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Afinal de contas: se a Nintendo é japonesa, por que o Mario é italiano?

Colaboração para Splash

05/04/2023 14h00

Todos sabemos que Mario, o encanador simpático e bonachão que se dedica a repetidamente resgatar a Princesa Peach das forças do mal, é um dos personagens mais populares de todos os tempos no mundo dos videogames.


Seu nascimento data de 1981, quando Mario apareceu pela primeira vez no universo da Nintendo através do jogo "Donkey Kong". À época, a criação do personagem estava ainda em fase embrionária, e ele nem sequer havia sido batizado, ganhando apenas o nome genérico - mas bastante simbólico - de Jumpman, algo como "o homem que pula".

Não obstante, Mario desde então já conservava uma de suas características físicas mais marcantes: o extenso bigodão de ar italiano cobrindo a boca. Longe de querer expressar ou "reforçar" a natalidade do encanador, a presença do bigode tinha na verdade um objetivo muito mais simples: facilitar o design do personagem, de forma que os artistas gráficos tivessem menos trabalho na hora de desenvolver suas características faciais, sobretudo na região da boca.

Ao falar, entretanto, na pretensa nacionalidade de Mario - um consenso indiscutível entre os fãs, embora nunca oficializado pela Nintendo -, uma outra problemática surge em torno do personagem: afinal, se a Nintendo é uma companhia de origem japonesa, por que diabos Mario é considerado italiano?

'Padrinho' temperamental

A resposta a essa questão é das mais curiosas e envolve diretamente um episódio ocorrido na década de 1980 - período em que a Nintendo havia transferido seu centro de operações para os Estados Unidos. A empresa - fundada em 1889 - já tinha quase um século de existência, mas passava por uma intensa crise financeira, o que provocou, entre outros problemas, o atraso no pagamento do aluguel do galpão onde as atividades funcionavam.

Foi quando o dono do imóvel, indignado com a inadimplência, resolveu aparecer no local para cobrar os valores devidos - e de uma forma nada discreta. O homem foi tão veemente na forma de exigir seus direitos que causou o maior constrangimento em todos os funcionários presentes.

Apesar do climão momentâneo que provocou, esse episódio acabou chamando a atenção do designer de jogos Shigeru Miyamoto, que decidiu 'homenagear' o locatário irritadinho dando o nome dele ao velho Jumpman. Aliás, como se chamava esse credor? Mario Segale!

Volta por cima

Em 1986, Mario se tornou protagonista de seu primeiro jogo, "Super Mario Bros.", onde reestreou nos consoles já na companhia de seu inseparável irmão Luigi - tão "italianão" quanto o primogênito. Era o começo de uma nova era não só para os fãs de games, mas também para a própria Nintendo.

O jogo foi um sucesso imediato, e a associação do personagem e de suas características à nacionalidade italiana ocorreu de maneira tão óbvia que, no jogo "Super Mario 64" (1996), ele já passou a incorporar a seu repertório frases como "Mamma mia!" e "It's-a me, Mario!", que reforçavam ainda mais esse estereótipo. A Nintendo, nem é preciso dizer, deixou as dívidas para trás e se consolidou como uma das mais importantes empresas de jogos eletrônicos.

Até mesmo no longa-metragem "Super Mario Bros. - O Filme", que estreia neste dia 6 nos cinemas de todo o Brasil, a ascendência europeia do personagem é respeitada. Mario e seu irmão Luigi são retratados como dois cidadãos ítalo-americanos originários do Brooklyn, bairro de Nova York que, nos anos 80 e 90, era marcado pela forte presença de imigrantes italianos entre os moradores.