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Textor vira argumento para reclamações desenfreadas e volta ao STJD hoje

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

06/05/2024 04h00

Dono da SAF Botafogo, John Textor virou argumento nas frequentes reclamações de dirigentes e jogadores contra a arbitragem no futebol brasileiro. O cartola alvinegro, inclusive, será julgado nesta segunda-feira (6), no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), por não ter cumprido determinação da corte de apresentar provas para provar a suposta manipulação de partidas que afirma ter ocorrido em 2022 e 2023.

O que aconteceu

Dirigentes e jogadores têm feito citações diretas e indiretas às acusações de John Textor nas rodadas recentes do Brasileirão.

No fim de semana, aconteceu com Felipe Melo, zagueiro do Fluminense, e dois dirigentes do Flamengo, o vice de futebol Marcos Braz e o diretor Bruno Spindel.

O contexto no qual Textor é inserido nas falas é para sublinhar supostos erros dos árbitros, independentemente se há fundamento nas decisões do VAR ou não.

É como se jogadores, dirigentes e técnicos tivessem perdido ainda mais o "filtro" ao fazer ilações sobre a lisura do Brasileirão — embora no ano passado já tenha tido palmeirense falando que o "sistema" não queria que o time fosse campeão.

A menção a Textor ganhou volume após a presença do norte-americano na CPI da Manipulação de Jogos e Apostas, que tramita no Senado. A base das acusações é o comportamento dos jogadores em campo, avaliado em relatórios da empresa Good Game, que usa inteligência artificial.

Ao mesmo tempo, o cartola do Botafogo pode levar gancho pesado no julgamento desta segunda por não apresentar provas.

'Textor tem razão'

Felipe Melo, do Fluminense, questionou um amarelo que tomou de Raphael Claus contra o Atlético-MG: "Textor tem razão".

Felipe deu um carrinho sem freio e tirou a bola de um jogador atleticano em um primeiro momento. Depois, manteve o pé alto e atingiu um segundo atleta, o volante Otávio. Aí, levou cartão.

Em relação a Claus, a alfinetada de Felipe se dá porque o juiz foi citado nominalmente por Textor. O dirigente contesta a atuação do árbitro no Flamengo x Botafogo de 2023, mas não tem provas contra ele.

'Quem grita mais é beneficiado?'

Textor também foi citados por cartolas do rival Flamengo. Marcos Braz, vice de futebol, até impediu que o técnico Tite desse coletiva após o empate por 1 a 1 com o Red Bull Bragantino.

"É uma vergonha o que está acontecendo. Quero entender o seguinte: é quem bate mais forte na mesa, quem briga mais que está levando? É (para) isso que a CBF tá se ajoelhando? É quem dá porrada na mesa, quem bate, quem faz inalações (sic) perigosíssimas? A gente tem que ver como vai fazer, porque o campeonato não vai acabar bem", disse Braz.

A referência ao dono da SAF Botafogo entrou também numa fala do diretor de futebol do Flamengo, Bruno Spindel:

O presidente de um clube diz que tem fraude, o outro diz que tem assalto? E jogo após jogo os árbitros, acuados, vão prejudicando o Flamengo. É um absurdo. (...) Como os árbitros vão trabalhar? Só vão errar contra o Flamengo, e quem grita mais é beneficiado. Teremos que dizer que tem roubo, manipulação ou ordem de cima? A gente vai ter que falar isso para começarem a respeitar o Flamengo?

O zagueiro do Vitória, Wagner Leonardo, foi expulso com seis minutos de jogo diante do São Paulo depois de o VAR flagrar uma cotovelada dele em Calleri.

Não satisfeito, ele voltou ao gramado no início do intervalo para dar entrevista — isso não é permitido a quem leva vermelho. Embora a imagem tenha mostrado o movimento, o zagueiro acusou a arbitragem.

"Estou aqui para falar sobre a minha insatisfação e chateação com a arbitragem brasileira. Acaba nos prejudicando. A gente tem um trabalho lindo dentro de campo, só que por forças maiores a gente consegue demonstrar dentro de campo porque a gente não sabe o que está acontecendo dentro do Brasil", disse ele.

O que pode acontecer no STJD

Como John Textor não apresentou provas de manipulação ao STJD quando o tribunal pediu, pode ser punido com suspensão e multa.

Atualmente, ele já cumpre um gancho de 45 dias, mas por outro episódio, no qual acusou corrupção depois da virada do Palmeiras sobre o Botafogo, ano passado.

Textor será julgado na 1ª Comissão Disciplinar, com base nos artigos 220-A (deixar de colaborar com os órgãos da Justiça Desportiva) e 223 (deixar de cumprir decisão da Justiça Desportiva). Esses dispositivos estão no Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD).

Nos jogos citados por Textor, o beneficiado, supostamente, é sempre o Palmeiras. Textor ainda disse que jogadores do São Paulo agiram para manipular o jogo contra os palmeirenses.

Isso gerou contra-ataque da presidente do Palmeiras, Leila Pereira, e nota oficial do São Paulo.

No julgamento desta segunda, Textor pode ser punido com até 360 dias de suspensão, por exemplo, além de multa.

Associação de árbitros tenta se defender

A Associação Brasileira de Árbitros de Futebol (Abrafut) tem recorrido a notas oficiais e notícias de infração no STJD para tentar defender os árbitros das acusações.

Em um dos trechos, a Abrafut diz que vê "um cenário casa vez mais injusto contra a arbitragem". Ela acrescenta que "os árbitros estão sendo usados como nuvem de fumaça para cobrir a responsabilidade dos times pelos erros de seus jogadores. Na finalidade de colocá-los como vítimas, acusam e responsabilizam a arbitragem".

A Abrafut acrescentou que "vai ser impossível termos um futebol de qualidade tanto para os membros que trabalham nessa modalidade, quanto para os torcedores e espectadores se todas as insatisfações forem justificadas pela injusta desconfiança, descrença, suspeita e incredulidade em cima do trabalho da arbitragem".

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