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Pesquisa: 23% dos negros no Brasil se veem retratados como criminosos na TV

Jonathas Azevedo interpretando o traficante Sabiá, em "A Força do Querer" (2017) - Reprodução/TV Globo
Jonathas Azevedo interpretando o traficante Sabiá, em "A Força do Querer" (2017) Imagem: Reprodução/TV Globo

De Splash, em São Paulo

06/06/2022 15h48Atualizada em 06/06/2022 15h48

Uma pesquisa internacional feita pela empresa Paramount Global em 15 países, incluindo o Brasil, mostrou que a representatividade nas telas precisa melhorar urgentemente: 79% das pessoas ouvidas concordam que é preciso ter mais diversidade em programas de TV e filmes. Essa porcentagem sobe para 88% entre todos os negros consultados.

Somente no Brasil, 23% dos negros se sentem representados como criminosos em filmes e séries, enquanto 24% desse grupo dizem ser retratados como pessoas perigosas no audiovisual. No mundo esse percentual do grupo cai, respectivamente, para 18% e 16%. Os números fazem parte da pesquisa "Refletindo-me: Representação Global na Tela" e foram divulgados hoje pela CNN Brasil.

De acordo com a pesquisa, 9 em cada 10 pessoas concordam que a representatividade no audiovisual tem um impacto no mundo e influencia a percepção que todos têm sobre determinados grupos ou pessoas.

Outro dado aponta que 52% dos que participaram do levantamento globalmente afirmam se sentir mal representados e sentem que certos grupos e identidades precisam ser retratados nas telas "com mais precisão", ou seja, de forma compatível com a realidade sem estereotipar.

Ainda segundo a pesquisa, a má representação no audiovisual é apontada por pessoas com deficiência — 40% deles dizem não ver corpos como os seus nas telas dos cinemas ou da TV — e membros da comunidade LGBTQIA+. Quase 60% dos que sentem que sua identidade de gênero está mal representada afirmam que tanto suas autoestimas quanto a confiança são afetadas devido a isso.

"A cultura e as comunidades locais afetam as percepções sobre a representatividade. Os fatores que fazem com que as pessoas se sintam mal representadas variam de país para país", informa comunicado da Paramount Global em seu site.

Nos 15 países pesquisados, tanto raça e etnia como condições financeiras são questões, mas ainda assim existem muitas diferenças regionais. Raça e etnia não são uma questão importante na Alemanha, Argentina, Chile, Itália e Polônia, enquanto idade é importante na Alemanha, Austrália, Polônia e Reino Unido. No Brasil, Malásia e Singapura a religião também é um fator importante para representatividade.

"Portanto, o quão bem representado você se sente, não depende apenas de quem você é, mas também de onde você está", conclui o estudo.

A pesquisa contou com 15.387 pessoas com idades entre 13 e 49 anos que fizeram entrevistas por vídeos e exercícios digitais para a consolidação dos resultados em 15 países diferentes ao redor do mundo: Argentina, Austrália, Brasil, Chile, Alemanha, Itália, Malásia, México, Holanda, Nigéria, Polônia, Cingapura, África do Sul, Reino Unido e Estados Unidos.