Acidente que matou Claudinho emocionou Brasil e velório teve confusão

Sucesso nos anos 90 com hits como "Só Love", "Nosso Sonho" e "Quero te Encontrar", a dupla Claudinho e Buchecha encontrou um fim precoce em 13 de julho de 2002, quando Claudinho morreu aos 26 anos em um acidente de carro na Rodovia Presidente Dutra, na volta de um show.

Mais de 20 anos depois, a história dos artistas vira coisa de cinema com o filme "Nosso Sonho", em que Lucas Penteado e Juan Paiva interpretam os amigos que viraram um fenômeno nacional.

Claudinho era o nome artístico de Cláudio Rodrigues de Mattos. Nascido em São Gonçalo em 14 de novembro de 1975, ele conheceu Claucirlei, o Buchecha, ainda na infância. Em 1995, moradores do Morro do Salgueiro, eles se tornaram conhecidos com o "Rap do Salgueiro", primeiro hit que rendeu um contrato com a Universal Music. Dali em diante, foram milhões de cópias vendidas e seis álbuns lançados.

Como foi o acidente

Claudinho e Buchecha faziam turnê de lançamento do 6º álbum, "Vamos Dançar" (2002), e havia um show marcado na cidade de Lorena (SP).

Horas antes, Claudinho comunicou que não queria fazer o show, como o próprio Buchecha já recordou em algumas entrevistas. "Fui falar com ele, perguntei o que estava acontecendo e ele não me disse nada. Só falou que não ía", declarou em 2021 ao Flow podcast.

Claudinho, então, foi convencido a ir, mas decidiu viajar com seu carro particular. "Eu disse: 'Se você não vai, eu também não vou'. Eu não saberia como explicar para o público. Nunca tinha rolado de fazer show sozinho'."

Segundo Buchecha, o amigo estava estranho, e ele pensou em conversar com Claudinho depois do show para entender o que havia acontecido.

Claudinho voltou do show no banco de carona de seu carro, que era conduzido por Ivan Crespo Manzieri, então secretário da dupla. O carro derrapou na descida da Serra das Araras, próximo à cidade de Seropédica, no Rio de Janeiro, e batei em uma árvore. Chovia muito na hora do acidente.

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Claudinho morreu na hora, e Ivan foi levado em estado grave para um hospital em Nova Iguaçu. Buchecha vinha logo atrás na van com o restante da equipe.

"A gente viu o carro quando tinha acabado de acontecer. Chegamos antes da ambulância. Fui lá ver e era meu mano. Perdi um irmão. Não dei meu último abraço nele nem conversamos. Foi um choque muito grande", disse Buchecha em entrevista ao Extra em 2021.

Velório teve confusão e emoção

Claudinho foi velado no Memorial do Carmo, no cemitério do Caju, zona portuária do Rio. A despedida começou no início da noite do dia 13 de julho e, segundo o Estadão, ao menos 1500 pessoas estavam no local neste momento. No domingo, dia 14, havia 600 pessoas e a polícia precisou intervir para que o corpo pudesse ser retirado da capela onde era velado.

A confusão e o empurra-empurra fizeram com que um cordão de isolamento precisasse ser organizado pelas autoridades para que o corpo pudesse ser levado. Claudinho foi sepultado no 5º andar do cemitério vertical.

O corpo de Claudinho foi sepultado com 1h de atraso, enquanto fãs presentes cantavam "Nosso Sonho", um dos primeiros sucessos da dupla. Na ocasião, o secretário que conduzia o veículo foi hostilizado, enquanto Buchecha foi visto aos prantos e sendo amparado por amigos.

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No velório, a viúva de Claudinho, Vanessa, contou que a filha pediu ao pai que não viajasse para o show, e que ela normalmente não se comportava desta forma. "Ela até dava tchau. Parece que estava adivinhando."

Investigação e processos

Após o acidente, a viúva de Claudinho, Vanessa Alves Ferreira, processou Ivan e a rodovia Nova Dutra. O ex secretário foi absolvido pela Justiça da comarca de Seropédica, segundo informações divulgadas pelo jornal O Globo em 2006.

A concessionária da rodovia, no entanto, foi condenada a pagar uma indenização de R$ 13.460,39 por danos causados ao veículo, e uma pensão mensal de R$ 2.051,23 para Vanessa até ela completar 70 anos. Além disso, segundo o G1, foi estipulada uma multa de R$ 500 mil.

Segundo a decisão publicada pela agência Estado na época, a empresa foi responsabilizada pelos danos causados por "ausência de proteção à árvore na pista, destruição do automóvel e o óbito do cantor".

"Se somos obrigados a pagar pedágios semelhantes aos cobrados em países desenvolvidos, que sejamos contemplados, em contrapartida, com rodovias de países desenvolvidos. Consignando ainda que a ré administra a rodovia há mais de uma década, tendo tempo suficiente para erigir as obras protetivas", disse o juiz, na decisão.

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Em sua defesa, a empresa alegou que o acidente ocorreu por culpa do condutor do veículo, que dirigia em alta velocidade e dormiu ao volante.

Como história é retratada no filme

Em "Nosso Sonho", a história de Claudinho e Buchecha é retratada através do ponto de vista de Buchecha. A fase depressiva pela qual o MC passou após a morte do amigo também é mostrada, assim como a importância da família para sua recuperação.

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