Certas pessoas "funcionam melhor" à tarde ou à noite, diz especialista
Quem sofre para se adaptar às mudanças de horário, como ter de acordar mais cedo, pode ajudar seu relógio interno se ajustar |
ESPECIALISTAS ENSINAM COMO AJUSTAR O RELÓGIO BIOLÓGICO |
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ADOLESCENTES PRECISAM DORMIR MAIS, AFIRMA PESQUISA |
1/3 DOS ADULTOS RONCAM ALGUMAS NOITES POR SEMANA |
DORMIR POUCO E MAL É FATOR DE RISCO PARA OBESIDADE |
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Para pessoas vespertinas e matutinas, o ideal é tentar adequar a rotina ao seu ritmo biológico. "As pessoas matutinas devem aproveitar a manhã para realizarem trabalho, estudo e outras atividades. As pessoas vespertinas devem procurar realizar suas tarefas mais tarde", recomenda a bióloga Carolina Azevedo, professora do Departamento de Fisiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Como nem sempre é possível alterar os horários de trabalho e de estudo, é preciso ajustar o relógio biológico, acostumando o corpo a dormir e acordar nos horários necessários através de exercícios físicos, alimentação e exposição à luz, além de procurar orientação médica se necessário. "E é muito importante manter o ritmo, não ficar alternando os horários, especialmente o horário de dormir, para manter um equilíbrio e uma vida saudável", diz a bióloga.
Bebês, adolescentes e adultos
Além de mudar de uma pessoa para outra, o relógio biológico também muda ao longo da vida. Os bebês, embora já possuam um relógio biológico, ainda não são capazes de ajustá-los com o ciclo de luz e escuro e não fazem distinção entre o dia e a noite. Assim, não possuem um ciclo de 24 horas, mas dormem e acordam a cada quatro horas.
Esse ajuste deve ser aprendido e para isso é necessário que a criança seja exposta a luz durante o dia e fique em ambiente escuro à noite, além de ser muito importante estabelecer e manter horários, criando uma rotina que ajude nesse amadurecimento. Conforme vai crescendo, fica mais fácil fazer esse ajuste e a criança vai precisando de menos horas de sono.
Durante a adolescência, o relógio biológico sofre um "atraso" de cerca de duas horas e há um aumento na necessidade de sono. Por isso os adolescentes dormem e acordam mais tarde. Isso acontece devido às diversas mudanças que ocorrem no corpo durante essa fase da vida, especialmente devido aos hormônios, e ao gasto maior de energia que essas mudanças exigem.
"Geralmente os pais se queixam que os filhos adolescentes dormem muito, são preguiçosos, dormem a tarde inteira. Mas isto é porque eles vão dormir tarde (por causa do atraso no relógio biológico) e têm que acordar cedo por causa da escola, que normalmente é pela manhã", explica o médico John Araújo, professor do Departamento de Fisiologia e pesquisador do Laboratório de Cronobiologia UFRN.
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"Além disso, acordar em horário tão cedo acaba privando o sono dos adolescentes, que têm uma necessidade de sono praticamente igual à de uma criança de 10, 12 anos (cerca de 9 horas por dia)", ressalta a pesquisadora. A solução para isso é procurar colocar os adolescentes para estudar no período da tarde.
Na fase adulta, esse relógio volta a se ajustar, mas sofre outra mudança na velhice. Com o envelhecimento, o sistema circadiano fica com uma menor capacidade de ajustar o relógio biológico. Assim, o ritmo fica fragmentado. Por isso os idosos dormem várias vezes durante o dia e acabam dormindo pouco à noite. "Para melhorar o sono à noite, é recomendável que os idosos façam atividades físicas", diz Araújo.
"É importante esclarecer que as mudanças no relógio biológico ao longo da vida são um processo natural. Às vezes a pessoa experimenta uma mudança, passa a se sentir mais sonolenta durante o dia, ou perde o sono à noite, e acaba achando que está com um problema, quando isso é perfeitamente natural", diz Carolina Azevedo.
A pesquisadora ainda ressalta que os ajustes ao relógio podem ser feitos simplesmente com uma mudança de hábito, e as medicações devem ser colocadas como última opção, e sempre depois de receber orientação médica. "Na maioria das vezes, a medicação não é necessária", afirma.
É possível saber qual é o seu ritmo fazendo o teste do site www.crono.icb.usp.br/cronotipo.htm.