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Rover Perseverance encontra sedimentos de antigo lago em Marte; entenda a descoberta

Cratera Jezero em Marte pode ainda conter vestígios de vida Imagem: ESA/DLR/FU-Berlin

São Paulo

28/01/2024 12h57

A descoberta de sedimentos de um antigo lago na base da cratera Jezero pelo Rover Perseverance reforça a esperança de que vestígios de vida possam ser encontrados em amostras de solo e rochas coletadas em Marte. É o que mostra uma nova pesquisa publicada na sexta-feira, 26, na revista Science Advances, liderada por uma equipe da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) e da Universidade de Oslo na Noruega.

"Em algum ponto, a cratera se encheu de água, depositando camadas de sedimentos no fundo da cratera. O lago posteriormente encolheu e os sedimentos transportados pelo rio que o alimentava formaram um enorme delta. À medida que o lago se dissipou ao longo do tempo, os sedimentos na cratera foram erodidos, formando as características geológicas visíveis hoje na superfície", afirma a UCLA, por meio de comunicado.

O robô da Agência Aeroespacial dos Estados Unidos (Nasa), que chegou ao planeta vermelho em fevereiro 2021, coletou novos dados com o uso de um radar.

"O radar de penetração no solo a bordo do Rover Mars Perseverance da Nasa confirmou que a cratera Jezero, formada pelo impacto de um antigo meteoro logo ao norte do equador marciano, já abrigou um vasto lago e um delta de rio", segundo a UCLA.

O aparelho indica ainda que os períodos de deposição e erosão ocorreram ao longo de eras de mudanças ambientais, confirmando que as inferências sobre a história geológica da cratera Jezero baseadas em imagens de Marte obtidas do espaço são precisas.

"Em órbita podemos ver vários depósitos diferentes, mas não podemos dizer, com certeza, se o que estamos vendo é o seu estado original ou a conclusão de uma longa história geológica. Para saber como essas coisas se formaram, precisamos ver abaixo da superfície", disse David Paige, um dos autores do artigo e professor de ciências da Terra, planetárias e espaciais da UCLA.

O veículo da Nasa, que tem aproximadamente o tamanho de um carro e carrega sete instrumentos científicos, tem explorado a cratera de 30 milhas de largura, estudando sua geologia e atmosfera e coletando amostras no planeta vermelho há quase três anos. "As amostras de solo e rocha do Perseverance serão trazidas de volta à Terra por uma futura expedição e estudado em busca de evidências de vidas passadas", disse a universidade.

Entre maio e dezembro de 2022, o robô da Nasa se dirigiu do fundo da cratera para o delta, uma vasta extensão de sedimentos com três mil milhões de anos que, em órbita, se assemelha aos deltas dos rios da Terra.

"À medida que o rover se dirigia para o delta, o instrumento The Radar Imager for Mars' Subsurface Experiment, conhecido como RIMFAX disparou ondas de radar para baixo em intervalos de dez centímetros e mediu pulsos refletidos de profundidades de cerca de vinte metros abaixo da superfície. Com o radar, os cientistas podem ver até a base dos sedimentos para revelar a superfície superior do fundo da cratera enterrada", acrescenta a UCLA.

Conforme a publicação, a imagem subterrânea resultante mostra camadas rochosas que podem ser interpretadas como um corte de estrada. A representação do instrumento revelou, no entanto, dois períodos distintos de deposição de sedimentos imprensados entre dois períodos de erosão.

"A UCLA e a Universidade de Oslo relatam que o fundo da cratera abaixo do delta não é uniformemente plano, sugerindo que ocorreu um período de erosão antes da deposição de sedimentos do lago. As imagens de radar mostram que os sedimentos são regulares e horizontais - assim como os sedimentos depositados em lagos da Terra. A existência de sedimentos lacustres já havia sido suspeitada em estudos anteriores, mas foi confirmada por esta pesquisa", disse a UCLA.

Ainda de acordo com a instituição, um segundo período de deposição ocorreu quando as flutuações no nível do lago permitiram que o rio depositasse um amplo delta que antes se estendia até o lago, mas agora sofreu erosão perto da foz do rio.

"É fantástico podermos ver tantas evidências de mudanças numa área geográfica tão pequena, o que nos permite alargar as nossas descobertas à escala de toda a cratera", disse Paige.

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