Análise: "Naruto to Boruto: Shinobi Striker" escorrega na falta de conteúdo
Disponível para PS4 (249,90), PC (R$ 139,90) e Xbox One (R$ 250), “Naruto to Boruto: Shinobi Striker” é a mais nova entrada na série do carismático ninja de Konoha, Uzumaki Naruto, que agora já é um pai de família que divide o protagonismo com seu filho, Boruto. Embora tenha ficado mais uma vez a cargo da Bandai Namco, toda a fórmula conhecida de jogos passados, como “Ultimate Ninja Storm”, foi modificada, com a engine reconstruída do zero para gerar gráficos diferentes e um sistema de combate no mínimo inusitado.
A primeira coisa que você deve saber é que o jogo foi pensado para funcionar na maior parte do tempo conectado na rede. Mesmo as missões que podem ser feitas sozinhas foram pensadas para serem executadas em modo cooperativo, com até 4 ninjas em um grupo. Esse é o primeiro ponto que faz de “Shinobi Striker” um jogo único dentro da franquia até então, uma vez que você não tem um modo de jogo para batalhar com amigos em modo local, somente online.
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Criando um ninja único
O jogo gira em torno da experiência de transformar o jogador no ninja que ele sempre desejou ser. Com isso, o grande foco é a customização e essa é de longe a parte mais divertida do jogo. O primeiro passo ao iniciar a aventura é criar a base do seu ninja. Você poderá escolher a vila de onde veio: Folha, Areia, Névoa, dentre outras e obviamente a sua aparência.
A princípio, a impressão que fica é a de que o sistema de criação tem limitações pela pouca quantidade de escolhas, já que temos pouco mais de 10 cabelos, todos de personagens famosos da franquia e poucas opções para o resto da face, o que deixa o seu ninja pouco original. O pulo do gato é que essa primeira montagem funciona apenas como um template, já que a diversão e a variedade na customização chegam ao ápice mesmo é no decorrer do jogo.
Toda vez que um jogador termina uma batalha ou uma missão, ele é recompensado. No geral sempre terá algum tipo de pergaminho entre os espólios. Esses pergaminhos funcionam como uma loot box, uma vez que quando abertos pela carismática Tenten, dão para o jogador algum item aleatório. Esses itens vão desde cosméticos, como novos cabelos e maquiagens, até armas e equipamentos ninjas que modificam totalmente a sua forma de jogar. Agora vem a parte impressionante, são 4 mil itens para serem coletados, sem poder comprar nenhum com dinheiro real, só com recursos conseguidos dentro do jogo. Isso deixa cada ninja extremamente original, moldado ao gosto exato do jogador.
Além disso, seu ninja ainda pode transitar por 4 classes: cura, ataque, defesa e distância. Cada uma dessas classes tem seus equipamentos e jutsus próprios. Você pode modificar a classe do seu ninja a qualquer momento e deixar até 4 conjuntos de equipamentos prontos para serem escolhidos antes de cada missão. O ninja da classe distância, por exemplo, pode eliminar as criaturas de argila do Deidara sem ter que encostar nelas, o que faria com que elas explodissem. Já o ninja de defesa pode criar paredes de terra ou escudos de areia para proteger aliados e locais de interesse. A escolha correta antes de cada missão pode ser a diferença entre a vitória e a derrota.
HUB e Mestres Ninja
Após terminar de montar o seu personagem, você será enviado para Konoha, a vila da folha, que funcionará como um hub aonde poderá escolher o que fazer. Se você estiver conectado na internet, já conseguirá ver outros jogadores correndo de um lado para o outro. Aqui você poderá interagir com outros jogadores, montar grupos para participar de lutas e missões, além de controlar o progresso do seu ninja.
A princípio, sua mini-versão de Konoha vai estar com poucos NPCs, mas com o passar do tempo, mais e mais ninjas épicos da saga aparecerão para te dar missões e, o mais legal, serem seus mestres. Essa é uma parte divertidíssima do jogo e que adiciona uma camada fundamental à customização, que deixa de ser só estética e passa a influenciar no campo de batalha. Logo após o jogador terminar as primeiras missões de treinamento com o Kakashi, ele será apresentado ao Sasuke, que será o NPC responsável pelo local chamado de biblioteca de jutsus. Nesse local, você poderá escolher o seu mestre, que com o passar do tempo te ensinará os seus jutsus mais famosos.
Inicialmente poucos mestres estarão disponíveis, mas ao completar mais e mais missões, você vai desbloqueando outros ninjas que te ensinarão técnicas ainda mais fortes. Quando um mestre é desbloqueado, ele também pode ser usado no lugar do seu personagem no modo de missões, que vamos explicar logo mais.
Entre os mestres você encontrará ninjas bons e vilões, como Naruto, Deidara, Kakashi, Shikamaru e uma porção de outros mais. Os jutsus dos mestres no geral são feitos para algum tipo de classe específica. Os jogadores da classe ataque vão escolher o Naruto enquanto os de cura escolherão a Sakura por exemplo.
Modos de Jogo
Para conseguir tudo isso é preciso vencer batalhas nos modos de jogo e é aqui que o game dá uma derrapada. Sabe-se que esse é um jogo de conteúdo continuado, que vai receber atualizações com o tempo e provavelmente por conta disso deve ter tido seu lançamento apressado. No momento, você tem um modo chamado de RV, que é como um modo história para ser jogado em até 4 jogadores cooperativamente e o modo de torneio ninja, que fornece 3 tipos de regras para grupos de ninjas se enfrentarem. E é só. Apesar das possibilidades de customização, o jogo deixou pouco para o principal que é o gameplay.
O modo RV tem duração de mais ou menos 8 horas. Você deve ir coletando missões com os NPCs que vão surgindo na vila e ao completá-las libera novos mestres para a biblioteca de jutsus. O problema é que um novo NPC só surge para dar uma missão após o jogador completar a anterior, mas com muita frequência um bug impede que eles apareçam e a única saída é reiniciar o jogo.
Outro problema é a forma como balancearam essas missões. Não há um sistema que escale a dificuldade delas de acordo com o número de jogadores no grupo. Se você decidir fazer uma missão sozinho, terá um desafio extremamente elevado, enquanto se for acompanhado por mais 3 ninjas, terá uma missão sem graça de tão fácil.
Com o tempo essas missões se tornam repetitivas demais, uma vez que é sempre a mesma fórmula: mate alguns inimigos ou domine algum local por algum tempo. Pelo menos a diversidade de inimigos torna a repetição menos maçante, o que infelizmente não pode ser dito da variação de fases. São apenas 5 mapas no total, com pouca ou nenhuma variação de mecânicas entre eles. Junte tudo isso e será difícil aguentar longas sessões de jogo.
Já o modo online é dividido por ranqueamento e permite procurar uma partida em um modo específico ou fazer uma busca rápida, que já te coloca em um jogo qualquer com companheiros aleatórios. Embora os jogadores tenham rankings diferentes, o matchmaking parece não saber como montar as equipes, uma vez que é comum times com ninjas de nível 60 enfrentar ninjas de nível 20. Outro problema constante é a queda de conexão, que derruba sem mais nem menos jogadores dos times, o que no modo ranqueado gera um stress enorme. Já o ping é um tanto quanto estável, foram raros os momentos em que experimentei algum tipo de lag. No geral, ocorre no início de algumas partidas mas logo passa, sinal de que o netcode foi bem feito.
Jogabilidade
A jogabilidade de “Shinobi Striker” é única e é difícil compará-la com outros jogos, mesmo os da série Naruto. A movimentação pode ser feita para todas as direções, sendo possível andar em paredes e sobre a água. Como padrão, todo ninja tem um ataque fraco e um ataque forte, que podem ser utilizados em alternância para criar combos enormes. Existe obviamente um botão de defesa, que de diferencial pode ser usado em conjunto com o de pulo para desviar de jutsus e taijustus. Existe também um botão para carregar chakra nos pés e executar um pulo distante, que é usado para chegar e sair do local da pancadaria, principalmente após renascer. E também um botão de salto que pode ser usado duas vezes para dar um pulo duplo.
A parte comum acaba por ai, já que cada jogador tem um kit montado antes do início partida, que é influenciado por tudo o que dissemos lá atrás, desde a classe até a escolha de itens. Cada jogador pode escolher dois jutsus e um ultimate, os primeiros já começam prontos para uso e o último é carregado com o tempo. Os jutsus ao serem utilizados entram em cooldown e precisam de um tempo para recarregar, tempo que pode ser diminuído ao pressionar o botão da habilidade em questão para carregar chakra.
Como os combos são extensos e fáceis de serem aplicados, um erro no tempo pode significar a morte. Para isso foi adicionado um botão para o jutsu de substituição, que transforma seu personagem em um pedaço de madeira e te teletransporta para um outro ponto da fase. Obviamente, existe um cooldown para essa técnica também.
O último elemento do kit é a ferramenta ninja, que pode ser uma kunai para dar dano puro e simples ou selos bomba e de cura, que podem modificar a forma como cada time irá lutar. Um que quase sempre levo é a bomba de fumaça, que dificulta muito a visão dos inimigos e comba lindamente com os ninjas de distância.
Dependendo do modo escolhido, você poderá renascer em caso de morte, com um tempo de no geral 10 segundos, variando de acordo com o seu kit, que pode ter itens que reduzem esse tempo. As armas que cada ninja usa também tem status próprios como dano, distância e chance de acerto. Acessórios por sua vez podem ter status especiais que diminuem o tempo de recarga dos jutsus ou te dão um bônus de dano a medida que sua vida diminui.
O principal problema do combate fica por conta da câmera. Quando se chega próximo de alguma parede, ela não consegue atualizar sua posição em tempo hábil e fica geralmente em um ângulo esquisito que esconde o seu personagem, tornando difícil a movimentação e a visão. Tudo isso poderia ser concertado com o sistema de marcar um adversário, mas ele é extremamente impreciso, uma vez que a câmera não foca no inimigo marcado e no geral só serve para garantir o acerto de alguns jutsus.
Em relação ao balanceamento entre classes e habilidades, fora um ou outro jutsu, nada domina o campo de batalha de forma definitiva, talvez pelo jogo ainda estar no início e os jogadores ainda testando combinações.
No geral, a batalha é bem divertida e a forma como cada ninja é único contribui para que elas não fiquem repetitivas como as missões de RV. Os seus sistemas embora simples são difíceis de serem dominados e com a quantidade de habilidades presentes no jogo, pode esperar uma dedicação de nível MOBA para chegar aos rankings mais altos.
Localização
O jogo não conta com dublagem em português brasileiro, a escolha fica entre as vozes em inglês ou japonês, todas com os dubladores oficiais dos personagens. No entanto, textos e legendas estão disponíveis no nosso idioma, e o trabalho é muito bem executado. Com raras exceções, mesmo nas missões de RV, que tem maior quantidade de diálogos, você não deverá notar erros de tradução.
Os nomes de alguns itens e de várias habilidades foram traduzidos, como o Raikiri para Espada Trovão. Para aqueles que já acompanham o anime em português é tranquilo, já para aqueles que assistem ele legendado do japonês fica meio esquisitão.
“Naruto to Boruto: Shinobi Striker” inicia um novo rumo para a série e demonstra potencial. Seu foco na customização faz com que os jogadores se sintam realmente na pele de um ninja do universo da franquia, mas peca bastante na falta de conteúdo e nos problemas constantes de conexão. Em um momento com tantos jogos de alto nível e preços altíssimos, fica difícil recomenda-lo para aqueles que não são fãs de longa data fora de uma promoção.
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