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Mudança climática pode ameaçar répteis ao reduzir flora bacteriana

08/05/2017 14h43

Madri, 8 mai (EFE).- A mudança climática pode ameaçar os répteis ao reduzir o número de bactérias que vivem em seu intestino, o que influencia em suas possibilidades de sobrevivência, segundo um novo estudo publicado nesta segunda-feira pela revista "Nature".

Um aumento de 2 a 3 graus - o aquecimento previsto pelos atuais modelos de mudança climática - origina 34% de perda da diversidade de microorganismos nos intestinos dos lagartos vivíparos (Zootoca vivipara), que foi alvo do estudo.

Cientistas das universidades britânica de Exeter e francesa de Toulouse colocaram esta espécie de animal em um lugar fechado com temperatura controlada e analisaram amostras de suas bactérias intestinais para ver quais tipos estavam presentes.

A diversidade de bactérias era menor para os animais que viviam em condições mais quentes e os pesquisadores descobriram que essa circustância tinha um impacto em suas possibilidades de sobrevivência.

As pesquisas indicam que "um aumento relativamente pequeno na temperatura pode ter um grave impacto nas bactérias intestinais dos lagartos vivíparos", segundo o doutor Elvire Bestion, da Universidade de Exeter.

No entanto, afirmou que ainda faltam testes, embora considerou "muito provável" que sejam observados os mesmos efeitos em outros animais de sangue frio tais como répteis e anfíbios que dependem de fontes externas para conseguir calor corporal.

"Levando em conta a importância das bactérias na digestão, é fundamental que a realização de novos estudos para investigar este efeito ignorado da mudança climática", acrescentou.

Embora o aquecimento global seja considerado a maior ameaça à biodiversidade e para as redes ecológicas, Bestion disse que seu impacto nas bactérias associadas a plantas ou animais continua sendo desconhecido.

"Só estamos começando a entender a importância da microbiota intestinal na fisiologia de todas as espécies, incluída a humana", que está vinculada a aspectos como a digestão, a imunidade e a obesidade, indicou.