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Porchat critica proibição a Leo Lins: 'Não existe censura do bem'

Fábio Porchat criticou a decisão da Justiça - Reprodução
Fábio Porchat criticou a decisão da Justiça Imagem: Reprodução

De Splash, em São Paulo

17/05/2023 13h46Atualizada em 17/05/2023 14h27

Fábio Porchat, 39, criticou a decisão da Justiça de São Paulo, que proibiu Leo Lins, 40, de fazer piadas com minorias.

Para o humorista e apresentador, se alguém não gosta do conteúdo de Lins, é só "não assistir".

"Se a piada não incitou o ódio e a violência ela é só uma piada. Tem piada de todos os tipos, de pum e de trocadilho, ácida e bobinha. Tem piada de mau gosto? Tem também. Tem piada agressiva? Opa. Mas aí é só não assistir", escreveu Porchat no Twitter.

Ele também afirmou que não há "problema legal" em fazer piadas com minorias. "Dentro da lei pode-se fazer piada com tudo, tudo, tudo. Não gostar de uma piada não te dá o direito de impedir ela de existir. Ainda mais previamente".

Para Porchat, não existe "censura do bem". "Impedir o comediante de pensar uma piada é loucura. Mesmo que você não goste desse comediante, mesmo que você despreze tudo o que ele diz, ele tem o direito de dizer. Ele tem o direito de ofender. Não existe censura do bem".

Se cada pessoa que se ofender com uma piada resolver tirar ela do ar não sobra um Joãozinho, um papagaio, um argentino. Pra mim democracia não é um regime pra você defender as suas ideias, mas pra quem você não concorda poder defender as delas. Não confundam "não gosto dele" com "ele não pode falar". Não entrem nessa conversa com a emoção, entrem com a razão. Fábio Porchat

Mais cedo, Porchat já havia criticado a decisão:

O que aconteceu?

Leo Lins teve o show "Perturbador" removido das plataformas digitais por decisão da Justiça de São Paulo.

Splash teve acesso à medida cautelar, que proíbe o comediante de:

Manter, transmitir, publicar, divulgar, distribuir, encaminhar ou realizar download de quaisquer arquivos de vídeo, imagem ou texto, com conteúdo depreciativo ou humilhante a qualquer categoria considerada minoria ou vulnerável.

Realizar, em suas apresentações, quaisquer comentários, bem como de divulgar, transmitir ou distribuir, quaisquer arquivos de vídeo, imagem ou texto, com conteúdo depreciativo ou humilhante a qualquer categoria considerada minoria ou vulnerável.

Lins também é obrigado a retirar das plataformas virtuais e sites em geral qualquer "conteúdo depreciativo ou humilhante a qualquer categoria considerada minoria ou vulnerável".

Além do termo "categoria considerada minoria ou vulnerável", a juíza Gina Fonseca Corrêa definiu na medida cautelar que conteúdos "em razão de raça, cor, etnia, religião, cultura, origem, procedência nacional ou regional, orientação sexual ou de gênero, condição de pessoa com deficiência ou idosa, crianças, adolescentes e mulheres" estão proibidos.

O comediante está proibido de sair de São Paulo por mais de dez dias sem autorização judicial.

Ele deve pagar multa de R$ 10 mil para cada dia que descumprir uma das ordens.

O humorista lamentou a decisão nas redes sociais, informando que o vídeo chegou a 3 milhões de visualizações no YouTube.

Em contato com Splash, a defesa de Leo Lins disse ver a medida cautelar como censura e que já está preparando as medidas cabíveis junto ao TJ-SP (Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo).

A reportagem também entrou em contato com a assessoria de imprensa do Ministério Público, que informou que, por se tratar de medida cautelar, os autos tramitam em segredo de justiça.

Splash também entrou em contato com a assessoria do YouTube, de onde o vídeo do especial "Perturbador" foi removido. O texto será atualizado assim que houver um retorno.

A decisão foi criticada pelo também humorista Fábio Porchat, que classificou o episódio como "uma vergonha".