Tratamento da gagueira inclui uso de novas tecnologias
“Quanto mais cedo, melhor”. Esse é o conselho de Claudio Zmarich, pesquisador do Istituto di Scienze e Tecnologia della Cognizione [Instituto de Ciências e Tecnologia da Cognição] da Universidade de Pádua (IT) para obter resultados benéficos nas várias linhas de tratamento existentes para a gagueira.
Segundo o especialista, com a passagem do tempo, maior é a modificação da plasticidade cerebral e, por isso, a pressa se justifica. “Por sorte, já é possível fazer diagnósticos diferenciais que permitem distinguir crianças gagas e não gagas, assim como individuar aquelas onde o distúrbio se tornará crônico ou haverá remissão espontânea”.
O especialista indicado para avaliar o problema é o fonoaudiólogo, mas seguindo uma tendência atual, a atuação de uma equipe multidisciplinar que compreende psicólogos e médicos garante resultados satisfatórios. No âmbito da fonoaudiologia, as abordagens visam ensinar ao paciente técnicas que auxiliam na fluência da fala.
A fonoaudióloga e especialista em neurologia Alice Estevo Dias, do Hospital Nove de Julho, explica que esse tipo de tratamento inclui o uso de novas tecnologias, e cita como exemplo o SpeechEasy, equipamento semelhante a um aparelho auditivo, capaz de simular o efeito do coro a partir do Retorno Auditivo Alterado (Altered Auditory Feedback – AAF).
As fonoaudiólogas Clara Rocha e Maria do Carmo Branco, do Grupo Microsom, explicam que esse equipamento permite que a voz do usuário alcance o cérebro com um ligeiro atraso, e também num tom diferente. “A sensação vivenciada é que estamos falando no mesmo tempo em que outra pessoa fala”, diz Rocha.
“Para entender melhor, essa tecnologia simula uma espécie de coro, que reduz a gagueira. O resultado é o favorecimento da fluência da fala em situações do cotidiano, o que promove bem estar e melhora da qualidade de vida dessas pessoas”, acrescenta Branco.
A fonoterapia utiliza também um programa computadorizado que permite ouvir a própria fala com um atraso de milésimos de segundo e modificação de frequência, utilizando as ferramentas Delayed Auditory Feedback (DAF) e Frequency Altered Feedback (FAF). “A melhora da fluência é possível porque o paciente é induzido a falar como se falasse com outras pessoas, num uníssono”, finaliza Dias.
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