Huawei é tão influente que ajuda a definir regras globais do 5G
Todd Shields e Alyza Sebenius
01/02/2019 16h42
O futuro da tecnologia 5G, que promete revolucionar as telecomunicações, passa por organismos internacionais com nomes enigmáticos como 3rd Generation Partnership Project e União Internacional de Telecomunicações.
As organizações definem padrões para a tecnologia emergente. Mas autoridades de segurança estão preocupadas com o fato de o governo chinês e a Huawei Technologies estarem assumindo um protagonismo maior nos grupos técnicos, o que confere uma vantagem competitiva a uma empresa indiciada nos EUA.
Em setembro, as empresas chinesas e os institutos de pesquisa do governo detinham o maior número de presidências ou vice-presidências nos órgãos normativos relacionados ao 5G da União Internacional de Telecomunicações, ocupando oito das 39 posições de liderança disponíveis, segundo a Comissão de Revisão Econômica e de Segurança EUA-China, que assessora o Congresso. Para efeito de comparação, a operadora de telefonia celular Verizon Communications atualmente é a única representante dos EUA na liderança, segundo a comissão.
"Ter um governo socialista praticamente no comando no momento é algo bastante problemático para as metas dos EUA e especificamente para o 5G", disse Michael O'Rielly, membro da Comissão Federal de Comunicações dos EUA (FCC, na sigla em inglês), em entrevista. "Eles dominaram a votação para tentar incluir seus candidatos no conselho e seus padrões específicos."
A Huawei, maior empresa de tecnologia da China, é alvo de escrutínio das autoridades americanas, que dizem que o equipamento de telecomunicação da empresa pode ser usado pelo Partido Comunista chinês para espionagem. Promotores americanos apresentaram acusações criminais em 28 de janeiro alegando que a Huawei roubou segredos comerciais de uma concorrente americana e cometeu fraude bancária ao violar sanções aplicadas às negociações com o Irã.
A Huawei nega as acusações e rejeita as sugestões de que representa um risco de segurança ou de que está comprometida com Pequim. Além disso, afirma a inocência da diretora financeira da empresa, Meng Wanzhou, que foi presa acusada de violar sanções em Vancouver e enfrenta a possibilidade de extradição para os EUA.
Não existe uma forma clara de um país influenciar a definição de padrões de uma forma que prejudique a segurança dos EUA, disse Doug Brake, diretor de políticas de banda larga e espectro da Information Technology & Innovation Foundation, em entrevista.
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As normas são definidas por órgãos como o 3GPP -- o 3rd Generation Partnership Project, que reúne sete organizações de desenvolvimento de padrões de telecomunicações -- e a União Internacional de Telecomunicações (UIT), uma agência da Organização das Nações Unidas (ONU).
A UIT é chefiada por Houlin Zhao, primeira autoridade chinesa a ser eleita secretária-geral do grupo. Richard Li, da Huawei, é presidente do conselho de um grupo que examina tecnologias emergentes e 5G.
"Estou realmente preocupado com a definição dos padrões", disse O'Rielly, da FCC. "Padrões distorcidos favorecendo empresas chinesas seriam muito problemáticos porque seriam usados à custa de parceiros nacionais e internacionais com as quais as empresas americanas estão envolvidas."