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Caleidoscópio: qual relação de série 'quebra-cabeça' com furacão nos EUA?

Paz Vega (Ava) e Giancarlo Esposito (Leo/Ray) em "Caleidoscópio" - Netflix
Paz Vega (Ava) e Giancarlo Esposito (Leo/Ray) em "Caleidoscópio" Imagem: Netflix

De Splash, em São Paulo

11/01/2023 04h00

Uma das séries mais vistas na Netflix no início deste ano é inspirada em um desastre natural ocorrido há pouco mais de 10 anos. "Caleidoscópio" traz elementos da realidade no planejamento do roubo de US$ 7 bilhões (R$ 36,5 bilhões).

O furacão Sandy atingiu os EUA em outubro de 2012. Em Nova York, cidade em que se passa a história mostrada pela série, as tempestades deixaram 44 mortos, milhares de pessoas desabrigadas e US$ 19 bilhões (R$ 99,2 bilhões) em danos, segundo a versão estadunidense da revista Rolling Stone.

Eric Garcia, autor da série, admitiu a inspiração segundo a própria Netflix. "(A série) é vagamente baseada em algo que pode ter acontecido [...] É um disfarce perfeito para um assalto. Se eu estou fazendo um assalto, vou usar o furacão Sandy como minha desculpa", afirmou.

O que aconteceu e quais são semelhanças com a série?

  • Wall Street, um dos locais mais afetadas pelo furacão, foi escolhido para o roubo retratado em "Caleidoscópio". A região é conhecida como um dos maiores centros financeiros do mundo.
  • Segundo a Reuters, um cofre subterrâneo sofreu inundação durante a passagem do furacão Sandy. Essa é a estratégia utilizada pelo bando liderado por Ray Vernon (Giancarlo Esposito) na série para burlar os sistemas de segurança de um cofre de segurança máxima.
  • Assim como ocorreu na ficção, o cofre não guardava dinheiro, mas sim títulos de bens e certificados de ações, conforme divulgou o jornal New York Post. Eram mais de 1,3 milhão de títulos guardados no local, pontuou a Reuters.
  • O que são os títulos? Segundo a Rolling Stone, eram documentos emitidos pelo governo que permitiam a troca por dinheiro com acúmulo de juros conforme as dívidas em que estão relacionados. Manter grande número de títulos, como faziam bilionários retratados em "Caleidoscópio", também representava acumular riquezas. Devido às fraudes recorrentes, os EUA deixaram de trabalhar com a emissão de títulos no fim da década de 1980.
  • Foram US$ 70 bilhões (R$ 365 bilhões) em prejuízo, conforme apurou o New York Post na época. A história se tornou conhecida como "o maior mistério de Nova York" por não existir comprovação oficial do prejuízo com a inundação do cofre.
  • Não há registros de roubo realizado em Wall Street na época em que os EUA foram atingidos pelo furacão, diferente do retratado na série da Netflix.
  • O que aconteceu com os títulos em 2012? A empresa CTCC (Depository Trust & Clearing Corporation) informou que mais de 99% dos documentos do cofre foram recuperados. O New York Post afirmou que existiu um projeto de recuperação para coletar, desumidificar e limpar cada documento.

Por que é um 'quebra-cabeça'?

A série trouxe uma inovação: não há ordem correta para acompanhar aos episódios. É possível acompanhar os detalhes da história seja qual for a sequência escolhida por quem assiste ao conteúdo.

A Netflix sugere uma ordem em seu catálogo. Os episódios, que possuem nomes de cores, começam pelo amarelo e terminam pelo branco na plataforma — o último citado mostra o que realmente ocorreu durante o assalto. Os demais capítulos focam em um período de 25 anos, relatando o que aconteceu antes e depois do roubo.