Papa beija o número tatuado no braço de uma sobrevivente do Holocausto

Cidade do Vaticano, 26 mai (EFE).- O papa Francisco beijou a tatuagem com o número de prisioneira de Lidia Maksymowicz, que foi levada para o campo de concentração de Auschwitz quando tinha três anos, depois que a idosa o cumprimentou durante a audiência pública desta quarta-feira no Vaticano.

A mulher bielorrussa de 81 anos levantou a manga do seu vestido para mostrar ao papa o número com que os nazistas marcavam os prisioneiros que entraram nos campos de concentração, e Francisco beijou-o antes de abraçá-la.

Os dois ainda trocaram algumas palavras e a mulher indicou para o papa com os dedos o número três, em referência à idade que tinha quando chegou a Auschwitz.

Maksymowicz está na Itália para a apresentação do documentário que conta sua história de vida e tem como título o número com que foi tatuada: "70072, a menina que não sabia odiar", um projeto da associação "Memoria Viva".

Esta idosa que atualmente vive na Cracóvia foi deportada em 1943 e acabou no chamado Pavilhão das Crianças, vítima das atrozes experiências do criminoso de guerra Josef Rudolf Mengele.

Maksymowicz sobreviveu ao horror e, como todos os prisioneiros de Auschwitz, foi libertada em janeiro de 1945 por soldados soviéticos e entregue para adoção a uma família polonesa, onde viveu sua juventude imaginando que sua mãe estava morta.

Porém, em 1962, sua verdadeira mãe, que também acreditava que sua filhinha estava morta, foi localizada.

O título do filme foi inspirado em uma frase da própria Maksymowicz: "Se eu tivesse de viver pensando no ódio e na vingança, isso machuaria a mim e à minha alma, e eu seria a doente, o ódio ia me matar também".

O papa Francisco já havia causado surpresa no último mês de fevereiro quando inesperadamente deixou o Vaticano para visitar a casa em Roma de Edith Bruck, poetisa húngara e também sobrevivente do Holocausto.

Além disso, em julho de 2016, o pontífice visitou os campos de Auschwitz e Birkenau durante sua viagem à Polônia.