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Padilha diz que Bolsonaro é miliciano, mas já chamou Lula de 'picareta'

O cineasta brasileiro José Padilha - Frederick M. Brown/Getty Images
O cineasta brasileiro José Padilha Imagem: Frederick M. Brown/Getty Images

Colaboração para Splash, de São Paulo

23/10/2022 16h34Atualizada em 23/10/2022 16h34

José Padilha afirmou ontem que Jair Bolsonaro (PL) é "miliciano" e estava usando o filme "Tropa de Elite 2" de maneira ilegal, sem ter autorização para isso, em campanha contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Apesar de classificar Bolsonaro como miliciano, o cineasta já havia chamado o candidato do PT de "picareta" em outro momento.

Essas foram algumas das declarações do roteirista, que acumula falas sobre política em sua carreira. Sergio Moro, Jean Wyllys e o caso Marielle também já foram comentados pelo cineasta.

Bolsonaro "miliciano"

Em vídeo postado ontem, José Padilha tratou sobre o uso indevido de trechos do filme "Tropa de Elite 2" na campanha de Jair Bolsonaro. No post, o diretor comentou sobre o assunto e deu sua opinião sobre o candidato.

"Quero lembrar ao público que o 'Tropa de Elite 2' é um filme sobre milícias. Sobre políticos eleitos com o apoio de policiais corruptos e violentos que controlam comunidades no Rio de Janeiro de forma fascista (...). Se o filme e o sistema ao qual me refiro se aplicam a algum político nessa eleição presidencial, evidentemente esse político é o Bolsonaro, e não o Lula", salientou.

Lula "picareta"

Para as eleições presidenciais de 2022, José Padilha já tinha anunciado em quem votaria. Segundo o famoso, se precisasse, votaria em Lula para presidente do Brasil.

No entanto, em 2019, o diretor pôs em xeque a honestidade do candidato pelo Partido dos Trabalhadores, afirmando que ele era "picareta".

"Qualquer pessoa razoável não consegue fingir que Lula é honesto", disse em entrevista à BBC News Brasil de 2019. Em um evento, até chegou a comentar que o PT "roubou".

Sergio Moro "samurai"

Antes de se decepcionar com Sergio Moro, José Padilha associou o juiz a um "Samurai Ronin". Em um artigo do jornal O Globo, de 2016, deu uma declaração positiva sobre sua atuação na política.

"Trilhando o caminho do meio e seguindo o código de honra dos samurais, Sanjuro fez justiça de maneira inteligente. Ora ao lado da direita e ora ao lado da esquerda, jogou um bandido contra o outro até libertar completamente a aldeia", pontuou.

Contudo, em 2019, o roteirista se arrependeu de ter feito elogios a Sergio Moro. Em texto publicado pela Folha de S.Paulo, disse que errou ao chamá-lo de "Samurai Ronin".

"Ora, o leitor sabe que sempre apoiei a operação Lava Jato e que chamei Sérgio Moro de "Samurai Ronin", numa alusão à independência política que, acreditava eu, balizava a sua conduta. Pois bem, quero reconhecer o erro que cometi", assinalou.

O caso do juiz foi motivo até de desentendimento com Wagner Moura, colega nas produções "Narcos", "Tropa de Elite" e "Tropa de Elite 2". Apesar de não terem brigado, o ator confirmou que houve troca de "mensagens duras" entre eles por divergências políticas.

Jean Wyllys

José Padilha e Jean Wyllys também trocaram farpas. O ex-deputado comentou sobre "desonestidade intelectual" com a mudança de discurso do cineasta. Com isso, o roteirista rebateu a crítica.

"Ser honesto intelectualmente é precisamente ser capaz de mudar de opinião quando os fatos contrariam as suas teses. Se os fatos (por exemplo, as falsas palestras de Lula) demonstram que Lula roubou, então Jean Wyllys seria honesto intelectualmente se tivesse a coragem de admitir que apesar de ter defendido Lula, obviamente Lula não deu as palestras pelas quais recebeu", afirmou.