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Saque e Pague busca fintechs para impulsionar rede de caixas eletrônicos

22/10/2019 13h31

Por Aluisio Alves

SÃO PAULO (Reuters) - A empresa gaúcha de caixas eletrônicos Saque e Pague está fazendo parcerias com fintechs e cooperativas de crédito, como parte do esforço para ampliar sua rede de terminais de multisserviços, num contraponto à tendência de substituição do dinheiro em espécie por outras modalidades de pagamentos.

Com cerca de 1,5 mil terminais espalhados em cerca de 200 cidades de 20 Estados do país, a empresa vem fechando acordos com plataformas de serviços financeiros, cooperativas de crédito e bancos médios. Alguns dos mais recentes incluíram na rede Banco Inter, Agibank, BMG, a cooperativa de crédito Sicredi e a AbFintechs.

Com as parcerias, a companhia tenta pegar carona na expansão acelerada desses arranjos de negócios, na esteira dos incentivos regulatórios do Banco Central para ampliar a concorrência no setor financeiro. A meta é elevar a rede em cerca de 30% neste ano, para 2 mil terminais.

A exemplo do Banco24Horas, os terminais da Saque e Pague são instalados em shopping centers, supermercados e lojas de conveniência. A diferença é que seus terminais 'reciclam' as cédulas, ao permitir que parceiros, normalmente lojistas, alimentem os terminais com dinheiro em espécie, com lotes a partir de 300 reais.

Segundo o diretor-presidente da Saque e Pague, Givanildo Luz, o modelo reduz o custo com transporte de valores em relação ao modelo tradicional de caixa eletrônico em cerca de 30%.

"E isso resolve os problemas de varejistas de vender com dinheiro", diz Luz referindo-se aos custos de transporte e segurança de numerário.

De acordo com Luz, embora esteja perdendo espaço para os meios eletrônicos nos últimos anos, as transações com dinheiro têm mantido participação relevante nos pagamentos, especialmente nas transações de valores menores.

Nove em cada 10 pagamentos de até 10 reais são feitos com dinheiro, segundo dados do Banco Central referentes a 2018. O uso de outros recursos, como cartões e transferências cresce para operações de valores maiores, mas mesmo nas transações até 100 reais mais da metade das transações ainda são pagas em dinheiro.

Além disso, disse o presidente da Saque e Pague, mesmo transferências entre pessoas muitas vezes são um meio de permitir que o destinatário saque os recursos em espécie, especialmente em regiões onde há menos estrutura bancária física ou onde há menor aceitação de cartões.

"Antes estávamos preocupados com as previsões de fintechs de que o dinheiro ia sumir, mas não está sendo bem assim", disse Luz.

Ao contrário, mesmo fintechs têm manifestado interesse em dar aos clientes canais de acesso a dinheiro em espécie. Como as tarifas para uso da rede do Banco24Horas chegam a ser o triplo para instituições sem acordo com o grupo, segundo empresas do setor, a aposta da Saque e Pague é de que seus preços até 40% menores são um atrativo.

A empresa criada pelo Grupo Corrêa da Silva surgiu da cisão da companhia de pagamentos GetNet, quando esta passou ao controle do Santander Brasil, no começo da década.

Em 2015, a Saque e Pague teve 40% do negócio comprado pela multinacional brasileira de tecnologia Stefanini, num primeiro passo para iniciar o processo de internacionalização.

Há um ano e meio atrás, a Saque e Pague estreou no México, em parceria com dois bancos locais. O plano para aquele país é chegar a 3 mil ATMs em breve. O próximo destino fora do Brasil é a Colômbia, disse Luz.

(Edição Alberto Alerigi Jr.)