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Maria Rita desabafa sobre comparações com Elis Regina: 'Estou cansada'

Maria Rita (Foto/ Reprodução Instagram) - Reprodução / Internet
Maria Rita (Foto/ Reprodução Instagram) Imagem: Reprodução / Internet

Colaboração para Splash, no Rio de Janeiro

19/01/2022 11h09

Maria Rita, de 44 anos, desabafou sobre as comparações em torno dela e da sua mãe, Elis Regina. A cantora disse que está "cansada" e prometeu para si mesma que não falará mais sobre isso.

Em uma entrevista ao jornal "O Globo", Maria disse que tem uma carreira consolidada, e as comparações incomodam mesmo após 20 anos de estrada.

"Prometi para mim mesma que eu não ia mais falar sobre isso. Esta é a última vez. Não me oponho a falar da minha mãe. Mas, para responder se as comparações me incomodam, estou cansada. Não vejo mais por que ficar nessa conversa. Tenho 20 anos de carreira, oito Grammys Latinos, minha carreira está sólida, tenho muita coisa para fazer", afirmou ela.

A cantora disse que sua filha, Alice, 9, "acha vovó Elis linda" e confunde Maria Rita em algumas fotos e em músicas. "Ela me acha parecida com minha mãe. Às vezes toca alguma música no rádio ou num restaurante, e ela pergunta: 'Mãe, essa é você ou é a vovó?' Eu digo: 'É a vovó'. Um dia ela vai entender a diferença", afirmou Maria Rita.

Maria Rita lembrou quando descobriu como a mãe morreu. Durante uma viagem com o pai, o pianista Cesar Camargo Mariano, a cantora abriu um livro sobre a mãe. Era um pequeno volume de uma coleção de grandes figuras nascidas no Rio Grande do Sul.

"Foi bem ruim. Na adolescência é quando a gente descobre que nossos pais não são perfeitos. E foi quando eu descobri tudo. Descobri sozinha, sem amparo. Não entendi, fiquei confusa demais", disse.

Na entrevista, a cantora contou que já temeu pela carga genética que pudesse carregar, já que a dependência química pode ser hereditária. No entanto, o contato de Elis com a cocaína foi tão rápido e intenso, nos últimos anos de vida, que seria difícil medir averiguar pelo DNA.

"A gente busca não julgar o outro. Mais velha, vivendo a minha vida, nesse meio da música, casada, dois filhos, com todos os desafios da vida adulta de uma mulher numa sociedade machista, eu entendi. Entendi a fuga, entendi a busca, entendi a insegurança", afirmou Maria Rita.

Ela disse que tem "pavor de drogas", não fuma e "bebe socialmente". "Tenho medo do descontrole. Se tivesse tido a oportunidade de conviver com a minha mãe, seria uma dúvida que eu teria de tirar com ela: como uma mulher tão determinada, tão forte, permitiu-se perder o controle? Mas aí tem a adicção, que é uma das piores doenças. É um sofrimento monstruoso para a família, para a pessoa", contou.

Ela acredita que a sociedade machista que se vive contribuiu na fama de temperamental que sua mãe carregou. "Era um ser humano que tinha suas falhas, com um senso de humor ácido, personalidade difícil. Mas muito do que as pessoas veem tem relação com a força da mulher, a intensidade. A mulher é sempre a louca, a difícil", disse.

Desabafo nas redes

Na semana passada, Maria Rita usou as suas redes sociais para fazer um desabafo sobre as comparações que recebe até hoje por ter gravado um álbum em homenagem à sua mãe, Elis Regina, em 2012.

Em seu perfil oficial no Twitter, a cantora afirmou que nunca quis ser igual à sua mãe e que só quer "buscar paz dentro do cenário onde Elis é de todos", mas apenas sua mãe.

A artista também disse que a própria Elis não gostaria que a filha fosse criticada e que as duas até têm tons de voz diferentes.

"Não, nossas interpretações não são iguais. E sim: as dela são e sempre serão infinitamente melhores — do que de quaisquer cantoras. Não só euzinha aqui", escreveu.

Confira o desabafo completo de Maria Rita abaixo:

"Acho curioso quando dizem que têm ranço de mim porque eu dizia que não gostaria que me comparassem à minha mãe (no início da minha carreira), mas que gravei um disco/DVD em homenagem a ela (10 anos depois). Não querer me comparar tinha — e tem — dois principais motivos: 1. Ser eu, ser livre para cometer meus erros e ter minhas conquistas, escrever uma história distinta à dela; 2. Ninguém se compara à incomparável. Ninguém."

"Outro lance que fico pensando é isso de exaltarem a mãe a partir de ataques à filha. Mano: faz isso não. É feio. Ninguém gostaria de passar por isso — principalmente uma mãe. Não era o caso da minha mãe. Me deixa. E sim: a minha voz é mais grave e mais 'suave'. Eu sou alto/contralto, minha mãe alto/soprano. Vale dar uma estudada para para entender que, por causa disso, nossas extensões são diferentes (mas tem maestro que diz que a minha extensão é incrível)."

"Para além disso: não, nossas interpretações não são iguais. E sim: as dela são e sempre serão infinitamente melhores — do que de quaisquer cantoras, não só eu euzinha aqui. Né?"

"E para terminar: não, eu não quero ser igual à minha mãe. Eu só quero buscar alguma paz dentro desse cenário onde a Elis é de todos, mas a mãe é minha. Aliviem, vai. Já tenho 20 anos de carreira, 8 Grammys, sei lá quantas turnês pelo país e pelo mundo. Mas se quisesse: MINHA MÃE ERA F***! E eu estaria bem no meu direito de me inspirar nessa mulher incrível. Meu direito e minha honra. Esse legado dela é o maior presente que ela me deixou."

"E prestem atenção: amadurece aí, porque minha mãe não merece esse nhem-nhem-nhem não — e, honestamente, nem eu. Nossa história, a minha e a dela, é tão mais maneira que isso. Ela me amava loucamente, quase pirou quando eu nasci, dizia que eu era a companheira dela. Amor de mãe! PS: eu acho que canto para c*****o! Mas não chego aos pés de dona Elis. Mas quem chega?"