É claro que a Terra não é plana, mas e o Universo?
De Tilt
09/04/2023 04h00
Apesar do espanto de alguns negacionistas, a Ciência já provou há muito tempo que a Terra não é plana. Quando a primeira fotografia da Terra feita do espaço foi publicada em todo o mundo, apenas comprovou o que os pensadores gregos da Antiguidade já haviam percebido. Mas há uma coisa que nem os antigos gregos nem os modernos telescópios conseguiram dizer ainda: qual é o formato do Universo?
Até o início dos anos 2000, eram três as principais teorias a respeito do formato do Universo: plano, fechado (como a superfície de uma bola) ou aberto (como a sela de um cavalo). A dúvida existia porque é impossível fazer registros completos do Universo a partir da Terra.
Até que, em 2001, a Nasa (agência espacial norte-americana) enviou para o espaço a missão WMAP, que no fim de 2012 apresentou seus resultados. Um dos mais importantes foi que eles conseguiram calcular a curvatura do Universo: 0,4%. Uma indicação clara, para os cientistas, de que o Universo seria plano.
Hoje, sabemos que, se o Universo fosse bem curvo, poderíamos observar um objeto em diferentes épocas. Mas não é o que acontece. Podemos, no entanto, dizer que, se o Universo nasceu plano, vai continuar plano. O modelo mais aceito atualmente é o dos cientistas que demonstraram que o Universo se comporta de acordo com as equações de Albert Einstein.
Mas há uma questão importante: não conhecemos o limite do Universo; ele existe para além do que podemos enxergar. Isso impede que estimemos qual é seu formato exato.
Medir o formato é difícil porque o universo está em um processo contínuo de expansão desde o Big Bang, que aconteceu há quase 14 bilhões de anos. Por isso, estima-se que sua distância seja de aproximadamente 46 bilhões de anos-luz.
Matéria escura
E este nem é o maior dos enigmas que inquietam os cientistas a respeito do Universo. Eles vivem permanentemente intrigados com a sua composição.
Segundo o mapeamento da WMAP, 71,4% do Universo é formado de energia escura, 24% de matéria escura e 4,6% de átomos. Como os cientistas só sabem como estes últimos se comportam, 95% da Universo permanece um grande mistério.
Fonte:Thaisa Storchi-Bergmann, astrofísica e professora do Instituto de Física da UFRGS.