Por que funcionários da Amazon ouvem o que é dito à Alexa?
Luiza Ferraz
Colaboração ao UOL
11/04/2019 13h22
Resumo da notícia
- Funcionários da Amazon admitiram, em anônimo, que ouvem conversas alheias
- Verificação é feita para ver se assistente Alexa reconhece vozes bem
- Empresa diz respeitar a privacidade de seus consumidores
Você já teve a impressão de que estava sendo vigiado pelo seu telefone celular ou computador? No caso da assistente de voz Alexa, esse pensamento não é apenas uma paranoia.
Segundo uma reportagem da Bloomberg, uma série de funcionários da Amazon está por trás do sistema de comando de voz, ouvindo tudo o que é dito, mas com a intenção de melhorar a interação do software com os humanos.
Em anônimo, os empregados revelam que as gravações são ouvidas, transcritas e depois mandadas de volta. Desta maneira, não há falha nas respostas do sistema. Eles ainda afirmam que não há qualquer tipo de informação pessoal dos usuários, apenas o número de sua conta e do aparelho que estão utilizando.
"Nós levamos a segurança e privacidade muito a sério. Só anotamos uma pequena amostra das gravações, que nos ajudam a treinar o reconhecimento de fala, fazendo com que o sistema consiga entender melhor os comandos e prestar um bom serviço a todos", disse um porta-voz da empresa ao portal.
Já aconteceu de a equipe ouvir algo suspeito e criminoso. Nesses casos, eles contam com um chat interno em que podem conversar sobre o assunto e desabafar, além de contar com procedimentos de 'alívio de estresse' quando isso ocorre.
Cada empregado trabalha nove horas diárias e escuta cerca de mil áudios por turno. As sedes estão espalhadas em diversas regiões, como Boston (EUA), Costa Rica, Índia e Romênia.
Ainda segundo o portal, há uma opção no sistema em que você inibe o uso do seu comando de voz para o 'desenvolvimento de novos procedimentos'.
Por mais chocante que isso possa parecer, o professor da Universidade de Michigan, Florian Schaub, afirma que as tecnologias ainda dependem da prática e do treinamento humano.
"Estamos condicionados a acreditar que essas máquinas estão fazendo mágica e aprendendo sozinhas. Mas a verdade é que ainda há um procedimento manual envolvido", afirmou à reportagem.