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O que esse peixe feioso e o ser humano têm em comum?

Seres humanos compartilham os mesmos genes para os dentes que os peixes baiacus, animais que cuja dentição é regenerada constante e infinitamente - Joel Sartore/National Geographic Creative
Seres humanos compartilham os mesmos genes para os dentes que os peixes baiacus, animais que cuja dentição é regenerada constante e infinitamente Imagem: Joel Sartore/National Geographic Creative

Do UOL, em São Paulo

25/05/2017 15h35

Perdeu um dente e ficou banguela? A solução definitiva para o seu problema, sem ter que fazer um implante, pode vir desse peixe feioso aqui de cima. 

Um estudo publicado recentemente no jornal PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences) mostra que os seres humanos compartilham os mesmos genes para os dentes que os peixes baiacus, animais que cuja dentição é regenerada constante e infinitamente.

A descoberta, para os autores do estudo, pesquisadores das Universidades de Sheffield (Inglaterra) e Tóquio (Japão) e do Museu de História Natural de Londres, pode indicar um caminho a ser usado na perda de dentes em humanos.

Os peixes baiacus, da família dos Tetraodontidae, como o nome sugere, possuem em sua boca quatro dentes que se regeneram constantemente e se mantêm com o mesmo tamanho com o desgaste deles realizado na alimentação do animal, feito com alimentos duros, como moluscos com conchas e ouriços.

Tal regeneração dentária, que ocorre de diferentes maneiras em animais vertebrados, ocorre a partir de células-tronco também pertencentes a humanos.

"Nosso estudo questionou como os baiacus desenvolvem os dentes e agora nós descobrimos quais são as células-tronco responsáveis e os genes que atuam nesse processo contínuo de regeneração. Estes também estão envolvidos no processo de regeneração dentária de todos os vertebrados, incluindo os humanos”, afirmou o zoólogo Gareth Fraser, da Universidade de Sheffield.

"O fato de que todos os vertebrados regeneram seus dentes da mesma maneira com um conjunto de células-tronco conservadas significa que podemos usar esses estudos em peixes para fornecer pistas sobre como podemos resolver questões de perda de dentes em seres humanos", completou.

Cabelo humano, penas de aves, escamas de répteis e pele de tubarão: origens comuns

Revestimento da pele do tubarão - Reprodução/oceano.mc/peterspowerproducts.com - Reprodução/oceano.mc/peterspowerproducts.com
Pele do tubarão, com pequenos dentículos, tem a mesma origem que o cabelo humano
Imagem: Reprodução/oceano.mc/peterspowerproducts.com
Um outro estudo conduzido por Gareth Fraser e sua equipe da Universidade de Sheffield mostrou outras conexões --origens comuns-- entre humanos, tubarões, répteis e pássaros.

De acordo com a pesquisa, publicada na revista EvoDevo, o cabelo humano tem a mesma origem de desenvolvimento que escamas de répteis, penas de pássaros e a pele de tubarão, formado por pequenos dentículos.

Para os pesquisadores, todos os vertebrados compartilham o mesmo programa de desenvolvimento para pele, dente e cabelo, que se manteve relativamente inalterado durante a evolução destes animais.

"Nosso estudo sugere que os mesmos genes são fundamentais no desenvolvimento precoce de todos os apêndices de pele --das penas e cabelos à pele de dentes de tubarão", diz Fraser.

"Mesmo que as estruturas finais sejam muito diferentes, este estudo revela que as origens de desenvolvimento de todas essas estruturas são semelhantes. A evolução usou, portanto, alicerces comuns como um base que pode ser modificada através do tempo para produzir a vasta diversidade de estruturas da pele vista em vertebrados".