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OPINIÃO

Os primeiros passos da Electronic Arts, a pioneira dos games de esportes

Imagem: Divulgação

André "AvcF" Franco

Do GameHall

28/05/2020 04h00

Se hoje a EA é sinônimo de games esportivos, com franquias consagradas como FIFA, NBA e NFL, com celebridades do esporte endossando seus títulos, além de ser uma mega-empresa por trás de eventos de eSports, seu surgimento conta uma história muito diferente, de uma empresa que se começou focada em jogos autorais e com uma visão artística única na época.

Vamos dar um pulinho no túnel do tempo e relembrar as origens da Electronic Arts.

Desistir nunca, retroceder jamais

Normalmente, livros sobre empreendedorismo e grandes empresários se concentram em histórias de negócios milionários e grandes sucessos, mas no caso da EA, tudo começou a partir de um fracasso. No início dos anos 1980, William Murray Hawkins III, ou Trip Hawkins, como ficou conhecido universalmente, um recém-formado da Harvard, estava pronto para começar o próprio negócio. Fanático por jogos de tabuleiro, sobretudo os que simulavam jogos e temporadas da NFL (o futebol americano), Trip Hawkings abriu uma pequena produtora para lançar o Accu Stat, seu simulador de futebol americano de mesa.

Entretanto, o jogo fracassou e o negócio foi rapidamente à falência.

Imagem: The Illustrated History of Electronic Games

Em vez de simplesmente desistir e resolver fazer outra coisa da vida, Trip Hawkings digeriu a derrota, e a partir desse aprendizado, abrir uma nova produtora de jogos. Assim, Trip criou a sua nova empresa a partir de três princípios, sendo o primeiro: tratar o talento criativo como artistas; Segundo: desenvolvimento organizado, eficiente e cross-platforming usando tecnologia e ferramentas próprias; Terceiro: obter distribuição direta com cadeias de varejistas. Mesmo sem saber, Trip estava iniciando um modelo de gestão que revolucionária a indústria dos videogames nos Estados Unidos, e tornaria a futura Electronic Arts a gigante que é hoje. Baseado nesses princípios, Trip traçou um plano de negócio e buscou investidores para a empresa que acabara de formar, ainda sob o nome de Soft-Art.

Primeiro plano de negócios da EA Imagem: The Illustrated History of Electronic Games

O nome Electronic Arts surgiu de um episódio curioso: como o nome Soft-Arc já estava registrado por outra empresa, Trip Hawkings queria que o nome fosse escolhido de forma democrática, então os primeiros empregados contratados passaram a noite em uma sala para escolher o nome da empresa, e se alguém dormisse ou saísse da sala de votação, perdia o voto, pois o nome precisava ser escolhido antes de um evento importante.

Após horas e diversas sugestões enfim o nome Electronic Arts foi escolhido. Esse nome refletiu a mentalidade e a filosofia artística, técnica e mesmo empresarial dos primeiros anos da EA, cujos primeiros games eram autorais e artísticos. Como o processo de montar uma produtora de jogos leva tempo e muitos recursos, inicialmente a EA contratava artistas e programadores externos e publicava os jogos oferecendo royalties - um modelo que também se tornaria padrão na indústria, e ainda hoje é adotado.

Varejista exibindo os primeiros jogos da EA na época Imagem: Reprodução/The Illustrated History of Electronic Games

Os primeiros games da EA mostram esse processo na prática, pois a empresa contratou e publicou games de programadores e artistas famosos na época como Bill Budge's Pinball Construction Set (1983), Archon (1983) e Murder on the Zinderneuf(1983), de Jon Freeman e Anne Westfall; além de M.U.L.E (1983) e Modem Wars (1988) de Dani Bunten Berry.

EA Sports - it's in the game

Embora a carreira de Trip Hawkings seja marcada por seu lado empresarial, ele também tem um lado game designer e participou ativamente da criação dos primeiros games esportivos da Electronic Arts. Hawkings não desistiu do sonho de produzir uma simulação esportiva após o fracasso de Accu Stat, e agora na EA ele adicionou um elemento que tornaria a base do sucesso das grandes franquias esportivas lançadas em videogames: o endosso dos grandes atletas e celebridades esportivas das modalidades mais populares.

Foi assim que em 1983 a EA lançou One on One: Dr. J vs. Larry Bird, que contava com os jogadores Julius Irving e Larry Bird, que podiam ser escolhidos pelo jogador para duelos um contra um. Mas os jogadores não serviram apenas como um chamariz para a capa: tanto Bird como Irving contribuíram com o design do jogo, dando sugestões e explicando as minúcias do basquete aos desenvolvedores. O resultado foi um grande sucesso, com One on One: Dr. J vs. Larry Bird recebendo várias conversões e ganhando prêmios da época.

Em 1989 a EA lança uma sequência, Jordan vs Bird One on One, outro grande sucesso, que dessa vez contou com versões para consoles, para NES e Sega Mega Drive.

A EA seguiu lançando games esportivos na década de 1980, como Earl Weaver Baseball e Touchdown Football. Mas foi no final da década que a empresa lançou outra de suas franquias esportivas que permanece até hoje: John Madden Football, endossado pelo conceituado ex-técnico e comentarista esportivo John Madden.

Assim como Larry Bird e Julius Irving, John Madden participou ativamente do desenvolvimento de John Madden Football com Trip Hawkings, o que levou o jogo a ser o simulador de futebol mais completo e realista de seu tempo, inclusive sendo o primeiro game de futebol americano a ter os chamados playbooks, os cadernos de jogadas fundamentais do jogo.

Mas ainda faltava um grande game do tradicional esporte bretão, o bom e velho futebol com bola redonda, não oval. Esse game enfim chegou na década de 1990, mais especificamente em 1993, com FIFA International Soccer.

Enquanto a maioria dos games de futebol até então tropeçavam ou na implementação de uma boa simulação, ou nas limitações dos computadores e consoles da época, ou ainda se contentavam em entregar apenas em entregar partidas que lembravam um rachão ou um casados contra solteiros (ou camisa contra sem-camisa, quem nunca?), FIFA International Soccer enfim possibilitava partidas com boa dose de emoção e realismo, controles excepcionais, e mecânica de passes, dribles e lançamentos que nenhum jogo havia sido capaz de apresentar até então. Quem viveu aquela época até hoje lembra o esquadrão brasileiro capitaneado pelo craque Janco Tianno.

FIFA se tornou um império dos videogames, desbancando todos os rivais até se tornar a grande referência do gênero.

Por fim...

Presente em todos os consoles e plataformas atuais, hoje é impossível não associar videogames com os títulos da Electronic Arts, ou EA, se preferirem. Além de rainha dos esportes, a EA também já se aventurou com diferentes graus de sucesso em outros gêneros de jogos com títulos como Medal of Honor, Battlefield, Titanfall, Mass Effect, Dead Space, etc. Seja como desenvolvedora ou publicadora, a marca Electronic Arts é indissociável aos videogames e está marcada para sempre na história dos jogos.

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