Para dirigente, biotipo e outros fatores atrapalham tenistas sul-americanas
Redação Central, 21 jul (EFE).- Falta de fundos e desinteresse dos patrocinadores, preconceitos culturais e familiares, um biotipo que não coincide com o dominante e um padrão de jogo antiquado explicam a presença de apenas duas tenistas sul-americanas no top 100 do ranking mundial.
Das 100 melhores do circuito, segundo o ranking divulgado na última segunda-feira, apenas duas representam países da América do Sul: a brasileira Beatriz Haddad Maia, 81ª colocada da lista da WTA, e a paraguaia Verónica Cepede, 84ª. Há 68 europeias, além de americanas, chinesas e japonesas, entre outras, e uma terceira representante da América Latina, a porto-riquenha Mónica Puig.
Puig, que chegou a ser a número 27 do mundo e atualmente é a 68, é a dona do grande resultado de tenistas latino-americanas nesta década: o ouro olímpico nos Jogos do Rio de Janeiro, no ano passado.
"Há um problema no tênis sul-americano com o biotipo. As jogadoras que dominam o circuito são altas, fortes, e a jogadora daqui é, com algumas exceções, pequena, baixinha", comentou o brasileiro Cesar Kist, responsável de desenvolvimento da Federação Internacional de Tênis (ITF) na América do Sul, em entrevista à Agência Efe.
Esse é, na visão do dirigente, apenas um dos motivos para a falta de resultados expressivos das mulheres da região. A ITF destina ao subcontinente um orçamento de US$ 1,25 milhão em programas de desenvolvimento, sem distinção de sexo, o que não é suficiente, como ele mesmo admitiu.
"Sempre é necessário mais dinheiro. O orçamento é limitado, embora tenha melhorado 40% em relação ao ano passado. Impulsionar o tênis feminino por aqui é um desafio de muitos anos atrás", afirmou.
Até a parte familiar e de criação é um empecilho, de acordo com Kist, que é ex-tenista. Ele relatou que são poucas as meninas que almejam fazer carreira na modalidade.
"Não há muitas jogadoras que tenham o sonho de ser profissional, de ser a número 1 do mundo. Não há uma motivação intrínseca. Além disso, a maioria das jogadoras pertence a famílias com renda média-alta, têm tudo na vida e não querem lutar, sair do país, ir para a Europa por uma temporada", analisou.
"O tênis feminino passa hoje pela Europa. É preciso estar lá por dois ou três meses para disputar torneios e enfrentar as melhores. Porém, os pais não gostam as suas filhas viajem sozinhas porque, por educação, as famílias são muito protetoras", completou.
O representante da ITF na América do Sul comentou também que para colocar novas tenistas no top 100 é preciso mudar o estilo de jogo das atletas da região.
"Uma solução é mudar o padrão de jogo da latina, que tem um tênis de fundo de quadra, não de estar à frente, de subir à rede", apontou Kist, que detalhou como isso vem sendo feito na prática.
"Dois especialistas, o paraguaio Alfredo de Brix e o argentino Mario Bravo, viajam e reúnem durante quatro dias 16 meninas de entre 12 e 16 anos. Elas vão com os seus treinadores, porque são eles quem têm de aplicar as ideias e continuar trabalhando para tentar mostrá-las o padrão do tênis feminino moderno", declarou o dirigente, que acrescentou que a equipe também conta com um psicólogo, o argentino Claudio Sosa, para trabalhar o aspecto emocional.
A salvadorenha Cecilia Ancalmo, que exerce a mesma função de Kist na ITF, mas para a América Central, o Caribe e o México, destacou ser necessário um intercâmbio para que as tenistas trabalhem com outros treinadores.
"Há uma certa falta de experiência dos nossos treinadores em produzir jogadoras de nível. Por isso, a ITF investe muito em capacitação de treinadores. Temos um programa pelo qual algumas meninas vão para Valência (Espanha) e fazem um curso durante seis semanas, vão a torneios grandes. É bom ir mostrando-lhes o tênis desse nível", disse Cecilia, que considera Puig um exemplo de como desenvolver a carreira de uma latino-americana.
"Mónica sempre trabalhou com treinadores do seu país, mas em algum momento começou a trabalhar com europeus", salientou à Efe.
A dirigente vê Puig como uma inspiração para as mais jovens da região, principalmente depois da conquista do título no Rio, que representou o primeiro ouro olímpico da história de Porto Rico.
"Os resultados dela motivam as novas jogadoras. Temos de aproveitá-la porque fez tudo, não ganhou nada de presente. Pouco ou muito, tudo que tem foi fruto de muito esforço", enalteceu.
Das 100 melhores do circuito, segundo o ranking divulgado na última segunda-feira, apenas duas representam países da América do Sul: a brasileira Beatriz Haddad Maia, 81ª colocada da lista da WTA, e a paraguaia Verónica Cepede, 84ª. Há 68 europeias, além de americanas, chinesas e japonesas, entre outras, e uma terceira representante da América Latina, a porto-riquenha Mónica Puig.
Puig, que chegou a ser a número 27 do mundo e atualmente é a 68, é a dona do grande resultado de tenistas latino-americanas nesta década: o ouro olímpico nos Jogos do Rio de Janeiro, no ano passado.
"Há um problema no tênis sul-americano com o biotipo. As jogadoras que dominam o circuito são altas, fortes, e a jogadora daqui é, com algumas exceções, pequena, baixinha", comentou o brasileiro Cesar Kist, responsável de desenvolvimento da Federação Internacional de Tênis (ITF) na América do Sul, em entrevista à Agência Efe.
Esse é, na visão do dirigente, apenas um dos motivos para a falta de resultados expressivos das mulheres da região. A ITF destina ao subcontinente um orçamento de US$ 1,25 milhão em programas de desenvolvimento, sem distinção de sexo, o que não é suficiente, como ele mesmo admitiu.
"Sempre é necessário mais dinheiro. O orçamento é limitado, embora tenha melhorado 40% em relação ao ano passado. Impulsionar o tênis feminino por aqui é um desafio de muitos anos atrás", afirmou.
Até a parte familiar e de criação é um empecilho, de acordo com Kist, que é ex-tenista. Ele relatou que são poucas as meninas que almejam fazer carreira na modalidade.
"Não há muitas jogadoras que tenham o sonho de ser profissional, de ser a número 1 do mundo. Não há uma motivação intrínseca. Além disso, a maioria das jogadoras pertence a famílias com renda média-alta, têm tudo na vida e não querem lutar, sair do país, ir para a Europa por uma temporada", analisou.
"O tênis feminino passa hoje pela Europa. É preciso estar lá por dois ou três meses para disputar torneios e enfrentar as melhores. Porém, os pais não gostam as suas filhas viajem sozinhas porque, por educação, as famílias são muito protetoras", completou.
O representante da ITF na América do Sul comentou também que para colocar novas tenistas no top 100 é preciso mudar o estilo de jogo das atletas da região.
"Uma solução é mudar o padrão de jogo da latina, que tem um tênis de fundo de quadra, não de estar à frente, de subir à rede", apontou Kist, que detalhou como isso vem sendo feito na prática.
"Dois especialistas, o paraguaio Alfredo de Brix e o argentino Mario Bravo, viajam e reúnem durante quatro dias 16 meninas de entre 12 e 16 anos. Elas vão com os seus treinadores, porque são eles quem têm de aplicar as ideias e continuar trabalhando para tentar mostrá-las o padrão do tênis feminino moderno", declarou o dirigente, que acrescentou que a equipe também conta com um psicólogo, o argentino Claudio Sosa, para trabalhar o aspecto emocional.
A salvadorenha Cecilia Ancalmo, que exerce a mesma função de Kist na ITF, mas para a América Central, o Caribe e o México, destacou ser necessário um intercâmbio para que as tenistas trabalhem com outros treinadores.
"Há uma certa falta de experiência dos nossos treinadores em produzir jogadoras de nível. Por isso, a ITF investe muito em capacitação de treinadores. Temos um programa pelo qual algumas meninas vão para Valência (Espanha) e fazem um curso durante seis semanas, vão a torneios grandes. É bom ir mostrando-lhes o tênis desse nível", disse Cecilia, que considera Puig um exemplo de como desenvolver a carreira de uma latino-americana.
"Mónica sempre trabalhou com treinadores do seu país, mas em algum momento começou a trabalhar com europeus", salientou à Efe.
A dirigente vê Puig como uma inspiração para as mais jovens da região, principalmente depois da conquista do título no Rio, que representou o primeiro ouro olímpico da história de Porto Rico.
"Os resultados dela motivam as novas jogadoras. Temos de aproveitá-la porque fez tudo, não ganhou nada de presente. Pouco ou muito, tudo que tem foi fruto de muito esforço", enalteceu.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.