Medalhista olímpica, Alessandra pede atenção com saúde mental desde cedo

Entrevistada no Destino: Paris desta terça-feira (26), no COB Expo de 2023, Alessandra Oliveira, que fez história pela seleção brasileira feminina de basquete, falou sobre os desafios de comandar uma juventude feminina na modalidade e alertou para a saúde mental destes atletas mirins em formação.

A questão das mídias sociais veio ao nosso favor, mas também está sendo a nossa vilã. O brasileiro tem essa mania de querer resultados imediatos. Então eles, com 10, 11 anos, olham o movimento (nas redes), só que ainda não sabem arremessar direito, porque não têm força nos membros superiores. Você tem que explicar para essas crianças. Muitas vezes elas ficam frustradas, principalmente por verem a informação muito rápida na internet. A psicologia do esporte precisa começar desde o sub-7.
Alessandra Oliveira

Eu tento me colocar no lugar deles. Muitas vezes eu erro propositalmente, para eles verem que errar faz parte da evolução. Eles estão na escola para ter essa margem. A saúde mental deve ser pensada para os pequenos, porque quando chega nos 13, 14, 15 anos, a pressão começa a modificar. Você precisa mostrar resultado. Mas se tiver um trabalho anterior, quando a criança começou, eles estarão um pouco mais fortalecidos. A saúde mental tem que ser introduzida desde pequeno, para eles aprenderem que perder não é feio e não é errado.
Alessandra Oliveira

O que mais ela disse?

Alessandra explicou como está sendo sua transição de jogadora para técnica de basquete e como vem dando seus primeiros passos nesta função.

"Hoje, ainda estou em processo de aprendizado. Estou me tornando uma treinadora. Atualmente, estou liderando a equipe do Santos, que consiste em dezoito jogadoras. Fiquei empolgada com a oportunidade de trocar ideias com amigos de longa data. Encontrei muitas pessoas que não via há muito tempo devido à pandemia."

Transição: "O basquete sempre foi uma parte fundamental da minha vida, com toda a emoção de estar na quadra e a adrenalina do jogo. Tive que fazer uma escolha difícil, e é importante notar que essa transição não está ligada necessariamente à idade. A transição pode ser positiva ou negativa, dependendo das circunstâncias. Graças a Deus, a minha foi positiva, pois contei com o apoio de pessoas queridas."

Saída das quadras: "Eu joguei até 2019, então é uma outra mentalidade. Comecei a ser treinadora - mas ainda não sou, estou aprendendo, em plena transição - na seleção Mackenzie de basquete feminino. Foi um choque, porque ainda estava jogando. Veio a pandemia, eu estava fazendo a pós-graduação, quando a Regina me chamou para fazer mestrado. Eu dizia que era mula para isso, que ainda era uma atleta. Tem que gostar de ensinar. Independente se é sub-7 ou sub-20, eu gosto de treinar junto com elas."

Projeto de base: "Ontem, tive a oportunidade de moderar um painel com a Janete, que discutiu bastante sobre o instituto dela. Não podemos falar sobre o desenvolvimento do esporte sem mencionar a importância de introduzi-lo na vida das crianças desde a infância até a adolescência. Sabemos que nem todas essas crianças se tornarão atletas profissionais no futuro, mas ter contato com o esporte desde cedo faz uma grande diferença em suas vidas. (...) Quando fui convidada para fazer parte deste desafio, meu objetivo era promover e atrair jovens inexperientes. Não foi uma tarefa fácil. Muitos questionaram a qualidade do meu time e a suposta inexperiência das jogadoras."

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Novas tarefas: "Antes eu apenas recebia informações. Agora, tenho que transmiti-las para a próxima geração. Encontrar ferramentas para ser um bom treinador é um desafio constante, assim como foi quando eu era atleta."

Geração atual pode repetir feitos da antiga: "Os cenários mudam ao longo do tempo. Certamente seria uma grande conquista se eles conseguissem. Eu não me prendo à minha geração e nem comparo com a geração atual. Estou torcendo para que eles tenham sucesso, porque quanto mais forte o basquete feminino no Brasil, melhor para todos nós."

Laís Nunes e o desafio de popularizar do wrestling

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Representante brasileira na luta livre olímpica (conhecido como wrestling), Laís Nunes quer dar a volta por cima ao competir em seu segundo Pan e terceira Olimpíada da carreira. A goiana falou ao UOL sobre seu processo de preparação e como o esporte vem se desenvolvendo no país com a ajuda de atletas cubanas.

Estamos realizando uma sólida campanha de preparação, mas sabíamos que o classificatório seria muito forte, pois é a primeira etapa para as Olimpíadas. Sabemos que o esporte ainda está em desenvolvimento no Brasil. Ainda falta material humano, principalmente em alto desempenho, que precisamos para a seleção principal. O nível de competição lá fora é muito diferente do nosso, e receber uma seleção estrangeira nos ajuda a nos preparar melhor. Os treinamentos serão valiosos e nos deixarão mais bem preparados.
explicou Laís Nunes

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A gente achava que luta livre era judô. Foi muito engraçado porque eu só lembro que meu treinador na época falou: 'você tem que pegar nas pernas e derrubar'. Acabei entrando na sessão e estou aí, depois vim para São Paulo. Só que o projeto em uma cidade pequena (Barro Alto, em Goiás) é muito raro. Meu pai achava que era judô. Então, tinha uma certa dificuldade, mas eu acho que tudo mudou com o MMA, através do UFC, que popularizou muito.
Laís Nunes

A lutadora (wrestler) de 30 anos também elogiou o COB Expo e disse que o evento está servindo para inspirar várias pessoas envolvidas com esporte - desde crianças até atletas profissionais.

Fiquei feliz por ter a oportunidade de estar aqui e perceber a grandiosidade deste evento. Ele se torna uma vitrine para as crianças, para outras pessoas e até mesmo para nós, que estamos envolvidos no esporte, seja conhecendo ou não outras modalidades. Aqui temos a chance de aprender sobre diferentes esportes, o que, como atleta, às vezes, não temos a oportunidade de fazer. Isso é ótimo para divulgar esportes como o meu. Acredito que contribuirá para o esporte como um todo e para as pessoas em geral.
acrescentou Laís Nunes

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