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Curadores resolvem mistério por trás de frase oculta escrita em 'O Grito'

"O grito" (1893) de Edvard Munch esconde uma frase oculta: "só poderia ter sido pintado por um louco" - Museu Nacional da Noruega
'O grito' (1893) de Edvard Munch esconde uma frase oculta: 'só poderia ter sido pintado por um louco' Imagem: Museu Nacional da Noruega

Colaboração para o UOL, em São Paulo

22/02/2021 11h57

"Só poderia ter sido pintado por um louco": essa frase, que está escrita no canto superior esquerdo do quadro 'O Grito' (1893), do pintor norueguês Edvard Munch, chama a atenção do mundo da arte há décadas. Muitos especialistas têm se perguntado quem teria registrado essa sentença enigmática na pintura, mas finalmente o mistério foi desvendado.

De acordo com o jornal The New York Times, curadores do Museu Nacional de Arte, Arquitetura e Design da Noruega anunciaram hoje que o autor da frase é o próprio Munch, derrubando uma famosa teoria anterior, que dizia que a obra tinha sido depredada por um vândalo desconhecido.

"Ela [a frase] foi examinada com muito cuidado, letra por letra e palavra por palavra, e é idêntica em todos os aspectos à caligrafia de Munch", explicou Mai Britt Guleng, curadora do museu e líder da pesquisa. "Portanto, não há mais dúvidas [de que o próprio artista escreveu a frase]", garantiu.

Para chegarem à conclusão de que Munch era o responsável, os pesquisadores utilizaram fotografia infravermelha para deixar a minúscula sentença escrita por ele mais legível.

A hipótese é que o artista deixou o recado como resposta às críticas que recebeu em 1895. Naquele ano, ocorreu um debate durante uma exibição na Associação de Estudantes da Universidade de Oslo, na qual o estudante de medicina, Johan Scharffenberg, questionou o estado mental do pintor, chamando-o de "louco".

Mas o gênio da arte não teria gostado de ser ligado à ideia de "loucura". Na verdade, Munch dizia em vida que teve "uma rajada de melancolia" ao criar "O Grito". Desde então, o quadro virou um símbolo da angústia existencial.

Assim, a frase seria nada menos do que o artista sendo irônico com os seus críticos. "Ao escrever essa inscrição nas nuvens, ele tomou posse, de certa forma, ou assumiu o controle de como deveria ser percebido e compreendido", disse a curadora.