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400 mil franceses devem ser afetados pela proibição de entrar nos EUA

Imagem: Getty Images/iStockphoto

Da RFI

12/03/2020 09h31

A proibição de entrada de europeus nos Estados Unidos pelo período de um mês devido à epidemia de coronavírus constitui "uma catástrofe", afirmaram nesta quinta-feira (12) operadores turísticos franceses. A medida deve afetar cerca de 400.000 pessoas com viagens de turismo ou negócios previstas, segundo os cálculos do setor. Já os hotéis da França estão preocupados com uma parada brutal da chegada de americanos no país.

"Esta é a pior notícia para as companhias aéreas e o pior cenário para nós", disse René-Marc Chikli, presidente do Seto, o sindicato das operadoras de turismo da França. Ele estima que pelo menos 100.000 franceses tinham pacotes de viagens comprados para os meses de março e abril.

Na noite desta quarta-feira (11), o presidente americano Donald Trump anunciou que "para impedir novos casos de contaminação" nos Estados Unidos, suspenderia todas as viagens da Europa para o país pelos próximos 30 dias. "Decidi adotar medidas fortes, mas necessárias para proteger a saúde e o bem-estar de todos os americanos", disse Trump em mensagem à nação do Salão Oval da Casa Branca.

A medida se aplicará a todos que estiveram durante os 14 dias prévios à chegada aos EUA em qualquer país do espaço Schengen, exceto para americanos e residentes permanentes. A nova determinação entrará em vigor à meia-noite de sexta-feira (13) e não envolverá o Reino Unido. Trump ainda lamentou que a União Europeia não tenha sido prudente como os Estados Unidos.

Durante seu discurso de 10 minutos, o presidente definiu como um "vírus estrangeiro" o Covid-19, que já está presente em 100 países. "A União Europeia falhou ao não tomar a mesma precaução que estamos tomando agora, de restringir viagens da China e outros lugares com focos da doença. O resultado é que surgiram vários focos nos EUA, gerados por viajantes europeus", afirmou Donald Trump.

O novo coronavírus já matou 38 pessoas nos EUA, onde há 1.200 casos confirmados, segundo estatísticas da universidade americana Johns Hopkins.

A decisão da Casa Branca pegou de surpresa as agências de viagens francesas. O presidente da Travel Companies, que representa as empresas do setor, estima que entre 300.000 e 400.000 franceses deveriam viajar para os Estados Unidos nos três próximos meses para lazer ou trabalho. "É dramático e catastrófico para a indústria de viagens de negócios e lazer", lamentou.

Salvar empregos

O Ministério francês da Europa e Relações Exteriores, responsável pelo turismo, confirmou que o Secretário de Estado Jean-Baptiste Lemoyne receberá os profissionais do setor na manhã de sexta-feira (13).

"Nosso único objetivo agora será manter as empresas vivas: as mais frágeis têm apenas algumas semanas de caixa pela frente, as mais sólidas, talvez seis meses", sublinhou René-Marc Chikli.

"Os Estados Unidos são um mercado enorme para nós, que estava crescendo a dois dígitos. Se durar apenas um mês, ainda podemos salvar a temporada de verão. Já havia cerca de vinte países que recusavam os europeus ", lembrou.

Na esteira dos anúncios de Donald Trump, o Departamento de Estado dos EUA também apelou aos americanos para evitarem viajar para o exterior. A recomendação que já havia sido feita em relação à Itália, agora foi ampliada para qualquer país. A advertência destaca que os americanos que viajarem para o exterior correm o risco de ficar retidos em muitas nações, incluindo aquelas onde ainda não há casos de coronavírus, uma vez que o trânsito de pessoas pode ser restringido sem aviso prévio.

Os Estados Unidos são responsáveis pelo maior contingente de turistas estrangeiros na região de Île-de-France, com 2,6 milhões de hospedagens em hotéis da grande Paris no ano passado.

"Em 2019, 5 milhões de americanos vieram para a França e, até então, os números mantinham-se nesse nível. O impacto se multiplicará muito rapidamente, nas horas e dias que virão, já que muitos países tomarão essas mesmas providências", reagiu Roland Héguy, presidente da Umih, a principal organização da indústria hoteleira e de alimentação da França.

"Não vemos luz no fim do túnel. Até quando isso vai durar? Como a atividade poderá recomeçar? Não sabemos nada ainda", lamentou Héguy.

Segundo a Umih, 95% dos hotéis, cafés e restaurantes já são afetados por uma queda na frequentação devido à epidemia de Covid-19, com uma queda na rotatividade que varia de 40% a 80%, em média, dependendo da extensão das medidas de confinamento.

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