Conheça os segredos da ginástica rítmica do Brasil, sexto lugar no Mundial

O bom desempenho no Mundial coroou a temporada histórica da ginástica rítmica brasileira. O conjunto se classificou para as Olimpíadas de Paris e, pela primeira vez na história, a vaga veio após o sexto lugar na competição realizada na Espanha e não por cota regional ou de dono da casa. Na final dos cinco arcos, as meninas ficaram com o quarto lugar e, por pouco, não levaram o bronze.

Bárbara Domingos, que vem conquistando feitos inéditos para o Brasil, também se classificou para os Jogos Olímpicos no individual geral e, mais uma vez, fez história, já que o país teve representantes na modalidade apenas em 1984, 1992 e 2016 (Olimpíadas do Rio).

Essas e outras conquistas deste ano ano colocam a ginástica rítmica brasileira entre as grandes potências e elevam seu patamar no mundo. Mas afinal, qual o segredo por trás desse avanço significativo? O UOL conversou com a técnica da equipe brasileira, Camila Ferezin, que destacou o trabalho a longo prazo que vem fazendo com as atletas para chegar ao momento atual.

Equipe de conjunto do Brasil da ginástica rítmica no Mundial em Valencia
Equipe de conjunto do Brasil da ginástica rítmica no Mundial em Valencia Imagem: Ricardo Bufolin/CBG

Camila começou na seleção em 2011, quando o Brasil estava em 26º lugar no ranking mundial. Ao longo dos anos, a treinadora — que também foi atleta — decidiu montar, com a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG), uma equipe interdisciplinar para trabalhar diariamente com as atletas.

"As nossas grandes referências são os países do leste europeu, e todas essas equipes têm um suporte com inúmeros profissionais. Eu fui buscando apoio de especialistas na Universidade Federal de Sergipe. O primeiro passo que conquistei na seleção foi uma professora de balé. Hoje, já temos cerca de 20 profissionais trabalhando exclusivamente pela ginástica rítmica brasileira", destacou Camila.

"Temos profissionais da psicologia, nutrição, médicos de esporte, fisioterapeutas, analistas de desempenho, entre outros. Toda essa equipe, que chamo de ciência do esporte, fez com que os resultados fossem aparecendo", acrescentou.

A CBG também fez um trabalho de parceria com os clubes espalhados pelo Brasil de capacitação de treinadores de ginástica, além de promover atividades de integração com a seleção de ginástica artística. "Compartilhamos o conhecimento sobre essa equipe interdisciplinar e promovemos reuniões semanais para que as entidades busquem o modelo da seleção", explicou Camila.

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O "ônus" de chegar ao patamar mais alto dos últimos anos é a pressão para manter os bons resultados e chegar com tudo nas Olimpíadas de Paris. E é aqui entra, além do trabalho técnico, o apoio dos psicólogos, segundo a técnica:

"Nós ficamos apreensivas no início desta temporada. Afinal, todos os outros países e até os europeus [que são os mais fortes] estão de olho no Brasil agora. É uma pressão a mais, e a psicóloga está trabalhando diariamente as emoções das meninas para aguentar essa tensão".

Equipe de conjunto do Brasil da ginástica rítmica no Mundial em Valencia
Equipe de conjunto do Brasil da ginástica rítmica no Mundial em Valencia Imagem: Ricardo Bufolin/CBG

A partir de agora, quando a seleção alcançou a tão sonhada meta de chegar à elite da modalidade, a ideia é se fortalecer. Camila se orgulha ao falar que atualmente o Brasil é visto pelas grandes seleções como um adversário difícil.

"É um trabalho de formiguinha, fomos formando o nosso time e hoje há um grupo muito grande de pessoas que trabalham pensando na ginástica rítmica e sonhando comigo. Eu paro para pensar, foram tantos anos falando em chegar ao topo e agora? Chegamos e agora a gente tem que manter. É uma nova fase do objetivo, mas estamos motivados e felizes, porque é uma realidade. O mundo todo, inclusive a Europa, está de olho no Brasil", concluiu Camila.

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