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Influencer viraliza ao se mostrar catando comida no lixo dos Estados Unidos

Influencer Renata Myrelli vascunha lixo a procura de alimentos e outros itens - Reprodução/Instagram
Influencer Renata Myrelli vascunha lixo a procura de alimentos e outros itens Imagem: Reprodução/Instagram

Hygino Vasconcellos

Colaboração para Splash, em Balneário Camboriú (SC)

02/12/2022 07h37

A influencer Renata Myrelli, 32 anos, viralizou nas redes sociais ao mostrar sua rotina para encontrar no lixo comida, itens de higiene e até eletrônicos - ainda na caixa e funcionando. Desde 2017, ela mora com o marido nos Estados Unidos, mas só em fevereiro deste ano ela começou a fazer o dumpster diving, como é chamada a prática de vasculhar o lixo alheio.

Passados cerca de 10 meses, Renata relata que hoje 80% do que o casal consome vem do lixo, e com isso, eles passaram a economizar US$ 320 (R$ 1.663,40) nas compras do mês.

A influencer começou a fazer o dumpster diving (mergulhando na lixeira, na tradução livre) após ver vídeos de outros youtubers. Na primeira vez que foi a um desses locais ela revela que tinha receio do que poderia acontecer. "A gente tem a falsa sensação de que está pegando uma coisa de outra pessoa, fazendo a coisa errada. Não estou no meu país, então tive certo receio, medo de alguém chegar e falar alguma coisa", contou a Splash.

Na primeira "caçada", Renata encontrou meias, achocolatado, refrigerantes e 45 embalagens - em formato de bengala - com chocolate dentro. Ela também achou um secador de cabelo na caixa que, após chegar em casa, constatou que estava funcionando.

"Fiquei chocada. Nunca imaginei que houvesse tanto desperdício."

A boa repercussão dos vídeos fez Renata trocar o foco do canal no YouTube "Aventuras EUA". Antes o perfil se voltava a mostrar como era viver nos Estados Unidos e apresentava ainda viagens feitas pelo casal. Agora o "nicho" do canal é o dumpster diving.

A influencer usa luvas para revirar o lixo e adota alguns critérios na hora de escolher o que pegar. Ela dá preferência para pegar carne no inverno e evita as peças que estejam com aparência ou com cheiro estranhos. Renata também não retira do lixo produtos com embalagens rasgadas ou furadas, devido ao risco de contaminação.

No caso das frutas, ela escolhe aquelas com melhor aparência. Em muitos vídeos, a influencer aparece pegando diversas caixas de morangos que, devido à quantidade, acabam sendo congeladas e consumidas futuramente. "Já cheguei a congelar cinco pacotes de frutas."

Renata também checa a validade dos produtos ali mesmo, ao lado das caçambas de lixo, e não leva para casa o que já está vencido.

A influencer contou a Splash que, desde que iniciou com o dumpster diving, engordou 2 quilos devido à quantidade de doces e outros industrializados que encontrava. Por isso, ela também deixou de pegar esses itens.

Renata faz o dumpster diving aos finais de semana e só começa a vasculhar o lixo quando as lojas já estão fechadas, entre o final da noite e começo da madrugada. "Tem funcionário que não gosta (de quem faça dumpster diving) e já teve vezes que me pediram para sair. Então eu vou quando tem menos movimento no local."

Toda a caçada é gravada a partir de uma câmera que é fixada na testa dela - parecida com aquelas lanternas de mineiro. E, na maioria das vezes, ela vai sozinha. O marido, que é praticante de jiu-jitsu, costuma acompanhá-la algumas vezes. Porém, Renata confessa que ele não gosta que ela faça o dumpster diving.

Hoje ela organiza o "roteiro" nos dumpsters em duas rotas. Uma delas leva 40 minutos (ida e volta) para chegar aos locais e outra cerca de 30 minutos. Em média, ela passa em média por cinco a sete dumpsters por dia.

Após a coleta, ela higieniza todos os itens encontrados em casa. "Eu faço uma solução de bicarbonato e vinagre e mergulho as frutas. E lavo as embalagens (de carne, por exemplo) com água sanitária e sabão", conta Renata. Devido à grande quantidade de carne que encontra, ela acabou comprando uma segunda geladeira para guardar as peças e consumir depois — já teve até churrasco com o que ela encontrou nos dumpsters.

Entre os achados, está uma cafeteira da marca KitchenAid, que custa US$ 400 (R$ 2074,10 na cotação de hoje).

Resistência de brasileiros nos EUA

Renata observa que recebe críticas de brasileiros que moram nos Estados Unidos por fazer dumpster diving.

"Ele falam que não há necessidade de fazer isso, falam que é nojento, que estou dando mau exemplo. E tem até gente que reclama que eu não pego tudo que eu encontro, mas eu não tenho como consumir tudo."

Até pouco tempo, a influencer doava a comida excedente e as colocava em geladeiras comunitárias. Porém, ela deixou de fazer isso após o marido ser abordado na rua por um norte-americano que reclamou disso. "Meu marido ficou bastante envergonhado e eu fiquei super chateada. Daí decidi parar." Hoje, ela deixa nesses locais apenas itens de higiene.

Renata entende que há algumas questões por trás do desperdício de alimentos - e de outros itens.

"A mão de obra por aqui é muito valorizada e os produtos são muito baratos. Se quebrou um ovo de uma caixa, o patrão não vai querer que o funcionário perca tempo tirando os ovos que não quebraram e colocando numa outra caixa. Daí se joga fora".

A influencer acredita que, no caso das carnes, o desperdício pode estar relacionado a problemas na refrigeração, que estariam em desconformidade com as leis americanas.