Campeonato Espanhol quer conquistar Ásia com clássico Real-Barça
Madri, 20 dez 2017 (AFP) - O futebol espanhol mira o oriente e aposta na força de seu maior clássico, o duelo Real Madrid-Barcelona, que pela primeira vez será disputado em um horário nada habitual para garantir a maior visibilidade em terras asiáticas.
Com 650 milhões de espectadores previstos, ou seja, um décimo da população mundial, o clássico entre o Real Madrid de Cristiano Ronaldo e o Barcelona de Lionel Messi é o mais visto no mundo.
O duelo é uma máquina de arrecadação para a Liga, que tem na rivalidade permanente entre os dois gigantes uma de suas principais atrações.
"É a vitrine ideal e a partida principal, o chamariz para que as pessoas assistam ao futebol espanhol", explica à AFP José Maria Gay de Liébana, economista da Universidade de Barcelona.
Este especialista em economia do esporte enfatiza que o campeonato espanhol gera, segundo algumas estimações, entre 10 e 15 bilhões de dólares em receita, ou seja, entre 1 e 1,5% do PIB espanhol, e calcula que as receitas diretas e indiretas geradas unicamente pelo clássico se elevam a "várias centenas de milhões de euros".
Segundo recente estudo da empresa de consultoria Nielsen, o clássico de dezembro de 2016 no Camp Nou (1-1) rendeu 36 milhões de euros de exposição midiática para as diferentes marcas patrocinadoras dos dois clubes.
- Um horário para a Ásia -O horário escolhido de 13h00 em Madri -10h da manhã no horário de Brasília- para o pontapé do clássico tem como objetivo cativar os mercados asiáticos: serão 20h00 em Xangai, 19h00 em Jacarta e 17h30 em Nova Délhi.
"Queremos oferecer a nossos torcedores na Ásia a oportunidade de ver o duelo entre Real Madrid e Barcelona num horário adaptado a eles", declarou à AFP Joris Evers, diretor de comunicação mundial da Liga espanhola (LaLiga), antes de completar que "também queremos ganhar novos torcedores".
Em termos de arrecadação com venda de direitos de transmissão, a zona Ásia-Oceania rendeu à LaLiga uma receita de 122 milhões de euros em 2016-2017, valor muito inferior em relação à Espanha (911 milhões de euros), América (212 milhões) e Europa (148 milhões).
Mas os desafios crescem ainda mais quando se trata de marketing, admite Gay de Liébana.
"A China e outros países emergentes têm classes médias que cada vez têm mais poder aquisitivo, por consequência estão em condições de gastar mais. E, através do futebol, vão entrando uma série de marcas", explica.
- Duelo de titãs Liga-Premier -O outro objetivo é relacionado à competição entre campeonatos: atualmente, a Premier League inglesa domina o mercado dos direitos de transmissão com cerca de 3,3 bilhões de euros em receitas a cada temporada, contra 1,6 bilhão da LaLiga.
O risco para a Espanha é ficar para trás financeiramente e ver suas estrelas indo embora. Daí surgiu a necessidade de rivalizar no estrangeiro, com a abertura de escritórios próprios em Cingapura, Pequim e Nova York.
Nesta linha, o primeiro Barça-Real da temporada aconteceu em final de julho... nos Estados Unidos (3-2), um amistoso de pré-temporada com cara de ação comercial, à espera de poder realizar algumas partidas do Campeonato Espanhol no estrangeiro a partir da próxima temporada, como propôs o entusiasta presidente da LaLiga, Javier Tebas.
"A Ásia é um mercado muito importante para o Barça", reconheceu recentemente Josep Maria Bartomeu, presidente do Barcelona, cujo patrocinador master é a empresa japonesa Rakuten. Atlético de Madrid, Valencia e Espanyol possuem acionistas asiáticos.
- Dilema para a torcida -Mas como fica a situação dos torcedores espanhóis com um pontapé inicial marcado para 13h00, num país que culturalmente começa a pensar no almoço a partir de 14h00?
Esta mudança de horário foi recebida com críticas na LaLiga, como explicou Javier Tebas durante coletiva de imprensa em Cannes, no meio do ano.
"Foi uma revolução na Espanha, todo mundo queria me matar, desde os torcedores das Ilhas Canárias aos de Bilbao, passando pela direção do Real Madrid, todos", lembrou.
No fim, a mudança nos horários se deveu principalmente ao fato de que não se pode rivalizar com a televisão, devido aos lugares limitados dentro do estádio.
Apesar do interesse na Ásia e em seus bilhões de habitantes e potencias consumidores, Gay de Liébana ressalta a importância de dar-se um foco maior ao rico mercado norte-americano e sua ampla comunicada hispana.
"Não se pode esquecer, na minha opinião, da América. A LaLiga saberá o que está fazendo se jogar a partida às 13h00, me parece ótimo, mas eu também faria questão que o horário encaixasse com a América", concluiu.
jed/gr/am
RAKUTEN
NIELSEN HOLDINGS
Com 650 milhões de espectadores previstos, ou seja, um décimo da população mundial, o clássico entre o Real Madrid de Cristiano Ronaldo e o Barcelona de Lionel Messi é o mais visto no mundo.
O duelo é uma máquina de arrecadação para a Liga, que tem na rivalidade permanente entre os dois gigantes uma de suas principais atrações.
"É a vitrine ideal e a partida principal, o chamariz para que as pessoas assistam ao futebol espanhol", explica à AFP José Maria Gay de Liébana, economista da Universidade de Barcelona.
Este especialista em economia do esporte enfatiza que o campeonato espanhol gera, segundo algumas estimações, entre 10 e 15 bilhões de dólares em receita, ou seja, entre 1 e 1,5% do PIB espanhol, e calcula que as receitas diretas e indiretas geradas unicamente pelo clássico se elevam a "várias centenas de milhões de euros".
Segundo recente estudo da empresa de consultoria Nielsen, o clássico de dezembro de 2016 no Camp Nou (1-1) rendeu 36 milhões de euros de exposição midiática para as diferentes marcas patrocinadoras dos dois clubes.
- Um horário para a Ásia -O horário escolhido de 13h00 em Madri -10h da manhã no horário de Brasília- para o pontapé do clássico tem como objetivo cativar os mercados asiáticos: serão 20h00 em Xangai, 19h00 em Jacarta e 17h30 em Nova Délhi.
"Queremos oferecer a nossos torcedores na Ásia a oportunidade de ver o duelo entre Real Madrid e Barcelona num horário adaptado a eles", declarou à AFP Joris Evers, diretor de comunicação mundial da Liga espanhola (LaLiga), antes de completar que "também queremos ganhar novos torcedores".
Em termos de arrecadação com venda de direitos de transmissão, a zona Ásia-Oceania rendeu à LaLiga uma receita de 122 milhões de euros em 2016-2017, valor muito inferior em relação à Espanha (911 milhões de euros), América (212 milhões) e Europa (148 milhões).
Mas os desafios crescem ainda mais quando se trata de marketing, admite Gay de Liébana.
"A China e outros países emergentes têm classes médias que cada vez têm mais poder aquisitivo, por consequência estão em condições de gastar mais. E, através do futebol, vão entrando uma série de marcas", explica.
- Duelo de titãs Liga-Premier -O outro objetivo é relacionado à competição entre campeonatos: atualmente, a Premier League inglesa domina o mercado dos direitos de transmissão com cerca de 3,3 bilhões de euros em receitas a cada temporada, contra 1,6 bilhão da LaLiga.
O risco para a Espanha é ficar para trás financeiramente e ver suas estrelas indo embora. Daí surgiu a necessidade de rivalizar no estrangeiro, com a abertura de escritórios próprios em Cingapura, Pequim e Nova York.
Nesta linha, o primeiro Barça-Real da temporada aconteceu em final de julho... nos Estados Unidos (3-2), um amistoso de pré-temporada com cara de ação comercial, à espera de poder realizar algumas partidas do Campeonato Espanhol no estrangeiro a partir da próxima temporada, como propôs o entusiasta presidente da LaLiga, Javier Tebas.
"A Ásia é um mercado muito importante para o Barça", reconheceu recentemente Josep Maria Bartomeu, presidente do Barcelona, cujo patrocinador master é a empresa japonesa Rakuten. Atlético de Madrid, Valencia e Espanyol possuem acionistas asiáticos.
- Dilema para a torcida -Mas como fica a situação dos torcedores espanhóis com um pontapé inicial marcado para 13h00, num país que culturalmente começa a pensar no almoço a partir de 14h00?
Esta mudança de horário foi recebida com críticas na LaLiga, como explicou Javier Tebas durante coletiva de imprensa em Cannes, no meio do ano.
"Foi uma revolução na Espanha, todo mundo queria me matar, desde os torcedores das Ilhas Canárias aos de Bilbao, passando pela direção do Real Madrid, todos", lembrou.
No fim, a mudança nos horários se deveu principalmente ao fato de que não se pode rivalizar com a televisão, devido aos lugares limitados dentro do estádio.
Apesar do interesse na Ásia e em seus bilhões de habitantes e potencias consumidores, Gay de Liébana ressalta a importância de dar-se um foco maior ao rico mercado norte-americano e sua ampla comunicada hispana.
"Não se pode esquecer, na minha opinião, da América. A LaLiga saberá o que está fazendo se jogar a partida às 13h00, me parece ótimo, mas eu também faria questão que o horário encaixasse com a América", concluiu.
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