado uma forma de contaminação; portanto, se você é hétero e dorme com uma pessoa diferente todo fim de semana, é mais seguro de acordo com as regras", disse Keith.
"Regra é para proteger"
As diretrizes gerais de doação de sangue estipulam que homens gays e bissexuais não têm permissão para doar sangue, a menos que tenham se abstido de sexo oral ou anal com outro homem por três meses.
O prazo foi reduzido de 12 meses em 2017. Não há exceção para gays casados ou para relacionamentos monogâmicos.
O serviço de sangue e transplante do NHS disse ao "MailOnline" que a decisão de usar as diretrizes atuais de seleção de doadores é para "proteger doadores e receptores".
De acordo com a reportagem, o Comitê Consultivo para Segurança de Sangue, Tecidos e Órgãos faz recomendações ao Departamento de Saúde, que decide sobre as diretrizes que o NHSBT segue.
Um porta-voz do NHS Blood and Transplant disse: "Inicialmente, usaremos as diretrizes atuais de seleção de doadores, embora o mantenhamos sob revisão".