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Justiça proíbe Leo Lins de fazer piadas com minorias; defesa vê censura

Conhecido pelas piadas "polêmicas", Leo Lins é proibido de produzir conteúdos sobre "minorias" - Reprodução/Instagram
Conhecido pelas piadas "polêmicas", Leo Lins é proibido de produzir conteúdos sobre "minorias" Imagem: Reprodução/Instagram

De Splash, em São Paulo

17/05/2023 10h48Atualizada em 17/05/2023 15h02

Leo Lins, 40, teve o show "Perturbador" removido das plataformas digitais por decisão da Justiça de São Paulo. Ele é famoso por declarações polêmicas que, por vezes, infringem a lei.

Splash teve acesso à medida cautelar, que proíbe o comediante de:

Manter, transmitir, publicar, divulgar, distribuir, encaminhar ou realizar download de quaisquer arquivos de vídeo, imagem ou texto, com conteúdo depreciativo ou humilhante a qualquer categoria considerada minoria ou vulnerável.

Realizar, em suas apresentações, quaisquer comentários, bem como de divulgar, transmitir ou distribuir, quaisquer arquivos de vídeo, imagem ou texto, com conteúdo depreciativo ou humilhante a qualquer categoria considerada minoria ou vulnerável.

Lins também é obrigado a retirar das plataformas virtuais e sites em geral qualquer "conteúdo depreciativo ou humilhante a qualquer categoria considerada minoria ou vulnerável".

Além do termo "categoria considerada minoria ou vulnerável", a juíza Gina Fonseca Corrêa definiu na medida cautelar que conteúdos "em razão de raça, cor, etnia, religião, cultura, origem, procedência nacional ou regional, orientação sexual ou de gênero, condição de pessoa com deficiência ou idosa, crianças, adolescentes e mulheres" estão proibidos.

O comediante está proibido de sair de São Paulo por mais de dez dias sem autorização judicial.

Ele deve pagar multa de R$ 10 mil para cada dia que descumprir uma das ordens.

O humorista lamentou a decisão nas redes sociais, informando que o vídeo chegou a 3 milhões de visualizações no YouTube.

Em contato com Splash, a defesa de Leo Lins disse ver a medida cautelar como censura e que já está preparando as medidas cabíveis junto ao TJ-SP (Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo).

A reportagem também entrou em contato com a assessoria de imprensa do Ministério Público, que informou que, por se tratar de medida cautelar, os autos tramitam em segredo de justiça.

Splash também entrou em contato com a assessoria do YouTube, de onde o vídeo do especial "Perturbador" foi removido. O texto será atualizado assim que houver um retorno.

A decisão foi criticada pelo também humorista Fábio Porchat, que classificou o episódio como "uma vergonha".

Polêmicas

Lins é conhecido pelas piadas polêmicas em seus shows. Só no ano passado, o humorista foi condenado a pagar duas indenizações por piadas consideradas ofensivas. Veja algumas das polêmicas:

Piada com DJ Ivis: Em 2021, o comediante disse em um show que colocou DJ Ivis (acusado de agressão pela ex-mulher) para tocar em seu reencontro com a ex-namorada, Aline Mineiro. Ele também disse que queria "encontrar ela, conversar, olhar olho no olho, dar um soco na costela".

Transfobia: Leo Lins foi condenado em 2021 a pagar uma indenização de R$ 15 mil à cabeleireira Whitney Martins de Oliveira após fazer piadas de teor transfóbico com seu nome e expôr o nome da mulher no vídeo.

Chapecoense: em show de stand-up postado em seu canal no YouTube em 2018, Leo Lins faz piada com a queda do avião da Chapecoense, que matou 71 pessoas em 2016. Ele comparou a tragédia ao assassinato do jogador Daniel, ex-São Paulo:

Pelo menos ele morreu depois de comer coisa boa. Não foi como os jogadores da Chapecoense, que era comida de avião. Leo Lins

Em outro vídeo, publicado em 2019 pelo canal Castro Brothers, o humorista diz que pão que cai no chão é "pão na Chape".

Gordofobia: Leo Lins promoveu um show com uma imagem da modelo plus size Bia Gremion e seu namorado, Lorenzo, um homem trans — mais uma vez, sem autorização. Na foto, os dois aparecem de lingerie: "Chamei sua atenção? Que bom", postou o comediante.

Tsunami: Lins fez uma piada com o Japão em 2011, quando o país passou por terremoto, tsunami e acidente nuclear. Em 2013, quando tentava conseguir visto para entrar no Japão, brasileiros habitantes fizeram um abaixo-assinado para que ele fosse proibido de entrar no país. Ele acabou perdendo o visto. As autoridades, no entanto, negaram que a decisão teve relação com o vídeo, e alegaram se tratar de um problema de documentação.