Scarpa torna-se o jogador mais decisivo do Palmeiras em ano de 'Last Dance'
Diego Iwata Lima
Do UOL, em São Paulo
04/08/2022 04h00
Gustavo Scarpa nem entrou em campo nos dois duelos contra o Atlético-MG da semifinal da Libertadores de 2021. Onze meses depois, mesmo sem balançar as redes, foi o grande responsável pelo empate obtido pelo Palmeiras por 2 a 2 contra o mesmo Galo, agora pelas quartas do torneio continental.
Para além da falta cobrada por ele na junção de trave e travessão, cujo rebote gerou o gol de Murilo, e do escanteio que originou o gol de empate, anotado por Danilo, Scarpa já vinha sendo um oásis de qualidade em meio a um Palmeiras que não conseguia nem se defender bem, nem (contra-)atacar com um mínimo de lucidez no duelo de ontem, no Mineirão.
Tem se tornado repetitivo, ao fim dos jogos, vê-lo sendo apontado como melhor em campo no ano que marca sua temporada de "Last Dance" (Última Dança) no Palmeiras.
Assim como o técnico Phil Jackson e o astro Michael Jordan, que desfizeram a dupla vencedora após uma temporada vitoriosa na NBA ,em 1997/98. pelo Chicago Bulls, Scarpa parece imbuído do desejo de se despedir do clube em alto estilo e com algum troféu a mais na prateleira. "Last Dance" foi o nome do material de início de temporada entregue por Jackson aos atletas na ocasião, e também batizou o documentário exibido no Brasil pela Netflix contando a saga.
No ano que vem, o camisa 14 do Alviverde será jogador do tradicional, mas apenas médio, Nottingham Forest (ING), da Premier League. O vínculo com o Verdão se encerra em 31 dezembro deste ano.
Neste ano, porém, ele é o segundo jogador que mais contribuiu para gols do time (22 ao todo), com nove bolas nas redes e 13 assistências — só não se tornaram 14 porque Dudu perdeu gol cara a cara com o goleiro Everson, após passe de Scarpa contra o Atlétco.
Raphael Veiga lidera o quesito com 23, mas leva a vantagem de ser o cobrador de pênaltis oficial do time. Scarpa cobrou apenas dois e os converteu.
Também é importante relembrar alguns gols do Palmeiras se originam de cruzamentos de Scarpa desviados em jogadas ensaiadas. Não computam assistência para o jogador, mas não aconteceriam sem ele.
Boa fase vem de antes de lesão de Veiga
Existe a percepção de que Scarpa se tornou decisivo com a lesão de Veiga, que ficou afastado dos gramados por 20 dias — foram cinco jogos como baixa. Mas isso não é verdade. Scarpa vinha fazendo diferença quando o camisa 23 ainda não tinha sido compulsoriamente afastado da equipe.
Foi assim no inesperadamente complicado duelo de ida da Copa do Brasil, contra a Juazeirense, em Barueri, em 30 de abril. No 4 a 1 sobre o Táchira (VEN), pela Libertadores, ele fez três gols, em 24 de maio.
De acordo com o Sofascore, Scarpa é o melhor brasileiro e quarto melhor jogador da Libertadores, com nota 7,8.
Já no Brasileiro, ele lidera com 7,62 de nota. É o segundo em número de assistências, com seis — Arrascaeta tem sete. Com média de 3,6 por jogo, é quem mais cria chances de gol para os companheiros no torneio. E com 3,5 por partida, só perde para Hulk (3,6) em número de chutes a gol/partida.