Rivais históricos no Pará, Remo e Paysandu possuem a menor distância entre estádios de clubes rivais no Brasil e a segunda menor em todo o mundo.
Quase vizinhos
O UOL foi até a Avenida Almirante Barroso em Belém e percorreu a distância de 200 metros em linha reta entre o Baenão, estádio do Remo, e a Curuzu, o reduto do Paysandu.
Numa quarta-feira à tarde, os estádios estavam às moscas. Na casa remista, apenas um funcionário do estacionamento. No Bicolor, nem isso. O Papão havia viajado para enfrentar o Amazonas, pela Série C.
O Paysandu tem um bar temático à frente da Curuzu. Os remistas costumam comer em uma feira que fica atrás do Baenão. Esses lugares têm pouco público em dias sem jogos.
A reportagem, inclusive, foi alertada por um motorista de aplicativo sobre a violência no local. "Não dá mosca com esse celular". Esse deserto está longe do cenário de jogos entre os maiores times de Belém, que ocorrem no Mangueirão. Enquanto o Mangueirão esteve em reforma, o Paysandu jogava na Caruzu e o Remo no Baenão, ambos com público apenas mandante.
"Aqui fica vazio geralmente, mas quando tem Re-Pa é um inferno. A cidade para completamente", disse José Hamilton, guarda do Remo. Apesar dos jogos geralmente serem no Mangueirão, a 10 km, as torcidas costumam fazer um "esquenta" na Almirante Barroso, onde também ficam as organizadas.
A distância de 200 metros só é maior que os 100 metros que separam os rivais Dundee FC e Dundee United na Escócia.
Até os anos 60, os jogadores do Remo e Paysandu se arrumavam nos seus estádios e iam andando para o campo rival. Com o aumento da rivalidade e da violência, isso não foi mais possível e um ônibus é alugado para percorrer esses 200 metros.
Atualmente, a dupla geralmente disputa seus jogos "normais" no Baenão e na Curuzu. Os Re-Pas ocorrem preferencialmente no Mangueirão, estádio que foi completamente reformado, agora comporta 50 mil torcedores e recebeu Brasil x Bolívia.
Empate técnico
A rivalidade é enorme no Re-Pa, mas os próprios fanáticos por Remo e Paysandu têm dificuldade para dizer qual é a maior torcida.
Na pesquisa Datafolha 2023, o Remo apareceu à frente do Paysandu entre as maiores torcidas da região Norte. O Remo teve 5% (867 mil) contra 4% (693 mil) do Paysandu. O Flamengo lidera com 38%.
Essa pesquisa fez a torcida do Remo zoar quem torce para o Paysandu, mas o UOL ouviu de várias pessoas que há um "empate técnico".
"É muito difícil dizer. A pesquisa depende muito do local onde os torcedores forem ouvidos. Há vários redutos de ambos os clubes. Acho que é justo falar do empate técnico. E é importante dizer que aqui as pessoas têm um segundo time, geralmente em São Paulo ou Rio de Janeiro, mas o coração bate mais forte por Paysandu ou Remo", falou Matheus Raymundo, comentarista do UOL e do Nosso Futebol.
O primeiro dos 770 Re-Pas disputados foi em 1914. A rivalidade começou em 1915, quando as diretorias dos clubes se desentenderam sobre a bilheteria de um clássico. O Remo emitiu um ofício acabando com a relação amistosa das equipes. E lá se vão mais de 100 anos da história como inimigos íntimos.
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