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Lost in Random aposta na aleatoriedade, "pero no mucho"; confira review

Lost In Random - Divulgação/EA
Lost In Random Imagem: Divulgação/EA

Por Marcelo Ferrantini

Colaboração para o START

21/09/2021 04h00

No mundo real, nascer em uma família rica, em um período de prosperidade ou em um país já desenvolvido pode ser um fator decisivo no sucesso da sua vida. É um critério talvez cruel, não sem certa aleatoriedade. Afinal, a gente não escolhe onde nasce. Para quem "dá azar" de nascer no lugar e na hora "errada", muitas vezes fica a percepção de que nossa existência, em grande parte, é um jogo de cartas marcadas. Quem recebeu a melhor mão vai sair na frente.

Lost in Random, lançado no último dia 10 pela Zoinc Entertainment e publicado pela Electronic Arts, não perde muito tempo em transformar essa metáfora em algo mais literal (ainda que visualmente lindo). No reino mágico dessa história, classes e castas são definidas no rodar de um dado. E, logo nos primeiros minutos, o jogador já entende que esse lance de sorte não é tão limpo assim.

A pequena Even tirou um: é uma "Oner". Sua irmã gêmea, Odd, rodou um 6 e, por isso, foi levada contra sua vontade para o castelo da rainha. Reuní-las exigirá uma grande aventura. Com um pouco de aleatoriedade, sim, mas não tanto quanto a gente gostaria.

Os primeiros 15 minutos de gameplay explicam essa história - confira no vídeo abaixo. O review continua logo em seguida.

Batalhando com cartas e dados

A aleatoriedade está presente, principalmente, nas batalhas. O jogo criado por Olov Redmalm tem um sistema de confrontos bastante "ímpar", fiel à premissa da história roteirizada por Ryan North. Even coleciona cartas e compõe um baralho com 15 opções de armas, defesas, trapaças, etc. Mas ela só pode usar cinco, selecionadas randomicamente toda vez que ela joga seu companheiro Dicey, um dado mágico gigante. .

Para conseguir jogar o dado novamente, Even precisa acumular cristais que extrai dos inimigos, até ficar com a energia cheia. Enquanto isso não acontece, não tem outro jeito: toda a sua estratégia pelos minutos seguintes terá que ser baseada nas cinco cartas atuais

No começo, o sistema é incrível. Descobrir o que dá para fazer com a "mão" disponível é desafiador e também recompensador. O problema é que, mesmo quando você consegue rodar Dicey novamente, ele sempre escolhe entre as mesmas 15 cartas. As combinações não são tão infinitas assim.

A aleatoriedade deixa de ser tão imprevisível e o jogador se acostuma a um estilo de combate específico. Aos poucos, a percepção se cristaliza: Lost in Random não é tão "randômico" assim. (Aliás, em certos pontos, ele chega a ser irritantemente linear. Even visita cidades nomeadas de 1 a 6, como os números de um dado - e em ordem crescente, claro).

Começa bem mas não evolui

A história é igualmente sequencial. Poucas vezes há a sensação de ruptura com uma lógica pré-determinada. As atraentes lutas com chefões no início do jogo não são seguidas por outras mais complexas. Inclusive, lutar com as prévias do boss final é mais difícil e mais surpreendente do que lutar com o próprio vilãozão. Para piorar, a curva de dificuldade sequer é criada com a inserção de novos desafios, mas sim com o simples aumento de robôs nos grupos de batalhas.

Lost in Random se perde em meio a um paradoxo: uma aleatoriedade linear. Deixa de desenvolver a premissa e o universo incrível sugeridos nas primeiras cidades. O jogo parece decidir que é mais divertido repetir tudo 80 vezes do que criar algo novo. Ou seja: mesmo quem quiser escapar o jogo de "cartas marcadas" na nossa vida real talvez vá se frustrar com opções igualmente limitadas com o controle nas mãos.

O jogo está disponível para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series S|X, Nintendo Switch e PC.

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