Faustão: como é o processo de reabilitação após o transplante de coração

O processo de reabilitação de Fausto Silva, 73, pode demorar cerca de três meses. De acordo com o cardiologista do apresentador, Fernando Bacal, em entrevista exclusiva a Splash, o tempo depende do quanto o paciente estava debilitado antes da realização do transplante. O comunicador está internado desde segunda-feira (18), no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, para realização de exames pós-transplante cardíaco.

"A insuficiência cardíaca é uma doença que impõe limites muito grandes na qualidade de vida e na expectativa de vida dos pacientes. Quando o paciente tem insuficiência cardíaca avançada, ele perde muita massa muscular, ele pode ter alterações renais, ele pode evoluir com o quadro de caquexia, que é perda muscular e tal", explicou.

Faustão passará por um processo que tem por objetivo recuperar a massa corporal perdida. "Esse processo de reabilitação é voltar, além do aspecto nutricional, o aspecto fisioterápico de reabilitação, para voltar a ganhar massa muscular, melhorar a capacidade respiratória, porque é um longo período que a doença vai impondo limitações no paciente."

Segundo o médico, o período mais delicado de recuperação é até o terceiro mês. "O paciente vai recuperando musculatura, vai recuperando autonomia. Uma vez que está com o coração novo, todo o resto precisa voltar ao que era anteriormente. E isso demanda um tempo."

Protocolos de reabilitação. "Existem programas de reabilitação que são feitos por equipe médica, equipe multiprofissional, principalmente fisioterapeuta, para que possa ajudar os pacientes. Mas, de modo geral, o paciente pós-transplante tem condição de voltar a fazer uma atividade."

É possível praticar esportes após um transplante. "Os pacientes fazem esporte habitualmente depois, só que não dá para simplesmente colocar o coração e sair fazendo esporte, porque, como eu expliquei, tem todo um todo de readequação óssea, muscular, respiratória, que precisa dessa adequação."

Em média, após três meses, a pessoa que passou por um transplante de órgão pode voltar a trabalhar. "Então, os três primeiros meses, porque requer exames, requer, por vezes, biópsia, por vezes, alguns exames delicados. O imunossupressor tem dose mais alta, portanto, expõe a pessoa a mais risco de infecção. Então, depois do terceiro mês do transplante, isso já está bem equacionado e aí a pessoa pode voltar. Inclusive, já tem muito mais autonomia para fazer esporte".

Debate público

Faustão posa ao lado dos médicos do Hospital Albert Einstei, Fábio Gaiotto e Fernando Bacal
Faustão posa ao lado dos médicos do Hospital Albert Einstei, Fábio Gaiotto e Fernando Bacal Imagem: Reprodução/ Instagram @faustaodomeucoracao
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O médico Fernando Bacal destaca a importância do caso do apresentador para o debate sobre a doação de órgãos no Brasil. "A discussão em cima de um caso que deu tanta visibilidade ao tema do transplante, propiciou que a gente discutisse o transplante de uma forma bastante ampla. Em todas as suas fases, desde os pacientes que esperam em listas de espera, como funciona a lista de espera, os critérios de priorização, os critérios de alocação dos órgãos, e mostrar o resultado do transplante no país, que é um programa governamental, é um programa em que 90% dos transplantes no país são feitos pelo SUS."

A cirurgia de Faustão trouxe a possibilidade de discussão transparente. "Nós devemos estimular esse debate para que a gente aumente o número de transplantes no país, porque ainda 30%, especificamente dos transplantes cardíacos, dos pacientes que estão em lista, acabam não conseguindo chegar ao transplante cardíaco. Então, sem dúvida nenhuma, o lado positivo disso foi a possibilidade de discutir com transparência como funciona o transplante no país."

Saúde de Faustão

Faustão em vídeo após transplante de coração
Faustão em vídeo após transplante de coração Imagem: Reprodução/Instagram

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Internação. O apresentador deu entrada no hospital no dia 5 de agosto para tratamento de um quadro de insuficiência cardíaca, condição que vinha sendo acompanhada pela equipe médica desde o ano de 2020.

Indicação para transplante. Diante do agravamento da doença, ele foi incluído na lista de espera por um transplante de coração. A informação, no entanto, só veio a público no dia 20, por meio de um boletim médico. Ele estava precisando de diálise e medicamentos para ajudar na força de bombeamento do coração.

Cirurgia. O comunicador recebeu o novo coração no dia 27 de agosto, em cirurgia realizada sem intercorrências, após a equipe transplantadora do paciente que ocupava o topo da lista recusar o órgão.

De acordo com a Central de Transplantes do Estado de São Paulo, durante a madrugada do dia 27, o sistema localizou 12 pacientes que atendiam aos requisitos para o transplante. Faustão, no entanto, ocupava o segundo lugar entre os casos prioritários - por causa da gravidade do quadro.

No dia 29, Fausto foi extubado e já estava consciente, conversando e com boa função do novo órgão. No dia seguinte, ele concedeu a primeira entrevista após o transplante ao colunista Flavio Ricco, do R7. "Eu não sinto dor alguma. Já estou andando, sentando, isso três dias depois da cirurgia", disse o famoso.

No dia seguinte, por volta das 7h30, ele falou com o colunista de Splash Lucas Pasin sobre o primeiro pensamento quando acordou da cirurgia: "motivar a doação de órgãos".

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"Só tenho a agradecer aos meus médicos e ao SUS. Tudo isso também é graças ao SUS. Não é porque eu tenho dinheiro que estou bem. Tudo isso que fiz também é feito no SUS, e isso precisa ser valorizado. É importante que todos se informem sobre, e essa será agora a minha missão."

Horas depois, o apresentador gravou um vídeo agradecendo à família do doador do novo coração. O vídeo foi publicado no perfil Faustão do meu Coração, criado pela família do comunicador para divulgar a doação de órgãos.

Faustão deixa a UTI. O comunicador deixou a Unidade de Terapia Intensiva no dia 1ª de setembro e foi transferido para a semi-intensiva.
Apresentador foi para o quarto um dia antes de receber alta. "Permanece com função cardíaca normal e sem evidências de rejeição do órgão", informou o hospital, por meio de boletim médico divulgado no sábado (9).

Faustão deixou o hospital no domingo (10), após 36 dias internado. "O paciente seguirá sob as orientações médicas e nutricionais necessárias para a reabilitação após o transplante cardíaco", informou o Hospital Israelita Albert Einstein.

Primeira fala em casa. Logo após a alta, Faustão postou um vídeo, com agradecimentos: "Alô galera, já saí do hospital, estou em casa, agora iniciando uma nova fase. Mas antes, de novo, agradecimento eterno a cada um de vocês, que rezaram, fizeram mensagens de solidariedade e de apoio, e tudo isso me ajudou muito nessa luta pela vida."

Oito dias após receber alta, Faustão voltou a ser internado no Hospital Albert Einstein. Em comunicado, a unidade de saúde afirmou se tratar de um protocolo de rotina.

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