O novo filme do Paul Thomas Anderson, "Licorice Pizza", chega aos cinemas com 3 indicações ao Oscar: Melhor Filme, Direção e Roteiro Original.

Vem também com elogios e críticas: enquanto uns adoram a Los Angeles dos anos 70, outros recriminam o romance que envolve um menor de idade.

Licorice Pizza

Lançamento: 2022 Duração: 133min Pais: Estados Unidos Status: Em Cartaz Direção: Paul Thomas Anderson Roteiro: Paul Thomas Anderson

Pontos Positivos

• Ambientação em Los Angeles dos anos 70 e trilha sonora da época de primeira
• Direção e roteiro envolventes, como (praticamente) todos os filmes do P.T. Anderson
• Ótimas atuações de dois atores novatos, que têm muito carisma e magnetismo

Pontos Negativos

• Os personagens reais que inspiram as participações de Sean Penn e Bradley Cooper não são conhecidos do público brasileiro
• O filme é um pouco mais longo do que os 90' usuais, pode ser uma questão para quem não está acostumado a ficar tanto tempo na tela (embora eu mesma nem tenha sentido o tempo passar)

São as diferenças de experiência e temperamento dos protagonistas que formam o eixo do filme: Gary Valentine (Cooper Hoffman) é super jovem, mas já trabalha há anos, é conectado e ambicioso; e Alana Kane (Alana Haim), a grande estrela do filme, apesar de mais velha, está meio perdida na vida e mora com os pais e as irmãs —e eles são a família real da atriz.

A diferença de idade é definitiva, mas existe entre eles uma relação emocional, intensa, que faz com que os protagonistas conversem e andem e corram pra lá e pra cá o tempo todo pelo San Fernando Valley, um lugar que, do jeito que é retratado pelo cineasta, parece um alegre e leve devaneio, onde tudo pode existir, desde um salão de pinball até uma loja de colchões de água (anos 70 ao extremo), e a sede da campanha de um político que tanto lembra "Taxi Driver". Porque, claro, pode haver perigo na esquina...

Antes que perguntem, porque muita gente sai do filme e não vê, nem ouve falar em pizza, muito menos de alcaçuz (licorice, em inglês)!!! Esse era o nome de uma cadeia de lojas de discos de vinis da Califórnia na época, uma referência ao que a gente identifica como "bolachão"(alguém aí lembra das lojas Hi-Fi, por falar nisso?).

Uma curiosidade sobre a escolha do elenco, já que tanto Cooper como Alana são novatos e o cineasta costuma trabalhar com atores do calibre de Daniel Day Lewis e Julianne Moore: Cooper é filho do falecido Phillip Seymour Hoffman- aliás, muito parecido com ele- que era um dos atores preferidos de P.T.; já Alana faz parte de uma banda com suas irmãs, as Haim Sisters, e P.T. dirigiu vários clipes delas, e elas já tiveram indicação ao Grammy, etc.

Mas daí até saber que Alana seria uma revelação nas telas, foi uma aposta alta, e muito bem feita. Ela faz a gente ficar grudado no filme - e nela- até o fim, uma qualidade que o próprio diretor disse ter experimentado e que foi o que o levou a convidá-la.

Alana também cresceu e mora no "Vale", o subúrbio de Los Angeles, como P.T. Anderson, lugar que ele já mostrou em outros filmes seus como "Boogie Nights" e "Magnolia".

Mas "Licorice Pizza" traz outros elementos autobiográficos, como personagens baseados em pessoas da época, contribuindo para um ambiente nostálgico de Hollywood, e com participações audaciosas- e deliciosas- de Sean Penn, Tom Waits e Bradley Cooper.

E tem aquela atenção especial à trilha sonora da época, que coloca a gente no "mood" certo e inclui David Bowie, Paul McCartney com Wings, Sonny e Cher.

É quase uma versão de Anderson, numa narrativa rara e alegre, para "Era uma vez. . . em Hollywood".