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ANÁLISE

Halo Infinite é um jogo vasto e com boas ideias, mas mundo vazio

Marcelo Ferrantini

Colaboração para o START, em São Paulo

08/12/2021 04h00

Master Chief está de volta. A série Halo volta à sua história principal com Halo Infinite e o caminho do soldado da armadura verde, dessa vez, alcança o mundo aberto de Zeta Halo, um sandbox colossal, que tenta dar ao jogador uma vastidão a explorar.

No entanto, a palavra-chave da frase anterior é "tenta". Porque Halo Infinite tem problemas. Mas, nesse momento em que todo o mundo também tem problemas, qual a correlação entre os do mundo real e os do desenvolvimento de um jogo?

E já pra deixar avisado: a análise a seguir é SEM SPOILERS

Se preferir, ouça também o podcast Game Trends com a análise de Halo Infinite

História de redenção

A primeira correlação que pode ser apontada em Halo Infinite é o tamanho da história principal. É curta e desenvolve pouco os principais personagens. Master Chief, a nova inteligência artificial Arma e o Piloto passam por um crescimento sutil enquanto Chief tenta salvar a humanidade de inimigos já conhecidos, os Banidos, liderados por Escharum, e a desconhecida Harbinger.

Jogo Halo Infinite - Divulgação/Xbox Game Studios - Divulgação/Xbox Game Studios
Chief e a nova inteligência artificial: Arma
Imagem: Divulgação/Xbox Game Studios

Os vilões têm um desenvolvimento melhor do que os protagonistas. O que mostra que, sim, a desenvolvedora 343 sabia o direcionamento que queria dar para a história - mas a pandemia, o distanciamento social e o desenvolvimento sob home office impediram a equipe de encontrar um ponto comum sobre como os protagonistas também deveriam ter evoluído.

No final, o jogo parece uma jornada de redenção de um herói que, claramente, não sabe para onde está indo; uma inteligência artificial que não sabe de onde vem; e um piloto que basicamente não tem ideia de como foi parar ali.

Mundo bonito, mas vazio

Halo Infinite - Divulgação/Microsoft - Divulgação/Microsoft
O jogo se passa na instalação Zeta Halo
Imagem: Divulgação/Microsoft

Outra ligação entre os problemas da vida real e os bastidores do jogo pode ser detectado na falta de variedade na jogabilidade.

As estruturas são extremamente repetitivas, assim como as missões (da história principal e também as secundárias). É difícil ter noção de quantas vezes o jogador pensa que já esteve naquela sala antes, ou mesmo naquela instalação inteira.

Há missões nas quais você precisa explorar quatro locais literalmente idênticos, separados por quilômetros no mapa. Ou seja, caso o jogador queira fazer apenas a história principal, vai precisar comprar ótimos tênis de caminhada. Ou passar bastante óleo no gancho, porque vai passar muito tempo usando o grappling hook para se locomover.

Fica evidente a dificuldade da equipe em desenvolver ideias sobre como aproveitar o espaço realmente enorme do jogo. Há muito descampado que poderia ter sido melhor explorado; ou cânions aleatórios no meio do caminho que forçam Master Chief a dar uma volta enorme.

Os desenvolvedores construíram um mundo gigantesco, lindo, com gráficos impecáveis (até mesmo no Xbox One). Só que ele é vazio. Seria até poético dizer que reflete o mundo de hoje, mas, sem poesia por aqui.

Os chefões também são extremamente repetitivos. Sem nenhum exagero: dá pra separar em dois tipos de lutas, que alternam entre si.

É uma pena, porque o resto da mecânica de Halo Infinite precisa ser elogiada. O jogo é bastante consistente nas cenas de ação e é difícil em muitos momentos. Mesmo nas dificuldades mais baixas, as hordas de inimigos representam um desafio legítimo e facilmente sobrepujam um jogador menos preparado.

Algo de errado não está certo

Halo Infinite - Divulgação/Microsoft - Divulgação/Microsoft
Imagem: Divulgação/Microsoft

O principal problema de Halo Infinite, porém, é bem mais prosaico: o jog está repleto de bugs. Muitos mesmo. Desde crashes aleatórios quando alguma informação extra aparece na HUD até armas que não carregam (o que é um verdadeiro pesadelo em lutas contra chefes).

É de se supor que tenha sido impressionantemente difícil juntar programadores em um ambiente de home office para fazer um trabalho impecável em um jogo cujo mundo tem o tamanho colossal de Zeta Halo. Não dá para dizer que os desenvolvedores não deram o melhor de si. Mas a distância, dessa vez, foi a verdadeira inimiga da perfeição.

Halo Infinite não é um fracasso. Mas sim, a jornada de Master Chief foi mais uma das vítimas da pandemia. No entanto, para o fã da série Halo, sem spoilers, é bastante importante.

E a ação é divertida, desafiadora e permite ao jogador ser bastante criativo. Vale a pena jogar Halo Infinite, ainda mais que o jogo será liberado no Game Pass gratuitamente para os assinantes. Vale a pena, ainda mais durante a quarentena.

capa do jogo Halo Infinite - Divulgação/Microsoft - Divulgação/Microsoft
Imagem: Divulgação/Microsoft

Lançamentos: 08/12/2021
Plataformas: Xbox One, Xbox Series S, Xbox Series X e PC (Windows 10 e Steam)
Preço: R$ 249 (PC e Consoles); Disponível também no Game Pass
Classificação Indicativa: 14 anos (Violência)
Português: Sim (Legenda e dublagem)
Desenvolvimento: 343 Industries
Publicação: Xbox Game Studios

*O código do jogo foi enviado pela Microsoft ao START

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL