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Fome e escravização sexual: como era seita da atriz de Smallville?

A atriz Allison Mack - Drew Angerer/Getty Images
A atriz Allison Mack Imagem: Drew Angerer/Getty Images

De Splash, em São Paulo

05/07/2023 13h47

Allison Mack, 40, deixou a prisão por bom comportamento, após dois anos em cárcere. A atriz conhecida por "Smallville" foi sentenciada a três anos por seu envolvimento na seita sexual NXIVM, que escravizava mulheres.

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Qual é a história da seita?

A NXIVM foi criada como uma "companhia de desenvolvimento" nos anos 1990, por Keith Raniere, e ganhou atenção mundial em 2017 após um artigo do New York Times revelar um esquema de pirâmide e uma seita que forçava mulheres a se tornarem escravas sexuais.

Após o artigo, vários membros da seita foram revelados, inclusive a atriz Allison Mack. Ela foi presa e foi descoberto que ela fazia parte do alto escalão do grupo.

Allison era responsável por recrutar mulheres para serem escravas sexuais de Keith Raniere, e marcava as mesmas como "posse" do homem.

Em entrevista concedida para o jornal New York Times, Mack contou que entrou para a seita na tentativa de que Keith a transformasse em "uma boa atriz", pois ela se sentia "uma fraude".

A seita NXIVM funcionava como um esquema de pirâmide, em que cada pessoa era responsável por recrutar mais novos membros. Além de cursos e workshops que prometiam sucesso e enriquecimento, havia um braço exclusivo chamado DOS, através do qual as mulheres eram escravizadas.

Allison era recrutadora deste setor, e marcava mulheres com uma caneta de cauterização com as iniciais K e R (do nome de Keith Raniere). Elas precisavam fazer um voto de lealdade e prometer submissão.

Uma das mulheres escravizadas contou que algumas delas passavam por uma dieta alimentar restritiva, podendo consumir apenas entre 500 e 800 calorias por dia —a média é de 2000.

Allison dizia que as mulheres precisavam perder peso, a mando de Keith, cumprir várias tarefas diárias a mando dele e manter uma rotina intensa de exercícios físicos.

"As punições foram ficando mais severas. Precisava fazer prancha, tomar banhos gelados e ficar de pé sobre a neve às 3h da manhã."

O documento obtido pelo New York Times revela que algumas das escravizadas do DOS participavam de "treinamentos", e precisavam responder aos mestres durante o dia e a noite.

Algumas das mulheres relatam abuso e agressão por parte de Keith. "Ele também fundou um movimento chamado 'Sociedade dos Protetores', que acreditava que humilhar as mulheres ajudaria a erradicar suas fraquezas", diz parte do processo.

Para Mack, as mulheres estavam focadas em "superar a dor". Ela comparou as situações criadas pelo DOS a "experiências de guerra".

Segundo ela a ideia era alcançar os objetivos "explorando os maiores medos e expondo as pessoas às suas maiores vulnerabilidades".

Keith Raniere foi sentenciado a 120 anos de prisão, sob acusações de tráfico de pessoas, extorsão e posse de pornografia infantil.