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Badauí repassa carreira, defende legalização da maconha e critica Bolsonaro

Fernando Badaui, vocalista do CPM 22 Reprodução / Instagram

De Splash, em São Paulo

25/05/2021 04h00

Fernando Badauí tem 45 anos de vida, 26 deles dedicados ao CPM 22.

Mesmo participando de outros projetos musicais, sendo dono de restaurante, influencer digital e amante do Corinthians, da maconha e da cerveja, Badauí é, principalmente, "aquele cara do CPM".

Splash bateu um papo via Zoom com o vocalista da banda para repassar a carreira e tentar entender se é possível imaginar o Badauí sem CPM.

Sempre amei o estilo de música do CPM e hoje é minha profissão. Minhas atividades 'paralelas' só existem pela banda, pelo nome que fiz. Não tem como separar uma coisa da outra.
Badauí
Imagem: Renan Olivetti/Divulgação

Durante a pandemia do novo coronavírus, a banda não ficou parada. Rolou lançamento de single inédito, live acústica e até show drive-in.

O cantor diz que a sensação de fazer um show para um público dentro de carros lembrou um filme de ficção científica. Mesmo classificando a experiência como fria, ele diz que teve o lado bom de fazer dinheiro para equipe do backstage.

A galera estava precisando e a gente estava com muita saudade do palco. Foi um show frio, gelado, mas é algo que espero lembrar no futuro como um evento atípico.
Badauí

Lado bom...

Relembrando a carreira do CPM 22, Badauí acredita que todo álbum fica marcado. Porém, o trabalho "Cidade Cinza" tem um quê de diferente.

Lançado pela Arsenal Music, de Rick Bonadio, em parceria com a gravadora Universal, o álbum ganhou o Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock Brasileiro em 2007. Porém, ele reclama da falta de divulgação do trabalho num momento complicado da banda.

O Wally [guitarrista] saiu da banda após o álbum, não tocamos tanto nas rádios. Era um período difícil e faltou o suporte. Porém, vencer o Grammy ajudou a ficarmos em evidência.
Badauí

Outro ponto alto da banda na visão de Badauí foram as presenças constantes nos festivais, muitos deles como banda principal. Para o vocalista, essa marca dá uma dimensão do tamanho do CPM.

Após o 'Cidade Cinza', saímos da gravadora. Éramos uma banda que sempre tinha lançamento e conseguimos continuar participando de grandes festivais como Planeta Atlântida e João Rock, e o próprio Rock in Rio em 2015.

...e lado nem tão bom.

Mas nem só de coisas boas vive a trajetória de uma banda. O rompimento com o empresário e produtor Rick Bonadio não foi dos mais amigáveis.

Badauí faz questão de reforçar que o trabalho com Rick rendeu bons frutos e que não rolou atritos entre as duas partes até a decisão do CPM de respirar novos ares. Segundo o cantor, a declaração do empresário de que a banda deu um "chapéu financeiro" nele é mentirosa.

Essa declaração dele me incomodou. Na verdade, a gente saiu bem fodido de grana. Mas, olhando bem, tivemos mais coisas boas do que ruins naquele período.
Badauí

Outro fato mais recente da trajetória da banda foi a saída do baterista Japinha após conversas com uma jovem menor de idade. As mensagens eram de 2012, quando ele tinha 38 e ela 16.

O vocalista reforçou as declarações da banda à época e disse que colocou uma pedra no assunto.

Quem substitui Japinha na nova formação do CPM é Daniel Siqueira, que também integra a banda de hardcore Garage Fuzz.

Aqui [no CPM 22] não tem máscara. Teve um erro, uma forma equivocada de conduzir a situação e ficou insustentável. Mas o legado dele está marcado. Prefiro olhar para frente.
Badauí

Roqueiro progressista

Há semanas, uma discussão entre Pe Lu, ex-Restart, e Digão, do Raimundos, levantou debate sobre o posicionamento de artistas do rock com relação à política nacional.

Pe Lu criticou o que ele chamou de roqueiros reaças, mencionando o nome de Digão, e dizendo que não é possível ficar em cima do muro ao falar do governo de Jair Bolsonaro (sem partido).

Badauí concorda que é necessário se posicionar contra o que ele classificou como "governo autoritário". Se dizendo de centro-esquerda, o vocalista do CPM 22 afirmou que defende a pluralidade de ideias, e até por isso é radicalmente contra um regime que tem a oposição como inimiga.

Fiz críticas ao governo Dilma e o debate é fundamental para democracia. Quando você trata de governos autoritários, nós, democratas, temos que colocar nossa visão.
Badauí

Futebol, maconha e cerveja

Quem acompanha Badauí nas redes sociais sabe que ele tem uma paixão tão grande quanto pelo punk rock: o futebol. Ou melhor, o Corinthians.

Adepto da campanha contra o futebol moderno, ele diz que nunca assistiu a um jogo do seu time de coração em um camarote.

Música, pra mim, não tem competição nenhuma. Futebol tem.

Quando falo de futebol moderno, não é o futebol como produto, isso é inevitável. Mas sou contra não permitir torcida adversária, instrumentos, sinalizadores, coisas que são de festa e raramente dá problema. As brigas são fora do estádio, em metrô, coisas marcadas pela internet.

O também empresário e responsável pelo bar Cão Véio diz que a pandemia causou muitos prejuízos aos seus negócios. No momento difícil, ele também perdeu o amigo e sócio Marcos Kichimoto. que morreu de infarto.

Ter um negócio não é fácil no Brasil. Mas tenho uma equipe incrível, que ajuda demais. A pandemia complicou, estamos com muitas coisas atrasadas, mas vamos superar.
Badauí

Além das bandeiras do futebol e da cerveja, Badauí é defensor da legalização da maconha. O cantor diz que o debate vem crescendo no país nos últimos anos e ele acredita numa regulamentação para o consumo da droga num futuro.

Eu luto pela liberação total do uso de cannabis. O cultivo caseiro pode atingir o tráfico no coração, com uma regulamentação adequada. A discussão já ajuda a sociedade a evoluir.
Badauí

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