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Bélgica sofre com a falta de chuva

28/07/2018 06h24

Lara Malvesí.

Bruxelas, 28 jul (EFE).- A Bélgica vive sua pior seca em dois séculos, fruto de um verão de altas temperaturas e da falta de chuvas, fatores que levaram à paralisação no fornecimento de água, a perigosos índices de concentração de partículas de ozônio e a um aumento nas vendas de aparelhos de ar condicionado, um elemento pouco habitual nas residências do país.

Dois centros de crise localizados nas regiões de Valônia e Flandres decretaram nível laranja após registrar temperaturas acima de 33 graus Celsius durante vários dias consecutivos, previram restrições de água e alertaram que algumas florestas estão "extremamente secas".

Áreas do país predominantemente rurais, como Ardenas, já são consideradas "altamente inflamáveis", disse à imprensa belga o capitão dos bombeiros da cidade de Liège, Olivier Giust.

O perigo de incêndios em campos e florestas preocupa especialmente os sindicatos, que denunciam falta de formação específica para uma intervenção pouco habitual em um país onde é necessário tomar um complemento de vitamina D pela falta de luz solar.

Em quase todo o país foram detectados níveis alarmantes de micropartículas de ozônio (mais de 180 microgramas por metros cúbicos) por causa do calor.

Os parques e jardins da capital europeia veem suas plantas e flores amarelarem. Apenas há duas semanas, os responsáveis realizaram trabalhos nos mesmos por ocasião da cúpula da Otan e da visita, entre outros líderes, do presidente dos EUA, Donald Trump.

A piscina do Bois dês Revês, a 40 quilômetros de Bruxelas, uma das poucas ao ar livre da região, trabalha com capacidade completa sempre que é aberta ao público, a partir das 10h. O que chama atenção é que as mil entradas colocadas à venda diariamente também são esgotadas todos os dias, e isso nunca tinha acontecido nos 30 anos de existência do parque recreativo.

A temperatura dentro das casas concorre com a da rua, pois os edifícios na Bélgica são construídos com orientação e materiais pensados para potencializar ao máximo o calor e a luz solar.

A porta-voz de um conhecido shopping na Bélgica, Jannick Selamadeer, explicou à Agência Efe que só nas últimas duas semanas, houve aumento de 20% na venda de aparelhos de ar condicionado e ventiladores. Isso é muito mais do que em todo o ano de 2017.

No hospital Saint Jean, na capital Bruxelas, funcionários afirmaram ter atendido várias pessoas por conta do calor, embora não tenha ocorrido nenhuma situação crítica.

A situação é parecida na vizinha Holanda, cujo instituto meteorológico nacional prevê que as altas temperaturas persistam e que este seja o mês mais seco desde que os registros a respeito começaram a ser feitos, em 1901.

As altas temperaturas, que devem superar os 38 graus neste fim de semana, são tão estranhas para os holandeses que o site mais popular de compras online do país informou sobre um crescimento do 1.260% na venda de aparelhos de ar condicionado em comparação com a mesma semana do ano passado.

Faz tanto calor em alguns pontos do país que o asfalto cede ou derrete, especialmente nos cruzamentos e onde há semáforos, segundo imagens divulgadas pela rede de televisão "NOS".

As altas temperaturas e a falta de chuva das últimas semanas também causaram uma redução nos níveis de água, o que provocou a morte de mais de mil peixes somente em um lago perto de Roterdã. Também aumentou a presença de ratos, que passaram a sair com mais frequência dos sistemas de esgoto em busca de alimentos.