Parecidos? Onde ideias de Diniz e Guardiola se encontram e se desencontram

A final do Mundial entre Fluminense e Manchester City reserva um esperado duelo à beira do gramado: Fernando Diniz e o Dinizismo, contra Pep Guardiola e o tikI-taka. Mas onde o estilo dos dois treinadores se encontra e em quais pontos divergem? Uma primeira dica vem do goleiro Ederson, que trabalha com Guardiola no City e com Diniz na seleção.

Creio que vai ser um confronto de paciência. São duas equipes que gostam de manter a posse de bola, mas diferentes. Uma tem mais a rotação da bola e outra mais a de jogadores

Ederson

O UOL conversou com colunistas para entender as diferenças e semelhanças dos dois treinadores.

O que eles disseram?

"Guardiola e Diniz têm os mesmo fins e meios totalmente opostos, para chegar a eles. A finalidade é o gol, o jogo ofensivo. Guardiola é a árvore genealógica de Cruyff. Jogo posicional. Tem princípios como largura, apoio e profundidade. No jogo posicional, a bola vai ao jogador. Os princípios de apoio e largura servem para balançar a defesa adversária e abrir os espaços por onde a bola vai entrar. Usar meias entre as linhas e muita pressão para recuperar a posse com o rival mal posicionado fazem parte desse cardápio. A pressão também é parte do jogo aposicional, definido assim pelo Diniz. Mas com o técnico brasileiro, o jogador vai à bola e não o contrário. Daí ele dar largura ao campo com Arias e Keno, Marcelo e Samuel e, de repente, esses jogadores saírem de um lado ao outro do campo".

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Pep Guardiola comanda o Manchester City contra o Urawa Reds no Mundial de Clubes
Pep Guardiola comanda o Manchester City contra o Urawa Reds no Mundial de Clubes Imagem: Marcio Machado//Eurasia Sport Images/Getty Images

"Pep Guardiola e Fernando Diniz são unidos por uma profunda paixão pelo que fazem, e isso se reflete na forma como trabalham: tentam encontrar caminhos pouco explorados, tirar vantagem de fatores que outros não enxergam, transformar detalhes em agentes de mudança. Com os times em campo, também há semelhanças. A maior delas é valorizar a bola: sair jogando desde os primeiros metros, tentando encontrar espaços para superar a primeira pressão do adversário e avançar em superioridade. A partir daí, as diferenças ficam mais evidentes: os times de Guardiola fazem isso e mantêm a posse pelo tempo que for necessário; os de Diniz aceleram o jogo, são mais verticais e, por isso, acabam mais expostos. Guardiola "loteia" o campo em zonas nas quais cada jogador precisa estar, com a ideia de que o jogador com a bola sempre tenha duas boas opções de passe. Diniz prefere dar aos jogadores uma liberdade e tenta criar ainda mais opções. Em contrapartida, dá mais espaços para o adversário. Guardiola é o maestro de uma orquestra. Diniz é o líder de uma banda de rock. Quando as duas coisas se unem, o espetáculo sai ganhando".

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Fernando Diniz, técnico do Fluminense, durante jogo contra o Al Ahly
Fernando Diniz, técnico do Fluminense, durante jogo contra o Al Ahly Imagem: Lars Baron - FIFA/FIFA via Getty Images

E os protagonistas?

Por gostar de ter a bola, obviamente as pessoas me associam ao jeito do Guardiola jogar, mas para por aí. Porque a maneira dele ter a bola é quase o oposto da minha. (O de Guardiola) É um jogo mais posicional. Os jogadores respeitam muito a posição e a bola vai no espaço. Eles obedecem um determinado espaço para ficar e se movimentar dentro dele. O jeito que eu vejo futebol nesse momento é quase que aposicional

Fernando Diniz, em entrevista ao Sportv

Está muito bem o Fernando Diniz, é o futebol brasileiro de muito tempo. Sempre lembro do meu pai, me dizia que os brasileiros jogam de forma bem lenta, todos juntos com a bola, passes curtos e, de repente, no último momento, arrancam rapidamente. E parece que é a essência

Guardiola

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